Uma viagem à terra dos faraós
Eu tenho um sonho. Conhecer os lugares sagrados do mundo. É novembro, noite fria, e o aeroporto de Guarulhos nos recebe para embarcarmos com destino ao Egito. O agito do dia não me deixa perceber a excitação em que estou e, só após fazer o check-in é que a calma foi se manifestando, e a emoção sendo percebida.
Egito é um sonho desde os tempos do segundo grau, quando li pela primeira vez um livro sobre essa civilização tão fantástica e misteriosa.
Somos um grupo de 23 pessoas. Num voo direto para Istambul com conexão para o Cairo, desembarcamos nas terras dos faraós. É madrugada e a cidade dorme. Seguimos direto para a Planície de Gizé. Nosso hotel fica em frente às pirâmides. Mesmo em noite cerrada, já se percebe a silhueta da pirâmide. Ao acordar, abro correndo a janela e me deparo com as pirâmides. Não há como descrever a emoção.
Nosso primeiro contato com a cidade foi impressiona-nte, pois estávamos entrando em um outro universo, com uma cultura totalmente diferente da nossa. Nosso guia falava português, e isso foi o diferencial. Ele nos contou a história do seu povo, dos costumes e das tradições. Explicou que as casas e os prédios no Cairo não têm acabamento externo, pois os pais começam cedo a construir os andares de cima para que seus filhos homens possam morar ali quando casarem, e cada um deles fica responsável pelo seu acabamento. As filhas, quando se casam, vão morar na casa dos familiares do marido.
Ele mostrou que há mulheres que usam as tradicionais galabias, geralmente pretas, que cobrem seus corpos até os pés; outras usam um lenço para cobrir os cabelos, deixando à mostra apenas o rosto; e que algumas já se ocidentalizaram. Os homens usam túnicas em tons de cinza e bege.
Em determinadas horas, das mesquitas soam as preces cantadas, e eles param o que estão fazendo para suas orações. Estávamos em uma loja quando ouvimos a chamada das orações, e os atendentes se posicionaram sobre um tapete, colocado no meio dos produtos, e fizeram suas orações. Apenas o que nos atendia continuou seu trabalho. O respeito à religião islâmica e as tradições é muito presente.
Pude perceber que a população em geral é muito amável com os brasileiros e refere-se ao Brasil usando os nomes dos jogadores de futebol. Alguns até querem moedas brasileiras como recordação.
Nossa primeira parada foi na cidadela de Salah el Din, com sua impressionante mesquita forrada de Alabastro. Fomos ao Museu do Cairo, onde pudemos ver os achados da Tumba de Tutankamon, estátuas de todos os tamanhos e uma infinidade de objetos dos tempos dos faraós. O mercado do Khan el Khalili apresenta-se com várias ruas, onde as lojas expõem de tudo e cujos vendedores são verdadeiros artistas na negociação. É bom avisar: pagar o preço sugerido pelo vendedor é a maior ofensa, deve-se sempre negociar. E cuidado com as armadilhas! Se você pegar no produto, tenha certeza de que irá comprá-lo, pois eles não vão te deixar em paz enquanto você não pagar por ele.
As pirâmides são indescritíveis. Eu e mais algumas pessoas do grupo optamos por entrar na tumba do Rei na grande pirâmide. Incrível e assustador ver “in loco” a tecnologia utilizada por eles. Lá fizemos nossa primeira meditação. Na volta, circulamos por toda a planície, vendo todas as pirâmides: as grandes (Quéops, Quéfren e Miquerinos e as das rainhas, além das tumbas de vários nobres. A esfinge, em sua imponência e beleza, aos pés das pirâmides, completou o nosso passeio.
Nossa próxima etapa foi o cruzeiro pelo rio Nilo. Voamos a Luxor e embarcamos num dos 320 navios que navegam pelo Nilo. São navios pequenos, com capacidade para até 150 pessoas, mas com muito conforto, luxo e boa alimentação. São hotéis flutuantes, que navegam nos levando até as cidades onde estão os templos.
Luxor é uma cidade incrível. Nela pudemos conhecer dois monumentos colossais: o templo de Karnak e o de Luxor. Os templos são ligados por uma alameda ladeada de estátuas de leões com cabeça de carneiro. Navegando, conhecemos os grandiosos templos de Horus, Philae, Kom Ombo, Abu Simbel, e a represa de Assuã, o maior lago do mundo. Percebi que a Vila Núbia mantém os costumes desse povo até os dias de hoje.
Nadar no rio Nilo e andar de camelo foram outras experiências incríveis, bem como assistir ao nascer e ao pôr do sol na Terra do Sol.
Já havia estudado os egípcios, mas o que mais me impactou foi a sua escrita, os hieróglifos, cravados nas paredes dos templos, em baixo e alto relevo, dentro de uma precisão milimétrica. O mais curioso é que duplicavam as informações nas paredes opostas do templo, como num espelho. De onde vem tamanha tecnologia? Quem foram os egípcios? Como construíram esses gigantescos monumentos? Acho que nunca saberemos, mas há muito ainda a ser descoberto, revelações enterradas nas areias do deserto e debaixo de muitas casas.
Hoje em dia, o governo está desapropriando muitas áreas urbanas que estão sobre ruínas que deverão ser exploradas por arqueólogos. Muitas delas já estão abertas a visitação. O povo egípcio passa hoje por um momento muito importante em sua história. Após 30 anos de ditadura, em fevereiro eles descobriram que podiam falar, e que suas vozes podiam ser ouvidas, e conseguiram derrubar o governo. Agora estão numa transição e buscando a democracia.
Eles fazem suas manifestações na Praça Tahrir, que significa “Praça da Libertação”. No período em que lá estávamos, foi realizada a primeira eleição livre, e os diversos partidos fizeram suas manifestações. Apesar do tumulto noticiado, restrito a Praça Tahrir, os turistas entravam livremente no museu do Cairo, que fica situado em frente a tal praça.
Meus dedos estão inquietos, minha mente fervilhando, pois quero contar mais e mais coisas lindas e pitorescas de minha viagem, mas não há espaço para tanta história e impressões. Então, quem quiser saber mais, visite o meu site www.xamaurbano.com.br, e acesse a seção Diário de Bordo!
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