Os tempos de ouro do futebol de várzea

No meu tempo de infância e adolescência, a Vila Mariana era repleta de chácaras e havia muitos terrenos de várzea desocupados. A paixão pelo futebol já era enorme, e bastava haver um espaço para que os homens adeptos do esporte delimitassem um campo de futebol e juntassem um time para promover campeonatos. Eram tantos clubes quanto terrenos desocupados: Esporte Clube Humberto I, Esporte Clube Vila Mariana, Clube 22 Bandeirantes, Clube Atlas, Clube Guanabara, Clube Abílio Soares, Clube Atlético Aclimação, Clube Rubem Sales, Mocidade Alegre… 

No parque Ibirapuera, conhecido na época como Campo Barreto, havia muitos campos! O futebol era amador, mas os jogadores levavam os jogos muito a sério. Viviam brigando, e o coitado do juiz, às vezes, apanhava. Muitos desses jogadores foram para o futebol profissional. Lembro-me de alguns nomes, como: Dempis, Nini Azze, que foi para o Palestra Itália, Carlito, Lambada (apelido que ganhou por causa do chute forte). Nos domingos e feriados, todo  mundo ia para o campo mais perto para torcer pelos vizinhos. Meu pai não me deixava jogar futebol, mas eu era um torcedor que não perdia nem um jogo sequer!