O Levy, o Tanabe e as Carpas

Eu e o Levy (Milton Levy) sempre tivemos amigos japoneses. Um deles é o famoso Paulinho Tanabe, filho do saudoso Seu Acácio e da Dona Elza Tanabe, donos do extinto armazém de secos e molhados nas esquinas da Rua Áurea com Joaquim Távora. 

Os japoneses são uma grande colônia na Vila Mariana e sempre nos presentearam com seus hábitos, culinária e cultura.

Foi por intermédio deles, após uma grande campanha de amor pela cidade, que, em 1954, na inauguração do Ibirapuera, a comunidade Japonesa presenteou o Parque com o “Pavilhão Japonês”, uma réplica do Palácio Katsura de Kioto, feita no Japão e transportada para São Paulo.

Eu, o Levy e a nossa galera sempre íamos ao Pavilhão Japonês ali do lado do Planetário e pertinho do portão 3 para brincar com o cardume de carpas espetaculares que ficam no lago em baixo do pavilhão. É de uma beleza extraordinária.

Um dia…é lógico, o Levy, fez que fez, que empurrou o Paulinho Japonês para dentro d’água num “chuá” maravilhoso, deixando-o todo encharcado e as carpas enlouquecidas. Tudo para gente rir muito. Tomamos uma superbronca do administrador do local, lógico.

Lá nós tivemos a chance de assistir a várias palestras onde aprendemos que o projeto, executado pelo professor Sutemi Horiguchi (da Universidade de Meiji) tem como principal característica o emprego de materiais e técnicas tradicionais japonesas. O projeto é baseado na arquitetura do estilo “Shoin”, adotado nas casas dos samurais no Japão.

As salas são compostas em módulos de madeira (com divisórias deslizantes, externas e internas), organicamente articuladas e marcadas pela presença do tokonoma (área destinada à exposição de pinturas, arranjos florais e cerâmica, assim como de outros nichos embutidos com prateleiras e pequenos gabinetes que decoram os ambientes. Todos os materiais foram trazidos especialmente do Japão, bem como as pedras vulcânicas do jardim, lama de Kyoto e enfeites e materiais que dão textura às paredes.

Tudo veio transportado em navio, desmontado e contou com inúmeros imigrantes japoneses como voluntários para auxiliar um corpo técnico que veio do Japão especialmente para a montagem no Ibirapuera.

O Pavilhão Japonês é um monumento símbolo da amizade entre os brasileiros e japoneses que tanto contribuíram para a colonização e o 

crescimento da nossa Vila Mariana.

Eu, o Milton Levy e o Paulinho Tanabe e tantos outros somos amigos até hoje e, ainda, quando vamos ao Ibira, passamos pelo Pavilhão Japonês para matar a saudade. É um lindo lugar e talvez o mais silencioso de São Paulo. Lugar de meditação.

E vocês? Já foram conhecer esse maravilhoso monumento oriental dentro do Ibirapuera?