A todo vapor

Quando assumiu a prefeitura regional da Vila Mariana, Benê Mascarenhas já imaginava o ritmo que viria. Desde então, tem acelerado para cumprir a sua agenda. Nela, reunião com os Consegs, Associação de Moradores, conselhos representativos,  vereadores, prefeitos regionais, com João Dória… “Tem dias que eu quase nem sento na minha cadeira”, confessa.

Nesses primeiros cem dias, ele, que é morador do bairro, cumpriu a recomendação do prefeito Dória e priorizou as ações de Zeladoria Urbana do programa Cidade Linda. “Ele tem dado uma grande assistência ao bairro. Nesse período, com a presença do prefeito, realizamos quatro mutirões”.

João Dória participou de ações nas Avenidas 23 de Maio, Rubem Berta e Santo Amaro. Em outras ocasiões, esteve no bairro para inaugurar o primeiro trecho do Corredor Verde da Av. 23 de Maio (veja mais, pág.11) e para lançar o projeto que irá transformar o Modelódromo do Ibirapuera, na Praça Ayrton Senna do Brasil. “O olhar do Dória para o bairro está sendo generoso”, considera Benê.

Entre os locais já atendidos pelo programa Cidade Linda estão algumas das principais vias, como a ruas Vergueiro e Domingos de Morais e as avenidas Jabaquara, Ricardo Jafet e Pedro Álvares Cabral. As áreas foram capinadas, pintadas, realizadas podas e remoções de árvores, novos plantios, limpeza de boca de lobo e operação tapa buraco. No último mutirão, na Praça Nossa Senhora de Aparecida, em Moema, foram recolhidas 3,2 toneladas de resíduos. 

A participação da comunidade nesses mutirões está fazendo a diferença. “A colaboração voluntária de moradores e entidades está sendo muito importante. Sozinhos e no ritmo do poder público não conseguiríamos concretizar muito. Não estamos fazendo mais ações porque a equipe da prefeitura regional está reduzida e esses serviços são feitos sempre com o acompanhamento de técnicos”.

As iniciativas, porém, ainda são insuficientes para dar conta das áreas mais degradas do bairro, como o Largo Ana Rosa, a Rua Domingos de Morais e a Avenida Dante Pazzanese. “A partir de agora, elas receberão atenção especial. Eu já conversei com a minha equipe e pedi para programar mutirões intensivos nesses pontos. Na Av. Dante Pazzanese, por exemplo, realizaremos uma ação em parceria com a Faculdade ESPM; com seus funcionários e alunos”.

Os conselhos representativos da Vila Mariana, têm ajudado a sua gestão. “Vou em quase todas as reuniões e sempre recebo seus membros na minha sala para debater ideias. Nas conversas com outros prefeitos regionais, eu falo muito de todos os conselhos da Vila Mariana, especialmente do CADES e do Conselho Participativo. Eles são extremamente atuantes. E falo isso sem querer puxar a brasa para a minha sardinha!”, brinca. 

Frequentador dos bares da Rua Joaquim Távora, Benê se reuniu com os proprietários para resolver as velhas queixas dos moradores sobre o comércio: horários de funcionamento, mesas ocupando calçadas e o som alto. “Procurei o sindicado dos bares e restaurantes e apresentei as demandas. Para não provocar fechamentos nesse momento de crise, eu estabeleci um prazo para a regularização. A minha proposta é resolver com o diálogo. Mas, se não obedecerem ao prazo firmado, a prefeitura regional irá agir no rigor da lei”, afirma. Na reunião, Benê informou que Dória quer um Psiu dentro de cada prefeitura regional.

Porém, o maior desafio da gestão é outro: abrigar os 450 moradores de rua que vivem no bairro. “Por ser de classe média e classe média alta, a Vila Mariana atrai muitas pessoas em busca de donativos. Como recebem, esses moradores não querem mais sair da rua, mesmo vivendo numa situação insalubre. Estamos fazendo as ações de limpeza e dialogando com os moradores dessas áreas para encaminhá-los às casas de acolhimento. É uma batalha difícil e não iremos nos esconder da responsabilidade”. Nessa gestão a prefeitura regional sofreu um corte de 30% em seus cargos. “As pessoas que estavam aqui por indicação foram desligadas e cargos de carreira foram extintos. Hoje, estão preenchidas as coordenadorias de projetos e obras, de planejamento e desenvolvimento urbano, de administração e finanças e de governo local, esta última coordenadoria criada agora”, relaciona.

Além da falta de funcionários, há outro problema ainda mais grave, a escassez de recursos. “O nosso orçamento deste ano se aproxima de 39 milhões de reais. Desse total, foram liberados 16 milhões, dos quais 14 milhões já foram empenhados”. O restante — 23 milhões —  está congelado em função da crise econômica enfrentada pelo País. “Para reduzir os custos estamos renegociando os nossos contratos. Dos 14 que temos hoje, já renegociamos 9, o que soma uma economia de um pouco mais de 160 mil reais”.

A carência de recursos e de funcionários não comprometeu tanto o trabalho, graças a busca de parcerias. Uma delas vai ajudar na poda e remoção de árvores, outro problema para a prefeitura regional. “A tomografia nas árvores, um projeto piloto foi realizado na Av. República do Líbano para identificar a saúde de 40 árvores por meio de eletrodos. A utilização dessa tecnologia nas demais áreas do bairro ainda não ocorreu porque estamos aguardando os procedimentos legais dos termos de parceria e doação”, justifica.

Ao lado do Parque Ibirapuera, na Praça Escoteiro Aldo Chioratto, Benê inaugurou a exposição “Paixão – Caminhando no amor, na união e na justiça”, em que o artista Gilmar Pina recria a Via Crucis sob o olhar de diferentes religiões em 46 esculturas. “A ideia é transformar essa área em um museu a céu aberto. Quero que a região se destaque culturalmente”, adianta.

Novos espaços estão previstos para incentivar o potencial turístico da região, entre eles a revitalização do Modelódromo do Ibirapuera, que será rebatizado como Praça Ayrton Senna do Brasil. “Já retiramos o monumento da entrada do túnel Ayrton Senna e levamos para o novo local”.

O espaço de 15 mil metros quadrado abrigará o carro de 2,5 toneladas, uma réplica em bronze do capacete que Senna usou na conquista do tricampeonato de Formula 1, e uma área reservada para os cães. As atividades realizadas no local, como aeromodelismo, automobilismo e ferromodelismo serão mantidas.. 

A inauguração do novo espaço está prevista para dia 1º de Maio, data em que se completam 23 anos da morte do ídolo. “Essa praça será uma das áreas mais visitadas de São Paulo”, acredita o prefeito regional.

Benê também esteve, aos finais de semana, no Parque Ibirapuera para ajudar a prefeitura a combater o uso de drogas e bebidas alcóolicas pelos adolescentes que promovem os famosos ‘rolezinhos’. “A ação no local está sendo intensa, com todo o cuidado porque o parque é público e tem que ser ocupado mesmo pela juventude. Mas, com ações saudáveis, sem o consumo de bebidas e outras drogas, como vem ocorrendo. Atuamos nas imediações do parque junto ao comércio irregular de bebidas alcoólicas e fazendo apreensões”.

Agora a prioridade, será manter e intensificar as ações que já estão sendo realizadas. “Não temos uma necessidade gigantesca na Vila Mariana. O que precisamos é cuidar do que já existe e aumentar a frequência das ações. Em todas as reuniões com o prefeito, eu cobro atenção aos projetos da região, como a revitalização das praças, instalação de equipamentos de ginástica e a construção de cachorródromos. Tenho lutado para que a prefeitura nos ajude a manter esses espaços”.

Os dias tem sido corridos para Benê. “As pessoas costumam me perguntar se eu já emagreci. Eu respondo: nem sei, pois ando sem tempo até para subir numa balança. Agora, dormindo pouco? Ah!, isso eu estou”. 

Às vezes a família chega a cobrar. “Na medida do possível dou uma escapadinha aos finais de semana para jantar com a família, que também participa de alguns mutirões. Não escapa!”, conta Benê.

Ainda no início do trabalho, Benê Mascarenhas já sabe como quer que sua gestão seja lembrada: “Quero que minha gestão fique conhecida como uma gestão de parceria”. 

Trabalho é o que não falta!