Caixinha de Natal
Era eu o responsável pela decoração de Natal na época em que aprendia o ofício de barbeiro no salão do meu tio Adolfo. Entre os afazeres, subia nas escadas para ligar o fio de luz, repleto de enfeites. Meu tio tinha o hábito de colocar uma bandeja, na entrada do salão, com um cartão de Boas Festas. Ela era entregue a cada um de nossos clientes, para que deposi-tassem uma caixinha de Natal aos funcionários.
No Dia de Reis, 6 de janeiro, quando as comemorações das festas terminavam, meu tio dividia o dinheiro depositado na bandeja e me dava 10% do total. Nesse dia trabalhávamos meio expediente e eu corria para depositar o dinheiro no meu cofrinho!
O Réveillon aqui no pedaço não tinha fogos de artifício, mas era tão bonito quanto as comemorações de hoje em dia. As fábricas do bairro começavam a apitar a partir da meia-noite, e o barulho só parava de ecoar no meio da madrugada. Naquela época, as crianças comemoravam a entrada do ano-novo pelas ruas, com um martelo na mão para bater nos postes, que eram de ferro.
Lembro que havia uma tradicional banda de música que tocava pelo bairro e parava nas casas para receber seu “couvert artístico”. Cada morador dava a quantia que podia.
Uma vez, fui com a minha avó assistir à Missa do Galo na Igreja Santa Rita de Cássia — na rua Inácio Uchôa — e passei o tempo todo ansioso. Quando acabou, perguntei: “Vó, cadê o galo?”. Foi quando ela me explicou que não havia galo nenhum! Fui embora cabisbaixo… Só tinha ido com ela para ver o galo cantar!
Feliz Natal a toda a vizinhança e um 2011 cheio de paz, amor, saúde e prosperidade!