Quando eu andava de bonde

Minha mãe contava, impressionada com os bondes elétricos, que até pouco tempo o transporte era feito por bondes puxados à cavalgadura. Em 1917, ano em que nasci, já existiam os bondes elétricos. Eles passavam pela Estação Vila Mariana, na Domingos de Moraes, o que a tornou a principal rua de comércio da região. As lojas, em sua maioria, pertenciam aos árabes.

O bonde da linha Praça da Sé – Santo Amaro, nº 39, atravessava a cidade até a Ponte Grande, no rio Tiête – local de esporte e lazer para os paulistanos. Como fazia aulas de atletismo no Clube Espéria e todo ano ia à Festa do Divino, em Santo Amaro, tomava muito esse bonde. Havia, também, o nº 47, chamado Vila Clementino. Seu ponto final era no largo São Francisco. Ele seguia pela av. Brigadeiro Luiz Antônio, Paulista e, na volta, passava em frente ao Matadouro Municipal até às ruas Sena Madureira e Domingos de Moraes. Existia, ainda, a linha nº 30 que ia até o Bosque da Saúde.

Da estação da rua Domingos de Moraes saia o bonde que ia até o Jabaquara – não me recordo o número, mas lembro-me de quando ele ainda não existia . Para assistir aos jogos de futebol no Jabaquara ia correndo daqui até lá.

Os últimos bondes que circularam pela cidade foram os que iam até o, então, distrito de Santo Amaro. Depois, foram entregues à CMTC, no governo de Ademar de Barros.

Era uma época muito romântica e de pessoas muito educadas. Um homem nunca deixava uma senhora de pé durante a viagem. Ficávamos de pé no estribo para ceder lugar.

Ê tempinho bom, que saudade de minha mocidade…