Histórias das Bahamas

As Ilhas Bahamas são um arquipélago de 26 mil quilômetros quadrados que se estende por mais de 800 quilômetros. São 700 ilhas, incluindo ilhotas desabitadas e grandes rochedos, totalizando uma área de terra firme estimada de 14 mil quilômetros quadrados, com o ponto mais elevado a 62 metros. O arquipélago de Bahamas, nome derivado do espanhol bajamar, “maré baixa”, foi habitado por índios antes da chegada de Cristóvão Colombo, em 1492, e é ocupado por ingleses desde o século XVI. Geograficamente, encontra-se no oceano Atlântico, próximo à costa norte-americana, no estado da Flórida; ao norte do Haiti e a noroeste de Cuba.

As Bahamas são um país independente, onde vivem cerca de 340 mil pessoas, e fazem parte da Commonwealth of Nations – uma associação de territórios autônomos, mas dependentes do Reino Unido. É a Rainha Elizabeth II que comanda o estado, representada por governadores-gerais. A influência britânica é fácil de ser notada, nos motoristas de automóveis no lado esquerdo da rua, nos uniformes da Força Policial Real Bahamense, na cerimônia da mudança da guarda na Casa do Governo, entre outros costumes.

Fui para Nassau, a capital nacional da Comunidade das Bahamas. Ela fica na ilha de New Providence, a leste de Andros, um lugar maravilhoso com águas cristalinas e habitantes de uma beleza e simpatia singulares. É na capital que moram cerca de dois terços de toda a população do país – 95% negros.

Ficamos no Hotel Hilton, no centro histórico da cidade. Da janela, avistava de um lado a praia e o porto, onde estão os navios de programas turísticos e de cruzeiros das mais variadas parte do mundo. Do outro, a Bay Street, a “rua principal” de Nassau, que recentemente foi revitalizada. Com suas amplas calçadas e prédios históricos, é onde se encontram os bares, cafés, restaurantes e as lojas das marcas mais famosas do mundo, além de várias joalherias – no país há inserção de impostos. Valorizada por seu porto protegido, a cidade fez história, e a preservou em mansões coloniais, catedrais, fortes do século 18 – que nunca foram usados -, e na Escadaria da Rainha, cujos 66 degraus levam a uma vista que não se pode perder.

A ilha foi um esconderijo popular para os piratas das Caraíbas e é totalmente envolvida por suas histórias. Apesar de ser fato documentado que piratas usaram Nassau como base de operação dos anos 1600 aos anos 1700, é difícil separar as lendas dos fatos históricos. Fui ao Museu dos Piratas e pude conhecer a história de Edward Teach, ou Barba Negra, como era chamado. Ele ficou conhecido em todo o mundo por sua sede de sangue. Há muitas lendas sobre Barba Negra capturando alguns navios sem disparar um só tiro. Contam que os capitães mercantes simplesmente se rendiam assim que o reconheciam. Ele foi tão poderoso que nomeou a si mesmo governador de Nassau e governou a cidade por alguns anos, até ser expulso. Outro pirata importante na história de Nassau foi “Calico Jack” Rackman (assim chamado por causa das calças estampadas que vestia). Ele navegou ao redor de Nassau/Paradise Island e dizem que foi quem criou a bandeira de crânio e ossos cruzados, símbolo que todos os piratas adotaram posteriormente. Calico Jack é mais conhecido pelo seu relacionamento com Anne Bonny e Mary Read, as únicas mulheres piratas, aliás, muito famosas. Em tempos de batalha, a bordo do navio de Calico Jack, elas vestiam trajes masculinos. O museu é um grande navio pirata, com vídeos, estátuas, cenários etc. Lá aprendi que os piratas tinham um código de honra, uma linguagem que só eles entendiam, com regras do que podiam e não podiam fazer.

Próxima à Nassau está Paradise Island. Seus 277 hectares estão ligados à capital por duas pontes de 180 metros, mas também é possível ir até lá de balsa. A ilha desenvolveu-se quase que exclusivamente para receber turistas, pois, em 1961, quando Cuba foi fechada para os americanos, o governo de Bahamas investiu para aumentar seu potencial turístico. Hoje, Paradise Island é repleta de resorts, hotéis, restaurantes, lojas, campo de golfe, aquário, cassino, entre outras atrações. Visitei um hotel cujo subsolo é um aquário que reproduz as ruínas de Atlântida. É o trajeto marítimo mais luxuoso que já vi. Existem poucas residências particulares na ilha, contudo, em uma delas, há uma sala de jantar embaixo do nível do mar. Imagine fazer as refeições rodeado por um imenso aquário!

Fora as inúmeras belezas naturais, com destaque na cor do mar, que chega a nos deixar hipnotizados, o que mais me chamou a atenção foram as crianças que frequentam as escolas públicas. Deu para perceber que a educação lá é muito rígida, tanto que os uniformes das meninas são abaixo dos joelhos. Outra coisa notável são as roupas coloridas das mulheres e os penteados exóticos, principalmente os das crianças, cheios de fitas, contas e tranças. Vi um belo casamento ao ar livre, no jardim do hotel. A decoração era plena de flores e fitas brancas. A celebração foi toda realizada com vista para o mar e percebi que a música é muito marcante nos rituais. A arte bahamense pode ser vista por meio das cores, da música contagiante e da dança. Apesar de Nassau/Paradise Island ter sido influenciada por outros países, como os Estados Unidos da América e o Haiti, sua cultura é distinta – uma mistura única de tradições, crenças e costumes britânicos e africanos. Enfim, uma viagem diferente e inesquecível!

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