Novo Patrimônio do bairro: Instituto Geológico

Um dos mais antigos centros de pesquisa científica do Estado, o Instituto Geológico originou-se da “Comissão Geográphica e Geológica da Província de São Paulo (CGG)”, criada em 1886, com o objetivo de planejar e executar estudos e pesquisas para orientar a ocupação do território paulista. Prestes a completar seu primeiro ano no bairro, o Pedaço da Vila visitou suas instalações para mostrar o trabalho realizado pelo mais novo patrimônio da Vila Mariana!

Em agosto de 2013, o Instituto Geológico (IG) do Estado de São Paulo, órgão vinculado à Secretaria do Meio do Meio Ambiente, foi pego de surpresa com a notícia de que seria obrigado a desocupar a sua sede, na Avenida Miguel Stéfano, no bairro da Água Funda, Zona Sul da capital, onde estava instalado desde a década de 1970.  O Instituto recebeu o prazo de 180 dias para deixar a área por conta das obras de ampliação do centro de exposições Imigrantes, que prevê a construção de lojas e um hotel no local.

“Não queríamos deixar aquela área, pois já tínhamos projetos de ampliação. Quando fomos notificados, nosso requisito básico para sair de lá era o de que não poderíamos ficar num escritório, pois precisávamos de um local adequado para abrigar os nossos laboratórios e que servisse aos trabalhos realizados pelo Instituto”, revela o diretor, Ricardo Vedovello, pesquisador do órgão há mais de 20 anos.

Depois de visitar vários locais que não serviram para abrigar o IG, e ainda sob a tensão dos dias se esgotando, eis que surgiu um local, na Rua Joaquim Távora, n.º 822. “De imediato achamos que esse espaço tinha a cara do Instituto Geológico, pois é amplo e mais próximo do centro”, diz Vedovello, referindo-se ao complexo de três prédios, de três andares, que abrigou por muitos anos o Laboratório Clímax.

Como a transferência foi realizada às pressas, a nova sede no pedaço ainda não está adequada para receber os laboratórios e abrigar as coleções pertencentes ao acervo do Instituto. “Tivemos que mudar às pressas e a estratégia foi adaptar um dos três prédios, o menor, para que pudéssemos ocupá-lo de modo preliminar em setembro do ano passado. Paralelamente estamos desenvolvendo projetos para criar as condições mais adequadas para o pleno funcionamento do IG. Tudo indica que até o começo de 2016 estejamos com esse bloco atendendo aos padrões necessitados”, explica o diretor.

Nessa transição, os trabalhos de alguns laboratórios foram interrompidos temporariamente. Muitas obras que integram o acervo do IG foram acomodadas em outros espaços; a coleção paleontológica, composta por mais de 6 mil amostras fósseis de animais e plantas, foi transferida para o Parque CienTec, vinculado à pró-reitoria de Cultura e Extensão da Universidade de São Paulo, e está exposta para visitação. 

Um projeto maior, contemplando todo o complexo, uma área de 5.300m², está sendo realizado para criar as condições para abrigar todos os laboratórios e acervos do Instituto, mas sem data definitiva para ficar pronto. “O desejo de todos é que o IG esteja devidamente instalado e em plena atividade até 2018”, acredita o diretor.

Com uma bagagem de mais de um século de atuação, o IG realiza pesquisas estratégicas para fornecer subsídios técnicos e científicos à gestão ambiental do Estado, entre eles levantamentos básicos em geociência e estudos voltados à adequação da ocupação dos espaços territoriais, assim como a utilização sustentável dos recursos minerais e hídricos subterrâneos, de modo que possibilite o seu uso racional e a conservação dos recursos naturais. Hoje o IG conta com 100 funcionários.

Ricardo Vedovello explica que os trabalhos realizados pelo Instituto se baseiam em duas etapas centrais. “A primeira se dá no campo, com a coleta do material, para depois acontecerem as análises, em nossos laboratórios. Quando precisamos estudar, por exemplo, áreas de riscos, as equipes se deslocam até o local; aqui é a nossa base de trabalho, mas o ambiente de desenvolvimento é o campo.”

Na nova sede, Ricardo pretende colocar em prática uma medida que considera importante para o órgão: aproximá-lo cada vez mais da população. “Estávamos em uma área afastada. Agora, com a sede mais próxima do centro, queremos desenvolver um projeto que possibilitará maior interação entre os trabalhos aqui realizados e o público.”

O desejo é criar um espaço para oferecer palestras com os pesquisadores e espaços de pesquisas e leituras. “Além do processo de digitalização do acervo para consulta online”, revela.

Além dos laboratórios de Análises Geológicas, Litoteca, Paleontológico, Geoprocessamento, pretende-se instalar no espaço um novo laboratório dedicado à situação de risco, já que o IG realiza um intenso trabalho de monitoramento de áreas desse tipo. Em conjunto com a defesa civil do estado, colabora com a Operação Verão. “Do dia 1.o de dezembro ao dia 1.o de março, monitoramos áreas de riscos para evitar mortes.”

A Vila Mariana recebeu o mais novo patrimônio do pedaço de braços abertos. “Tão logo começamos a fazer a mudança, a trazer os materiais, ficamos surpresos com a recepção dos moradores, que paravam para nos perguntar o que estava sendo instalado nesse prédio. Isso nos deixou muito animados, pois a recepção dos vizinhos foi calorosa. Os funcionários do IG adoraram o bairro; muitos deles, inclusive, pretendem se mudar para cá. Estamos muito felizes na Vila Mariana!”

Núcleos de Atuação:

Geologia Geral: Sob a direção do pesquisador José Maria Azevedo Sobrinho, desenvolve pesquisas sobre a gênese e evolução de unidades geológicas. O núcleo também é responsável por catalogar, organizar e preservar o acervo de amostras geológicas de superfície e de subsuperfície de minerais, rochas e coleções didáticas de lâminas de rochas e minerais.

Recursos Minerais: Estudos direcionados à caracterização e à definição de modelos genéticos de minerais, como impactos ambientais de atividades extrativas, modelo de recuperação de áreas degradadas pela mineração, entre outros.

Geomorfologia: Desenvolve pesquisas sobre a gênese e a evolução das formas de relevo e dos processos morfogenéticos atuais, fornecendo subsídios técnicos para orientar a ocupação humana dos espaços naturais.

Paleontologia: Realiza pesquisas sobre conteúdo fossilífero e taxonomia dos fósseis, micropaleontologia, entre outros. Responsável pela catalogação e preservação do acervo paleontológico, que reúne vertebrados, invertebrados e vegetais fósseis.

Climatologia: Responsável por pesquisas sobre as diferentes variações dos elementos do clima, como chuva, temperatura, vento, granizo, geada, identificando impactos de origem climática que causam danos como tempestades e enchentes.

Uso e Ocupação Territorial: Faz pesquisas voltadas ao desenvolvimento de métodos e técnicas de mapeamento, suas firmas, dinâmica associada e implicações geoambientais, subsidiando o planejamento regional e urbano.