A Moda
Comecei a trabalhar como barbeiro no começo do século 20, aos 11 anos, no salão meu tio. Uma época em que os homens usavam chapéu, paletó e suspensórios e aparavam os cabelos bem curtos. Já as crianças cortavam o cabelo quase careca, com um topetinho – e só usavam calças curtas!
A moda era o corte de cabelo do ator Rodolfo Valentino, que usava uma costeleta de ponta. Além de muita brilhantina e as loções. As barbearias da época tinham uma prateleira cheia de loções com aromas diferentes e aos sábados ficavam lotadas por causa dos bailes. Os homens cortavam os cabelos, se barbeavam e se perfumavam!
Não havia cabeleireiro e as mulheres freqüentavam as barbearias para cortar seus cabelos – a moda era o corte “Bebê” e À la garçone. Depois veio a moda À la homem – cabelos bem curtinhos. Nos anos 40, a moda era dos cabelos encaracolados. Ajudei muito a fazer permanente. Nesta época, os homens usavam o cabelo “jaqueta” – bem cheio, com asa de pombo – e bigodinho tipo Clark Gable.
Mas foi realmente nos anos 60 que as coisas mudaram: roupas, costumes, os cabelos, que ficaram mais compridos. Com a moda “Jovem Guarda”, cairam muito os cortes na barbearia. Todo mundo queria ter o cabelo do Roberto Carlos!
Eu sempre acompanhei a moda e por isto continuo com o meu salão. Sou considerado o barbeiro mais antigo de São Paulo. Abri meu salão em 13 de dezembro de 1935, na rua França Pinto, depois fui para a rua Rio Grande e depois voltei à França Pinto, 617 – onde estou até hoje. Venham me visitar!