Outros natais

No Natal, no começo do século XX, presépios e árvores enfeitavam as casas — ainda não haviam sequer inventado o Papai Noel! As ruas eram todas decoradas com papel de seda, não existiam essas luzinhas. Mas, mesmo assim, tudo era muito lindo! As casas tinham forno de barro no quintal, galinheiro e até a comida era toda preparada em casa. O abate dos animais começava dias antes. A família se reunia para a ceia do dia 24, mas era o almoço do dia seguinte a melhor festa! Minha família era muito grande e se reunia na casa do meu avô, na Humberto I. A festa começava ao meio-dia e terminava só às 9 horas da noite. Parentes e vizinhos levavam seus instrumentos musicais para tocar durante todo o dia, e a comunidade trocava pratos de alimentos. As crianças recebiam de presente sapatos e roupas novas… Depois, elas tinham o dever de percorrer toda a vizinhança para desejar boas festas. Para nós era um prazer, pois ganhávamos em cada congratulação uma moeda, que guardávamos num cofrinho feito de barro. Para nós, crianças, o vizinho era o Papai Noel! Os postes elétricos de ferro eram os nossos fogos de artifício — era costume na passagem do Ano Novo tirar o máximo de barulho dos postes com um martelo —; existe um até hoje na esquina da rua França Pinto com Humberto I. As várias fábricas da região entravam juntas na comemoração, apitando até o amanhecer. Todo mundo comemorava pelas ruas, e era aquela barulheira! 

O Natal do meu tempo de menino era celebrado exclusivamente em graça do nascimento do menino Jesus. Hoje as crianças pensam é nos presentes…