Um pouquinho de política…

Sou do tempo da Ditadura de Getúlio Vargas, que durou até 1945. Nas primeiras eleições, em 46, foi eleito o general Gaspar Dutra e, depois dele, veio Getúlio Vargas, novamente. O Juscelino Kubitschek foi o próximo e, então Jânio Quadros ganhou as eleições. Ele era casado com a sobrinha da minha tia Arminda e meu tio Adolfo: Eloá Quadros. Foi meu tio Adolfo que me ensinou o ofício de barbeiro – ele era o rei dos barbeiros aqui no bairro e tinha um salão aqui na França Pinto.

O pai de Eloá, seu Paulo, era farmacêutico e tinha uma “pharmacia” chamada Esfinge, na rua Anhangabaú. Quando o pneu do meu carro furava, era ele quem trocava.

Jânio Quadros tornou-se prefeito de São Paulo em 1953, ano em que veio morar na rua Rio Grande, 812. Coincidentemente, compramos nossas casas no mesmo dia e, além do laço familiar, ele virou meu vizinho. Dona Florisbela, sua sogra, freqüentava muito minha casa e Maria, minha esposa, sempre tingia o cabelo dela.

A casa de Jânio Quadros era vigiada por um guarda civil dia e noite. Ele se mudou daqui quando venceu Ademar de Barros para o governo do estado. Aí foi morar no Palácio do Governo, em Campos Elíseos.

Mas, sua cadela Totó não se acostumou com a mudança – chorava a noite inteira de saudades do meu vira-lata Tupi. Aí o pai da Eloá pediu para eu emprestar meu cachorro para deixar a Totó mais feliz. Eu até emprestei, mas o Tupi também não se acostumou com o Palácio do Governo e foi trazido de volta.

Jânio Quadros era um bom vizinho e foi um bom governador de São Paulo. Chegou a Presidência da República em 1961 e, depois de sete meses, renunciou.