Reivente o amor
A síntese de tudo é o amor. Somos frutos, nascidos pelo amor, com amor e por amor.
Sou mãe do pequeno João e — de forma visceral — tenho descoberto, vivido e revivido muitas formas de amar. Hoje, de semente uterina a pequeno ser de luz, meu filhote pula, brinca, ama e tem seus próprios quereres, além de muitas necessidades. Quando se tem uma criança na família — nosso primeiro núcleo de amor — tudo adquire cores especiais. Olhando nossos pequenos, nos preocupamos com seu futuro, em proporcionar a melhor educação, saúde, moradia, lazer, para garantir seu pleno desenvolvimento.
A questão que não quer calar é: a que preço?
Quantos de nós vestimos nossos trabalhos e esquecemos de que, por detrás das obrigações da vida, também existem pequenos prazeres, mais valiosos do que aquilo que podemos comprar? Quantos de nós traduzem o amor pelo tamanho do brinquedo que podem adquirir nesta época do ano?
A reflexão que proponho não quer dizer que seja errado levar a alegria através de um grande presente. Ao contrário! Que bom que temos condições para isso.
A reflexão que proponho é de apenas sentirmos todas as formas de amor. E, de forma consciente, agir de acordo com ele.
Às vezes, o amor recíproco está na construção de um brinquedo, como um grande carro, decorado e produzido com caixa de papelão. Ou o amor pode estar em ensinar nossos filhos a colher uma flor do jardim para presentear a avó, como agradecimento aos nossos ancestrais pela continuidade de nossas famílias. Às vezes, a amor está em selecionar brinquedos e roupas sem uso e presentear crianças e pais menos favorecidos — e de fato agir.
O amor sempre estará presente em uma franca declaração de amor, feita a qualquer hora do dia. Às vezes, o amor está em sermos mais cavalheiros no trânsito e respeitarmos a cidade e seus habitantes, mesmo quando estamos nos dirigindo a uma loja para comprar presentes que comumente representam nossas manifestações de amor. Nessas horas, buzina e semblante fechado não condizem com a proposta de ter saído de casa para querer fazer exatamente o contrário: amar.
Reinventar o amor é gostoso. Fabricar seus próprios presentes, além de ser divertido, representa, de forma simples e pessoal, aquilo que sentimos pelo outro. Se não tiver tempo para isso, uma pequena volta à pé pelo seu próprio bairro economiza horas no trânsito, diminui a emissão de gases nocivos no ar, demonstra seu amor pelo planeta, e você ainda pode ganhar atenção diferenciada, estabelecendo vínculos de amizade e relações mais próximas com comerciantes locais.
Nesta época do ano, é natural reservarmos certo período de tempo para a reflexão. Análise dos meses que passaram, desejos e planos para o futuro que se aproxima.
A síntese de tudo é o amor. E quando sentimos que em nossas relações há amor, certamente nos amamos mais, a nós mesmos, nossos companheiros, amigos, familiares e ilustres desconhecidos, como nós nesta vida de insustentável.
Georgia Martins
Coordenadora no
Projeto Sementes Para Um Bairro Sustentável
www.ecobairro.org.br
e www.facebook.com/sementesparaumbairrosustentavel