Inspirando-se em Maceió
O nome “Maceió” tem origem no termo tupi maçayó ou maçaio-k, que significa “o que tapa o alagadiço”. Claro, não é para menos, Maceió tem uma lagoa “de peso”, a Lagoa Mundaú, com cerca de 23 km2 de superfície. Destino escolhido por duas irmãs que há muito tempo não viajavam juntas… Uma viagem há tanto esperada… Lá fomos nós. Largamos maridos, filhos, cachorros, passarinhos, e fomos passar uma semana longe de tudo. De cara já gostamos: a agência de viagem que tinha que nos pegar no aeroporto, de madrugada, lá estava nos esperando! O pessoal do hotel nos recepcionou com toda a simpatia, o quarto era ótimo e limpo, com varanda e rede, e de frente para a piscina. Logo no dia seguinte, cansadas por termos dormido de madrugada, decidimos ir à praia mais próxima (a dois quarteirões de distância)… e qual não foi nossa surpresa em ver que Ponta Verde era maravilhosa! Rapidamente nos atendeu Batista, alugando cadeiras com mesinha e guarda-sol (o hotel fornecia as toalhas de praia). Ao fundo, tocavam músicas que falavam de Maceió, e uma tocava em vários locais que visitamos, ficando logo “grudada” em nossas cabeças. Batista era nosso anjo daquela praia… nos trazia tudo que queríamos, cuidava das nossas coisas para que pudéssemos entrar no mar juntas… (Aliás, que mar é aquele! Que cor de água, que temperatura perfeita!) E, no dia seguinte, ele já sabia o que cada uma gostava de pedir e nossos horários. Na praia se vende de tudo, vários tipos de comidas — doces e salgadas, de camarão a cocadas —, roupas, cangas, óculos, CDs, tapetes, toalhas, biquínis e tudo mais. Na feirinha de artesanato há muitas coisas bacanas e até bolsas feitas com couro de jegue (não, eles não matam os jegues para esse fim). No final desse dia, depois de comermos coisas muito saborosas por um preço muito justo, fomos andar um pouco pela orla, e terminamos o dia na piscina no hotel (o que acabou virando um vício de todos os finais de dia — que vida dura!), com direito a cervejinha e macaxeira frita fresquinha. No café da manhã, há tapioca feita na hora, do sabor que você escolher, salgada ou doce, entre outras delícias. Depois do famoso city tour, no qual conhecemos a Praia da Avenida, a Praia do Pontal, o Estádio Rei Pelé (lembrem-se de que a Marta do futebol é alagoana) e outras belezas, incluindo a trinca formada por Pajuçara, Ponta Verde e Jatiúca. Ali, o mar esverdeado compõe a paisagem com piscinas naturais e as melhores barracas. Então começamos a eleger os passeios que queríamos fazer: Praia do Gunga — que quer dizer testa —, cenário composto pela bela Lagoa do Roteiro, na ponta esquerda, falésias multicoloridas na outra extremidade e um imenso coqueiral atrás da areia, além dos recifes de corais imensos. Praia do Francês – dizem que a praia tem essa denominação devido ao fato de, à época do Brasil Colonial, ter sido um dos locais frequentados por contrabandistas franceses de pau-brasil. Paripuera — no litoral Norte, com suas piscinas naturais estonteantes. Mas Maceió não é só beleza, é também cultura: é lá que está o Teatro Deodoro, inaugurado em 1910, o busto de D. Pedro II de costas para a avenida, e onde aprendemos que a pose do cavalo nas estátuas indica como o homenageado foi morto: quando as quatro patas do cavalo estão no solo, isso significa que o homenageado morreu de causa natural; se uma das patas estiver no ar, quer dizer que ele morreu em decorrência de ferimentos após o combate; se duas patas estiverem levantadas, significa que ele morreu em batalha. Conhecemos a árvore piriquiti e a tradição de que todo turista deve receber cinco sementes, jogando algumas do mirante no Oceano Atlântico, de costas, mentalizando um pedido para cada uma.
Foi uma viagem perfeita; tudo deu muito certo. Natureza maravilhosa, água cor de “Caribe”, gastronomia de dar água na boca (e com a facilidade de que alguns restaurantes tem serviço de translado), preços acessíveis, gente simpática e feliz, e as expressões muito divertidas que usam. Combinação única! Ficamos simplesmente encantadas e apaixonadas, muito melancólicas em pensar que teríamos que voltar à realidade. A trilha sonora que nos acompanhou desde o primeiro dia continuava tocando em nossas cabeças, e só podemos concordar com o autor, Luiz Gonzaga — que, embora tenha nascido em Exu, Pernambuco, também deixou um pedacinho de si em Maceió (Ou será que Maceió que deixou nele?) — e a homenageou com uma música (Adivinha qual o nome dela? Sim, “Maceió”) que resume o sentimento de quem já esteve lá: Ai, ai, Que saudade, ai que dó! Viver longe de Maceió…