O Natal da minha infância
O Natal de quando eu era criança não tinha presente nem Papai-Noel, o que come-morávamos era o nascimento de Jesus, com a mesa farta e muito amor. A preparação da festa começava na véspera, com as mulheres reunidas diante do forno de barro. Era também o dia das crianças irem dormir mais cedo, para que os adultos atravessassem a madrugada, sentados à mesa conversando. Além dos deliciosos doces, elas faziam leitão, frango e cabrito. Minha família era muito grande e se reunia na casa do meu avô, na Humberto I. A festa começava ao meio-dia e terminava só às 9 horas da noite. Parentes e vizinhos levavam seus instrumentos musicais para tocar durante todo dia e a comunidade trocava pratos de alimentos.
O Réveillon não tinha fogos de artifício, mas era tão bonito quanto as comemorações de hoje em dia. As fábricas do bairro começavam a apitar a partir da meia-noite, as crianças comemoravam a entrada do ano-novo pelas ruas, com um martelo na mão para bater nos postes de ferro. Uma banda de música tocava pelo bairro e parava nas casas para ganhar um trocado. Cada morador dava a quantia que podia. Todo mundo comemorava pelas ruas e era aquela barulheira!