O Carnaval dos anos 30 …

O teu cabelo não nega mulata, porque é mulata na cor. O teu cabelo não nega mulata, mulata quero seu amor!

O Carnaval dos anos 30 do século passado era festejado assim, com marchinhas cantadas por grandes nomes da música brasileira, como Carmem Miranda e sua irmã, Aurora Miranda; por Emilinha Borba, Francisco Alves, Orlando Silva, Carlos Galhardo, Silvio Caldas… Mas quem ganhava o concurso de marchinhas era sempre Francisco Alves, que vinha do Rio de Janeiro para São Paulo só para participar da competição.

As festas aconteciam na Avenida Paulista. Os carros conversíveis e caminhões-baú se enfileiravam, e as mulheres, com fantasias bem comportadas, recebiam galanteios dos homens no meio dos confetes, serpentinas e lanças-perfume.

Os bailes de Carnaval aconteciam nos clubes. Eu frequentava o Esporte Clube Vila Mariana, quando ainda ficava na Rua França Pinto (onde hoje é a loja de instrumentos musicais dos irmãos Vitale), e no Clube Paulista e Paraíso, na Liberdade. Os mais ricos pulavam Carnaval nos bailes do Teatro Municipal, muito sofisticados, aliás..

Tudo com maior respeito e com muita fiscalização. Fazíamos cordões e, ao som das marchinhas, dançávamos até às 4 da manhã, cantando: “Oh, jardineira por que está tão triste? Mas o que foi que te aconteceu? Foi a camélia que caiu do galho, deu dois suspiros e depois morreu …..”.