Marçal Aquino

O jornalista, escritor e roteirista, que há 25 anos mora no pedaço, fala sobre os vários projetos em andamento, como “Força-Tarefa”, um seriado da TV Globo que estreia dia 16 deste mês e que mostra toda a experiência que adquiriu quando era repórter policial do Estadão. Informa sobre sua viagem a Portugal, no mesmo dia, para lançar seu livro “Cabeça a prêmio” e alegra-se com o prêmio Shell de Teatro de Melhor Dramaturgo, que acaba de ganhar

Pedaço da Vila: Conte sobre sua trajetória de Amparo até a Vila Mariana.

Marçal Aquino: Comecei a escrever por volta dos 15 anos. E cismei de ser escritor. Como literatura não é profissão, decidi trabalhar como jornalista. Daí foi natural que eu viesse para São Paulo. E fiz um pouco de tudo na vida, fui até funcionário público por um período. Trabalhei na imprensa até 1990, quando deixei o Jornal da Tarde. Daí, passei a sobreviver como redator free-lancer, o que acontece até hoje. Vivo do que escrevo, seja um texto para um jornal ou um roteiro de cinema ou, agora, televisão.

P.daVila: Qual sua relação com o bairro? O que ele tem de melhor e o que falta?

M.A.: Moro na Vila Mariana há quase 25 anos. Adoro, tento não sair do bairro. O que me atraiu no começo foi aquele ar de bairro interiorano, com casas absolutamente encantadoras. Sem falar dos personagens que a gente encontra todos os dias pelas ruas – sou um andarilho, adoro circular e ver gentes e coisas. Não sei o que falta à Vila Mariana, mas uma coisa dá pra constatar: a inevitável ocupação pelos prédios já destruiu boa parte daquele bairro que conheci quando passei a morar na Vila Mariana. Pena.

P.daVila: Você diz que sua obra literária é motivada pelo cotidiano: a rua, um gesto, um olhar, uma forma de falar… Então a Vila Mariana é uma de suas fontes de inspiração?

M.A.: Sim, a Vila Mariana é fonte constante de inspiração para minha literatura. Como disse, gosto de circular pelo bairro, olhando e ouvindo. Contei outro dia na Folha de S. Paulo a história de um bar que eu frequentava nos anos 80 e que nunca fechava. Ali era um celeiro de personagens da pequena marginália.

P.daVila: Ele ainda existe? Onde fica?

M.A.: O bar deixou de existir porque foi destruído pela explosão de um botijão de gás. Hoje, existe um estacionamento no lugar.

P.daVila: Quando você escreve, já tem a história pronta na cabeça ou ela se desenvolve no decorrer do trabalho? Isso acontece também com roteiros de cinema?

M.A.: Em literatura, o importante para mim é saber apenas um pedaço da história e ir descobrindo o resto, à medida em que escrevo. É o grande barato da coisa. Roteiro é diferente. O ideal é que tudo esteja predefinido antes da escrita – personagens, enredo etc. A escrita de um roteiro, até por uma questão de ritmo, exige um controle total do que se está contando. Existem descobertas ao longo da criação, é claro, mas em menor número do que na literatura, que é uma espécie de território do espanto, ao menos para mim.

P.daVila: Como é adaptar um livro seu para a linguagem cinematográfica?

M.A.: A adaptação dos meus próprios textos é bem tranquila. Até porque a decisão de adaptar é sempre de um cineasta, que vai me dizer que filme “viu” naquele livro. Então meu trabalho é botar no papel as condições para que ele realize aquilo. Tenho total desprendimento em relação à história e aos personagens. O que vai ser criado não é mais o livro, é outra coisa, outra linguagem.

P.daVila: Você é roteirista dos filmes do Beto Brant. Como surgiu a parceria?

M.A.: O Beto me procurou em 1991. Queria fazer um curta a partir de um conto chamado “Onze jantares”, que está publicado no livro “As fomes de setembro”. A gente fez boa amizade. Estabelecemos um diálogo sobre cinema, literatura e vida. É assim até hoje. O curta não saiu, mas, na sequência, o Beto me perguntou sobre alguma história para seu primeiro longa. Mostrei a ele um texto chamado “Matadores”, uma coisa que eu pensava em escrever como novela, mas que abandonei. Então ele chamou o Fernando Bonassi e o Victor Navas para desenvolvimento do roteiro. Mais tarde, entrei no processo, porque o Beto não tinha ficado inteiramente satisfeito com o roteiro. Então falei para ele sobre coisas que teria colocado no texto, se tivesse levado a novela até o fim. Ele então me convidou a retrabalhar o roteiro com ele. Foi assim que tudo começou – estamos hoje no sexto longa em parceria.

P.daVila: Você é considerado um dos grandes escritores brasileiro da literatura policial. Por que escolheu esse gênero?

M.A.: Acho o gênero policial tão legítimo quanto qualquer outro, embora não tenha fixação especial por ele.  Gosto de contar histórias, algumas têm levada policial – acho que por influência dos meus tempos como repórter policial. Ter contato com esse universo foi muito importante para a minha ficção.  Então sempre volto a esse mundo e a esses personagens. Acho que são personagens complexos, meio desesperados, que sempre rendem boas narrativas.

P.daVila: Este mês estreia Serviço Reservado nova série policial que será transmitida pela TV Globo às quintas-feiras. Fale sobre esse projeto: o início, o processo de criação de cada capítulo….

M.A.: O seriado chama-se, na verdade, “Força-Tarefa”. Estreia no próximo dia 16. Conta a história de um grupo de policiais da corregedoria, que se dedicam a resolver crimes que envolvem policiais. É a “polícia da polícia”. Sob a direção do José Alvarenga Jr., o elenco tem Murilo Benício, Milton Gonçalves, Hermila Guedes, Fabíula Nascimento, Juliano Cazarré e outros. A história é a seguinte: em maio do ano passado, a Globo convidou a mim e ao Fernando Bonassi para criar um seriado policial, urbano e que se passasse no Rio. Lembrei de um tema que sempre me interessou, desde meus tempos de repórter: o serviço de inteligência da polícia, que já foi chamado de Serviço Reservado. Propus o tema ao Bonassi e começamos a criar as histórias.Não tenho muito mais a dizer sobre o seriado. Isso porque não vimos ainda nada além de um ‘promo’ de 2 minutos.

P.daVila: O tempo anda muito corrido?Na verdade, neste momento estou com muito pouco tempo livre. O seriado tem exigido concentração total de mim e do Bonassi. Vinha tocando uma novela em paralelo, mas ficou impossível conciliar com a criação do seriado. Mas tenho como projeto terminar esse livro e publicá-lo no final deste ano. E viajo pra Portugal no dia 16. Vou lançar o livro “Cabeça a prêmio” lá, numa feira no Porto. Livro que, por sinal, virou filme que estreia neste ano. A direção é do Marco Ricca. No elenco, Alice Braga, Du Moscovis, Fulvio Stefanini, Cássio Gabus Mendes, Octávio Müller e Daniel Hendler.

P.daVila: O sr. acaba de receber o prêmio Schell. Foi uma surpresa?

M.A.: Digo que estou muito feliz por ter recebido, logo na minha primeira incursão no universo teatral, o Prêmio Shell de Melhor Dramaturgo pela peça “Amor de servidão”, escrita em parceria com a Marília Toledo. Foi uma experiência maravilhosa escrever essa peça, que nasceu de uma história secundária que está no meu livro “Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios”. Essa curiosidade também merece registro: é um livro que vai dar origem a um filme – que o Beto Brant dirige no final do ano -, já deu uma peça e, de quebra, uma minissérie com um dos personagens – “O amor segundo B.Schianberg” – que o Beto Brant dirigiu e irá ao ar na TV Cultura neste ano.

Edição 82 – Abr/2009

74 comentários sobre “Marçal Aquino

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