Os carros da Vila

Quando era criança, os moradores da Vila andavam de carroça ou a cavalo, que como as mulas e burros, nascia em tudo quanto era lado e andava solto, livremente pelas ruas. Raríssimas pessoas do bairro tinham carro e para os longos percursos iam de bonde.

Os tripeiros, que compravam miúdos no Matadouro Municipal, saiam pelas ruas com suas carroças para atender à comunidade. Eles compravam terrenos só para servir de pasto para os seus cavalos que eram guardados nas ruas Humberto I e Rio Grande.

O primeiro carro que apareceu por aqui foi um Ford Bigode. Lembro-me de que eles passavam raramente e quando apareciam, corríamos curiosos para admirá-los. Sua buzina era como uma sanfona e ficava do lado de fora. Quando o carro morria era ligado à manivela, na frente do motor.

Os carros, da marca Renault, eram comuns nos enterros e pertenciam à empresa Rodovalho, de uma família que morava na rua Morgado de Matheus. Meu pai me levava aos enterros só para que eu pudesse andar de carro. Para mim, uma festa! Não havia postos de gasolina. As bombas eram espalhadas por ruas da cidade. Havia uma bomba na esquina da rua Tangará com França Pinto –, única rua de paralelepípedo que servia ao transporte da carne.

A partir de 1930, o volume de carros foi aumentando e novas marcas surgindo: Ford, Dodge, Alfa Romeu, Words Móbile, Palard, Bulgatti, Windsur e o luxuoso Isotta Fraschini.

A avenida Brasil, em 1936, era o local das corridas de carro. Vinham corredores internacionais da França, Alemanha e Itália para competir.Eles sempre ganhavam, principalmente o italiano Pintacudo. Até Chico Land começar a competir, o melhor corredor do Brasil com seu Alfa Romeu avermelhado, presente que ganhou do presidente Getúlio Vargas.