Papo sério…

Ano novo, preocupação velha. A questão do meio ambiente (e sua preservação) continua em pauta para uma qualidade de vida melhor a todos em 2008. Por isso, a coleta seletiva de lixo tem importância demasiada no processo de conservação da natureza e crescimento sustentável da metrópole.

Mas, apesar de muitos terem a consciência do valor da reciclagem, poucos a praticam na cidade. Na região, a adesão também é baixa. Segundo pesquisa do Instituto Biológico realizada ano passado, mais de 70% dos moradores da Vila Mariana não separam os resíduos domésticos adequadamente.

A prefeitura, por sua vez, oferece ao munícipe o programa de coleta seletiva, mas peca em campanhas de divulgação e mobilização da população. Por divergências nos valores de contrato com as concessionárias, os investimentos nesse campo ficaram suspensos ultimamente. Já o Pedaço da Vila, que desde sua fundação apóia a causa da reciclagem, tomou a iniciativa de procurar a Ecourbis, empresa responsável pelo lixo no bairro, para orientar os interessados em reciclar. E o processo não tem segredo, tanto para quem reside em edifício quanto em casa.

Na Vila Mariana, a recolha de materiais reutilizáveis se dá por duas formas. A coleta seletiva mais comum é feita através de contêineres plásticos com capacidade para mil litros instalados nos próprios condomínios residenciais, ou por meio de cycléias – contêineres plásticos com capacidade para 2,5 mil litros disponíveis em parques públicos fechados, como o Ibirapuera. Outro sistema em vigor é a coleta diferenciada, modalidade de recolha manual porta a porta em residências ou condomínios (em que não há contêineres) realizadas em dias e turnos diferentes da coleta domiciliar tradicional.

A Subprefeitura de Vila Mariana está dividida em 17 setores onde o serviço de coleta seletiva e diferenciada (porta a porta) ocorre uma vez por semana, de segunda-feira a sábado, no período diurno ou noturno. Em algumas áreas há coleta até duas vezes por semana em função do maior potencial de geração de resíduos. Para saber o dia da coleta em determinada rua, o interessado pode entrar em contato com a Ecourbis pelo 0800 7727979 ou no site www.ecourbis.com.br.

Não é difícil dar o primeiro passo para reciclar. Segundo Walter de Freitas, superintendente de operações da Ecourbis, o morador de casas pode disponibilizar os resíduos defronte à sua residência nos dias e períodos em que ocorre a coleta diferenciada. “Nas vias onde a coleta é diurna, basta atentar para o horário de passagem do caminhão, ou entrar em contato com a Ecourbis, e disponibilizar os resíduos devidamente acondicionados com no máximo duas horas de antecedência. Nas ruas onde a coleta é realizada à noite, o lixo reciclável pode ser disponibilizado a partir das 18h”, explicou.
Não há custo nenhum também para quem vive em prédio. Basta o síndico entrar em contato com a concessionária (falar com Cristina no 8389-5910) e solicitar a instalação do contêiner plástico de 1.000 litros. “Feito o pedido, será agendada uma vistoria no condomínio para avaliação do local de guarda do equipamento. Havendo espaço interno seguro para abrigo do contêiner, o síndico deverá assinar o Termo de Permissão de Uso. Após isso, será disponibilizado o equipamento gratuitamente e iniciada a coleta”, esclareceu Freitas.

Caso não haja interesse em abrigar o contêiner, o condomínio poderá do mesmo jeito descartar seus resíduos recicláveis, mas devidamente acondicionados de acordo com o dia e período da coleta diferenciada. “Os moradores deverão disponibilizar apenas os materiais recicláveis, ou seja, plásticos, papéis, papelão, metais e vidros. Os resíduos orgânicos deverão ser entregues ao serviço de coleta domiciliar comum”, informou o superintendente.

Recolhido por caminhões compactadores das concessionárias ou por cooperativas e catadores autônomos, o lixo reciclável em 80% da cidade tem como destinação as 15 centrais de triagem da capital – a prefeitura promete construir mais 17 delas, ainda sem prazo – onde o material é separado, prensado e comercializado. Além disso, são três mil pontos de entrega voluntária, fora os chamados Ecopontos para despejo de entulho.

Mas ainda há muito para avançar na matéria. Afinal, de cada dez sacos de lixo, apenas três são reciclados. Muito pouco para uma metrópole que produz 15 mil toneladas de lixo por dia, das quais cerca de 35% são materiais recicláveis e menos de 1% disso é reaproveitado.

Nessa onda de ter créditos de carbono, é bom lembrar que uma tonelada de papel reciclado representa 13 árvores abatidas, 31.780 litros de água preservados, 2,5 tambores de óleo conservados.