Ecobairros…

Bairro Vesterbo (Copenhage)

Lara Freitas

Ecobairros, Eco bairros, Ecobarrios, Eco-quartiers, Ecodistricts, Econeighborhood!

Ecobairro para cidades melhores e mais humanas…

Ecobairro para qualidade de vida em harmonia com a natureza…

Ecobairro, um conceito para o desenho urbano…

O Ecobairro com certeza abrange todos os aspectos mencionados e ainda pode contemplar tudo aquilo que aspiramos de melhor para uma cidade, bairro ou comunidade urbana. Em todas as suas dimensões e potencialidades, inclui ética e valores que permitam viver com qualidade de vida, com respeito à capacidade de carga do planeta, incentivando o engajamento em governança local, baseada em ações propositivas. Isso deve se dar ao nível do cotidiano de cada um: casa; quarteirão; bairro — a partir do senso de pertencimento e apropriação.

Os ecobairros são parte do sonho de pessoas que buscam soluções de viver com menor impacto no planeta e maior conexão comunitária. Uma escala em que é possível o reconhecimento de seus componentes de forma mais próxima, que define o lugar do complexo de vivências cotidianas, de moradia – a escala do bairro. Há muitas experiências em curso no planeta e a Vila Mariana tem a oportunidade histórica de viver a primeira experiência que fomenta um Ecobairro,  em São Paulo.

Em outros países, os ecobairros são experimentados em bairros novos ou fruto de uma regeneração urbana. Alguns exemplos são: BED ZED, em Londres, no Reino Unido; Vauban, em Friburg (Alemanha); Hammarby Sjöstad, em Estocolmo (Suécia); Vesterbo, em Copenhague (Dinamarca).

Vou contar a história de dois deles: Hammarby Sjöstad é um bairro que fica no subúrbio da cidade de Estocolmo, em um antigo porto industrial, onde se instalaram várias indústrias de pequeno e grande porte, escritórios e atividades portuárias. A área acabou tornando-se altamente poluída por substâncias tóxicas que contaminam o solo e a água. Então foi proposta uma transformação para o local — um novo bairro, moderno e ecologicamente sustentável. A meta faz parte de uma área de expansão de Estocolmo na qual a cidade, através de um plano, decidiu “construir a cidade para dentro”, fixando metas ambientais de longo prazo. É um projeto habitacional exemplar em sustentabilidade urbana aprovado pela câmara de Estocolmo, envolvendo várias parcerias públicas e privadas. Visa implementar o maior número de objetivos ambientais no desenvolvimento de suas estruturas viárias, espaços públicos e de todos os equipamentos sociais, públicos, de comércio e serviços. Possui um edifício dedicado a ser um centro de informação e ensino da comunidade para promover estilos de vida sustentáveis, além de ter um transporte público eficiente, que reduz a necessidade de uso do automóvel individual. Com a implantação do conceito de ciclo fechado do metabolismo urbano, foi criada uma visão mais integrada para o uso de recursos como água, energia e resíduos.

Vesterbo é um bairro localizado na área central de Copenhage que recebeu um processo de renovação e regeneração urbana dentro de um plano global de considerações ambientais. Num contexto multidisciplinar, num processo participativo, grupos trabalharam para a renovação urbana ecológica. O alvo da intervenção, além da mobilidade, foi a busca por eficiência energética e sustentabilidade nos recursos das edificações. O projeto-piloto teve início em dois quarteirões, e depois foi implementado em larga escala. Essa experiência inicial serviu de base para compor um relatório de recomendações e padrões de renovação mais ampla. Muitas ações foram preconizadas para a redução do consumo energético, de água potável e residual, dos resíduos sólidos e para qualificação dos espaços públicos e privados.

A ampliação da permeabilidade do solo e a criação de espaços e paredes vegetados contribuíram para a qualidade do ar, para o tratamento das águas pluviais e residuais, e para um melhor isolamento térmico dos ambientes. Os moradores são responsáveis pela manutenção e gestão de seus espaços, de acordo com a lei. Esse conjunto de ações resultou na redução de emissões de CO² em até 35%.

Duas realidades transformadoras para preservar o planeta e a qualidade de vida.  A cidadania engajada e profundamente participativa para essa transformação deve ser norteada por políticas públicas e regras legais para impulsionar modelos de eficiência e equidade nas práticas político-institucionais e cotidianas. Com a responsabilidade de todos é possível construir um mundo em novas bases, mais éticas, e dentro da capacidade de regeneração do planeta. 

Viva as COMUNIDADES URBANAS que pensam e agem pelas atuais e futuras gerações!!!
Lara Freitas – coordenadora do Ecobairro – www.ecobairro.com.br