Minha mãe, como a grande maioria dos italianos que vieram morar na Vila Mariana, era muito religiosa. Toda vez que alguém ficava doente, fazia a mesma promessa: se a pessoa se curasse , iria, com toda a família, até a Igreja de Monte Serrat, em Santos, para assistir uma missa.

A família inteira – meus pais, avós, irmãos, tios e primos -, ia de trem, do SPR. Ocupávamos um vagão inteiro!

Subíamos a montanha a pé – era parte da promessa – levando comida e roupa de banho para, depois da missa, fazer um piquenique embaixo de alguma árvore do Monte Serrat: no balaio, frango, queijo, salame….

Depois, íamos tomar banho de mar nas praias do Gonzaga ou José Menino, ladeadas por imensos casarões. Imagine como era Santos na década de 30…

Todos nós usávamos maiô, só que os das moças, na época, iam até o joelho. Minha mãe, muito puritana, não nadava, pois não gostava de mostrar as pernas. Meu pai, sempre gozador, dizia que, na praia, todo mundo via as pernas das mulheres, menos as da sua!

Tirávamos muitas fotos só para provar para a vizinhança que nosso bronzeado era por causa de nosso banho de mar. Eram passeios inesquecíveis. Eu voltava feliz da vida, queimado de sol.