Mosaico Histórico
A capital do estado do Maranhão, São Luís, foi fundada pelos franceses em 1612, na ilha de São Luis, às margens da baía de São Marcos, do oceano Atlântico e do estreito dos Mosquitos. É uma das três capitais brasileiras construídas em ilhas e a única cidade do país a sofrer forte influência de três povos. Além dos franceses, foi invadida pelos holandeses e finalmente colonizada por portugueses. O resultado foi uma mistura única de influências que gerou um mosaico histórico como poucos outros no mundo. Reconhecida pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade, a capital é um museu ao ar livre, uma viagem de volta ao passado, que contrasta com a vista dos grandes arranhas-céus, do lado moderno da cidade.
Quando cheguei, fui diretamente a um quiosque de informações no aeroporto para decidir onde ficar. Ali soube que, além dos hotéis próximos às praias, poderia pernoitar nas pousadas em antigos casarões, que ficam no centro velho de São Luiz, a preços bem acessíveis.
Optei em me hospedar no hotel na praia de Ponta de Areia e, depois de deixar a bagagem, peguei minha máquina fotográfica e saí pelo centro velho para fotografar. Dá para caminhar um dia inteiro em São Luís: são ruelas, escadarias e palácios, como o La Ravadière, construído em 1689 em homenagem ao fundador da cidade, Daniel de La Touche – que chegou em 1612 com 500 soldados e três caravelas com o objetivo de construir uma colônia no local, e o imponente Palácio dos Leões, que hoje abriga a sede do governo estadual. Alguns de seus luxuosos aposentos estão abertos à visitação pública, e são decorados com móveis, esculturas e pinturas belíssimas. Bem próxima está a Casa do Maranhão, valioso sobrado, onde é possível aprender muito sobre a rica cultura local.
Uma curiosidade são os nomes das ruelas e escadarias de São Luis: Beco da Bosta (onde os escravos despejavam as águas servidas), Beco do Quebra Bunda (originalmente pavimentado com pedras muito escorregadias) e Rua do Veado – sei lá por que…
Até o final do século passado, São Luís tinha o apelido de Atenas Brasileira, graças ao alto nível cultural de sua população. A cidade, situada entre os rios Anil e Bacanga, revela sua história em cada esquina, com suas fachadas cobertas por azulejos, que chegaram em toneladas no século 18, suas sacadas de ferro, janelas e portas em arco, que abrigam desde residências até hotéis, pequenas lojas, mercados, museus, casas de cultura, restaurantes, ateliês, agências de turismo e oficinas de artesanato. Resolvi parar para comer e para minha grata surpresa, pude deliciar-me com os peixes e frutos do mar – aliás a culinária local é uma tentação!
As praias são longas e dá aquela sensação de estar sozinho no mundo. Duas vezes ao dia, o mar parece fugir da terra e podemos avançar centenas de metros em meio às poças deixadas para trás. São Luis é um dos lugares do mundo onde é maior a diferença dos níveis entre maré alta e baixa, são 8 metros de diferença. Então, senão quiser morrer de sede ou fome, leve um lanchinho – embora as praias tenham excelentes barracas que servem frutos do mar fresquinhos. Destaco aí, as cinco dúzias de ostras que comi com limão e cerveja. Além de baratas, foram retiradas quase na hora. As garotas da mesa ao meu lado ficaram impressionadas me vendo comer e se mostraram preocupadas, já que ostras são extremamente afrodisíacas… Outra coisa deliciosa são as frutas regionais como Sapoti, Bacuri, Jenipapo, Cupuaçu, Murici, Cajá, Jussara (açaí), entre outras. Vale a pena experimentar!
À noite fui passear no Reviver, um lugar de agito no centro. A rua fica repleta de barzinhos com mesas para fora e é muito freqüentado pelos moradores da cidade – além dos turistas. Ali escutei o que há de melhor da música brasileira. Agora, se a idéia é dançar, aproveitem: São Luís tem a fama de capital nacional do reggae, o que lhe rendeu o título de Jamaica Brasileira. Mas existem casas noturnas para todos os gostos musicais: eletrônica, rock, reggae e – é claro – forró!
São Luís é assim, cheia de surpresas e com um povo muito hospitaleiro e com um sotaque gostoso de ouvir: rapazzzz. Um lugar para conhecer e curtir!