Passione pela Vila
Quando o assunto é a Vila Mariana, Aracy Balabanian e Tony Ramos deixam de lado o roteiro da novela e voltam ao passado: brincadeiras de rua, turma da escola e saudosos tempos de vida com a família. Já Mariana Ximenes nasceu no bairro e sempre retorna para rever os pais, tios e a avó Dorotéia. A seguir, as mais puras lembranças; caminhos pelo pedaço da Vila que resgatamos para comemorar nossa centésima edição!
O que Aracy Balabanian, Tony Ramos e Mariana Ximenes têm em comum? A primeira resposta seria a profissão, depois, o trabalho dos três na novela “Passione”, que faz sonhar sessenta milhões de telespectadores, de segunda a sábado. Mas, eles sabem que maiores do que o sucesso dos seus personagens, Gemma, Totó e Clara, são suas memórias, que não são decoradas e nunca se apagam.
Para saber dessa história, conseguimos entrevistas exclusivas com Aracy Balabanian e Tony Ramos. Este, ao receber nosso e-mail, ligou para a redação e falou emocionado sobre seu tempo de Vila Mariana – um presentão de aniversário do jornal para nossos leitores!
Infelizmente, não deu para entrevistar Mariana Ximenes, segundo sua assessoria, devido à agenda atribulada. Mas sua avó Dorotéia (veja matéria na seção Umas e Outras, pág. 10), além de nos ceder foto da neta, com apenas 2 anos, abriu as portas de sua casa e falou sobre sua família que mora até hoje no bairro (e confessou ser leitora assídua do Pedaço da Vila!).
Aracy Balabanian é filha de imigrantes armênios, Raphael e Esther, que chegaram ao Brasil em fuga, devido ao genocídio perpetrado pelos turcos em seu país (1915 a 1917). “Ambos ficaram viúvos no Brasil; meu pai com quatro filhas e um filho, e minha mãe com um filho. Eles se conheceram por meio da comunidade armênia do Mato Grosso do Sul. “Do seu casamento, eu nasci, em Campo Grande”, conta a atriz.
Na década de 50, o pai resolveu mudar-se para São Paulo, para que os filhos tivessem melhores colégios e faculdades: “Ele escolheu a Vila Mariana, porque lá encontrou um terreno onde pode construir um prédio para morarmos, na rua Eça de Queiroz”.
Aracy estudou no Colégio Bandeirantes. “Lembro que o pouco movimento de carros, na época, nos deixava colocar redes de vôlei na rua e, principalmente, que, no fim da rua Estela, havia várias chácaras onde se plantavam crisântemos, onde hoje é a 23 de Maio.”Ela confessa que, quando fala da Vila Mariana, tem muitas saudades: “Sinto falta, além dos meus pais, dos meus tempos de colégio”.
Tony Ramos nasceu em Araponga, Paraná. Veio para São Paulo após o segundo casamento da mãe, Maria Antônia, com Salvador Beatrice. “Minha mãe era desquitada, desde a minha mais tenra idade. Casou-se e foi para São Paulo, morar no Brás. Quando estava com 13 anos para 14 anos, ela, professora do estado, escolheu uma cadeira na Escola Maestro Fabiano Losano, e meu padastro, que sempre chamei de pai, foi ser diretor do Grupo Escolar Marechal Floriano.”
A família alugou, em 1964, um apartamento na rua Pelotas: “Nessa época, comecei a trabalhar. Pegava três conduções para ir da Vila Mariana até a TV Tupi”. E revela: “Passei a adolescência trabalhando, naquela época era permitido e tinha até um documento, tipo uma carteira de trabalho, para os menores de idade que só podiam ser empregados se estivessem na escola”.
Tony Ramos confessa que, embora tenha morado apenas de 1964 a 1968 na Vila Mariana, essa passagem foi muito marcante em sua vida: “Foi onde conheci minha esposa, durante uma festa da Escola Estadual Brasílio Machado. Lidiane também morava no bairro, estudava na escola de manhã e eu, à noite. A casa dela, que ficava na esquina da rua Afonso Celso com a Loefgreen, hoje não existe mais … “, lembra o ator, saudosista, fazendo questão de destacar que neste ano comemora 41 anos de casado.
Já a relação de Mariana Ximenes com a Vila Mariana continua firme e forte. Grande parte de sua família mora no pedaço, os pais e a avó Dorotéia vivem na Travessa Humberto I, os tios por parte de pai e alguns primos também moram por perto: “Só o meu filho mais novo mora no Paraíso”, diz dona Dorotéia, que reúne a família sempre em sua casa. “Mariana cresceu brincando na rua com uma amiguinha que morava em frente de sua casa”, conta a avó. E, sempre que pode, está de volta ao pedaço para visitar a família.
Edição 100 – Nov/2010