Amor ao ofício

Comecei a trabalhar aos 12 anos por ordem do meu pai, para ajudar a família. Eu não prossegui meus estudos; era comum, na minha época de menino, as crianças começarem a trabalhar cedo. As famílias, os imigrantes italianos que moravam na Vila Mariana, não tinham muitos recursos.

Fui aprender o ofício de barbeiro  com o meu tio, que tinha um salão na Rua França Pinto. Meu trabalho era varrer o chão, escovar as roupas e pegar os chapéus dos clientes, enquanto observava meu tio cortar cabelos e fazer barbas. Sempre ganhava uma gorjeta pela gentileza! E dava, orgulhoso, o dinheiro para ajudar a minha mãe. 

Aprendi a ser barbeiro e abri meu próprio salão, hoje instalado na Rua França Pinto.Tenho 83 anos de profissão, não tenho tremor nas mãos e sou útil. Eu gosto de trabalhar, ajudo a família, consegui tudo o que queria com o meu salão e minha clientela só corta o cabelo comigo! Hoje em dia está cheio de rapaz que não quer saber de trabalho; eu, com 98 anos, não posso parar! Não vou abandonar meus clientes.