Ministro Orlando Silva
No aconchego de sua casa que fica em uma das vilas entre tantas do bairro, o Ministro do Esporte recebeu o Pedaço da Vila e contou como é o dia-a-dia de trabalho, sua relação com o presidente Lula, a expectativa para a Copa do Mundo em 2014, a necessidade de se investir em esporte no Brasil e, claro, sua relação de amor com a Vila Mariana.
Pedaço da Vila:Quando o sr. chegou a São Paulo e por que escolheu a Vila Mariana para viver?
Orlando Silva: Eu nasci em Salvador e quando entrei em Direito na Universidade Católica de Salvador, em 89/90, comecei a participar do movimento estudantil. Em 92 vim morar em São Paulo, era do Centro Acadêmico e depois do Diretório Central e cheguei para ser da União Nacional dos Estudantes, com sede na Vila Mariana. Foi o meu primeiro contato com São Paulo, dia 13 de junho de 1992, dia de Santo Antônio. Em 95, fui eleito presidente da UNE, e decidi ficar em São Paulo e estudar Ciências Sociais na USP – acabei desistindo do Direito. Assim comecei a me vincular à cidade. Aqui conheci minha mulher, casei e tive minha filha. Durante o período de adaptação, achava São Paulo uma cidade muito fechada, árida. Mas depois de 5, 6 anos por aqui – já estou há 17 – me apaixonei pela cidade. Quando mudei para a Vila Mariana, encontrei tudo o que precisava e passei a me integrar a São Paulo, uma cidade do mundo à frente do seu tempo e que não deixa a dever para nenhuma outra em vários aspectos.
P.daVila:Qual sua relação com o bairro?
O.S.: Eu trabalho em Brasília desde 2003, quando o presidente Lula foi eleito e me convidou para participar da equipe. Eu o conheço há uns 20 anos. Fui trabalhar como o número dois do ministério, o chamado secretário executivo, que organiza todas as coisas para o ministro. Na virada do primeiro para o segundo mandato, o ministro saiu para se tornar candidato e eu assumi. Isso impõe uma rotina que, pelo menos de segunda a sexta, eu estou fora de São Paulo: terça, quarta e quinta em Brasília; às segundas-feiras cumpro agenda aqui em São Paulo e pelo Sudeste e às sextas-feiras, pelo Brasil. O país é muito grande e uma forma do governo de estar perto, é acompanhar inaugurações, assinar convênios, conhecer projetos etc. Geralmente viajo a semana toda. Sábado e domingo eu procuro, com o máximo das minhas energias, ficar em São Paulo, é a chance que tenho de ficar perto da minha família, principalmente da minha filha que ainda é muito pequena. E aí, normalmente, a gente mergulha aqui no bairro. Tanto que já conhecemos grande parte dos restaurantes da região, como aquela batataria da rua Áurea. Nós temos tudo aqui. O SESC é uma referência para a gente, o Ibirapuera é outra opção. Faz mais de 7 anos que vivemos nesta casa.. Morávamos em um prédio na Bela Vista, mas queríamos uma casa. Um amigo morava nessa vila e tínhamos vontade de vir para cá. Quando vagou essa casa não pensamos duas vezes! Aqui tem uma vizinhança direta e muito querida. Sempre fazemos festas, Festa Junina, churranco, há um clima de comunidade no bairro. E o impressionante é que a Vila Mariana fica no coração de São Paulo!
P.daVila:Do que o sr. sente falta aqui no bairro?
O.S.: Sinto falta de uma ciclovia, acho que a Vila Mariana deveria ter uma. Tenho uma bicicleta e só posso sair com ela à noite para andar pelas ruas periféricas. Isso eu já conversei até com o pessoal da prefeitura. A topografia é diferente aqui na Vila Mariana, mas eu acho que a gente deveria ter algum tipo de espaço para circular, pois é muito importante. O bairro é muito perto da Av. Paulista e do Centro. Uma ciclovia facilitaria muito o acesso até esses lugares. Outra opção é uma ciclovia até o Parque Ibirapuera, pois é super perigoso ir pedalando até lá. Eu mesmo já tentei ir, mas desisti. Seria melhor até para o próprio parque, pois seriam menos carros parados por lá.
P.daVila: Como é o dia-a-dia de um ministro?
O.S.: É muito concentrado e cansativo, pois tenho uma dimensão administrativa, que é assinatura de contratos, convênios e licitações, acompanhamento de obras e gestão de pessoas. São mais de 500 pessoas para administrar, motivar, estimular e organizar. Tenho uma dimensão política, por exemplo: minhas quartas-feiras são quase todas dedicadas ao Congresso Nacional. Temos que atender deputados, senadores, governadores. No ano de 2008, atendemos 450 parlamentares. O esporte tem uma particularidade, como é um tema que mobiliza muitas pessoas, muitos políticos tem interesse no assunto. As obras são rápidas, então os políticos conseguem trabalhar e mostrar para a sociedade o trabalho deles. Outro pedaço do tempo diz respeito a projetos que tenham repercussão como os programas do ministério: a Copa de 2014 e a candidatura do Rio para as Olimpíadas de 2016. São projetos que consomem muita energia de toda a equipe. E se soma a isso muitas viagens. Eu sou muito conservador para fazer viagens internacionais, mas é difícil você não viajar uma vez a cada dois meses para cumprir alguma agenda. Eu já fui presidente do Conselho de Ministro das Américas, nas Olimpíadas, fui para Pequim e depois voltei para o Brasil; aí fui para os jogos Paraolímpicos pouco tempo depois. Isso acaba consumindo muita energia. É muito cansativo, mas ao mesmo tempo muito prazeiroso quando vemos os resultados. Outro dia fui para Manaus e pude conhecer um parque que nós ajudamos a fazer. A terceira idade lotando a piscina, a criançada brincando. Quando eu vejo esses resultados não há cansaço que me deixe para baixo. Então é uma agenda muito concentrada, tem muitas viagens, muitas tarefas administrativas, muito tempo que se gasta com relação política, com projetos especiais e muito contato com setores interessados em apoiar, patrocinar. Tem vantagens e desvantagens. Em alguns dias eu não consigo almoçar e nem jantar. Já em outros, chego a almoçar duas vezes, pois os compromissos acabam sendo as refeições.
P.daVila: Quando acontecem as reuniões do presidente Lula com o Ministério?
O.S.: Não tem uma periodicidade bem definida, mas a cada dois meses ele reúne todo o ministério. A última reunião teve como pauta a crise internacional e sua repercussão no Brasil. Discutimos os investimentos desse ano e as obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Então em um intervalo de dois ou três meses ele junta todos os 37 ministros em uma sala e discute. É muito comum fazer despachos pontuais. Recentemente tivemos a visita do presidente da Fifa e, por isso, me reuni antes com ele. Trabalhamos muito durante os vôos com o presidente, pois o Lula é hiperativo e durante as viagens internacionais, ele não dorme. São longos despachos que fazemos no gabinete dentro do avião. O bom é que a gente conversa mais, fica mais próximo e trata até de temas pessoais. Mas é uma oportunidade de trabalhar bastante.
P.daVila: Na sua opinião, qual a possibilidade de São Paulo sediar a abertura da Copa do Mundo de 2014?O.S.: Dia 20 de março a Fifa vai reunir o comitê executivo e dizer quais serão as 12 sedes da Copa. Várias cidades apresentaram projetos muito bem estruturados, entre eles o de São Paulo. O governador Serra falou que tem muito interesse que a abertura seja aqui. São Paulo é a maior cidade do Brasil, tem o melhor futebol do Brasil, com o campeonato estadual de melhor nível técnico e média de público. A cidade tem boa infra-estrutura, dois grandes aeroportos e ainda está em curso a preparação de um trem de alta velocidade que vai unir Rio e São Paulo e São Paulo a Viracopos, em Campinas, possibilitando a utilização de mais um aeroporto. Então São Paulo tem muitas condições de sediar a abertura. Eu, como paulistano de coração, torço muito pela cidade, mas existem outras que estão na briga. Brasília busca sediar com o argumento de que é a capital do País, pois nunca houve Copa do Mundo sem a capital. Lá tem a base dos corpos diplomáticos de vários países. Brasília tem facilidade de acesso para o estádio, que é no centro da cidade, e tem um aeroporto importante. Ela não tem a mesma tradição no futebol, o mesmo apelo de torcida que São Paulo. Não tem também uma coisa marcante que é a formação de uma sociedade com tantos povos diferentes. Há 130 anos São Paulo era uma cidade tímida. Mas hoje, com as imigrações, acabou florescendo e se tornou a cidade de todos os povos, de várias tradições. É a cidade síntese do Brasil, que melhor representa nossa diversidade cultural, étnica e econômica. Meu palpite, tirando o papel de ministro, é que São Paulo deve ser a sede de abertura da Copa, pela sua infra-estrutura, tradição no futebol e diversidade de povos.
P.daVila: Quanto será disponibilizado para investir na Copa de 2014 e como se dará a participação do governo nisso? Os estádios serão construídos com dinheiro público?
O.S.: Eu tenho uma tese desde que o Brasil foi escolhido para ser a sede da Copa do Mundo: o governo deve investir em infra-estrutura e serviços públicos que, depois, ficarão para a cidade, o Estado e a sociedade. Acredito que o governo deve investir nesses itens e o setor privado, em estádios e serviços que tenham uma natureza privada. Eu digo isso, pois a Copa do Mundo não acontece só dentro do campo. Temos que ter aeroportos de melhor nível e portos bem estruturados, pois muitos transatlânticos podem cumprir o papel de hotéis, substituindo outros que poderiam ser construídos e depois ficariam ociosos. É necessário melhorar as estradas, pois entre um jogo e outro há intervalo de três dias e tem seleções que serão eliminadas e os torcedores continuarão no país. Se eles tiverem estradas boas podem circular por esse imenso Brasil. Investimentos em telecomunicações e serviços urbanos são muito importante para cada cidade e a Copa do Mundo é uma oportunidade de antecipá-los, pois mais cedo ou mais tarde eles precisam ser feitos. Nós acreditamos que o setor privado deveria investir naquilo que ele pode explorar, como crescer o número de leitos em hotel e construir estádios multifuncionais. O governo não tem nada a ver com estádios. A cidade de São Paulo, por exemplo, tem o Pacaembu que a prefeitura está tentando fazer acordo com o Corinthians, pois o estádio é um prejuízo mensal para os cofres públicos. Ao invés de gastar dinheiro com estádio, o governo deve investir em educação,esporte, saúde e atividades que ajudem no desenvolvimento social e econômico da cidade. Acredito que estádios ou arenas multifuncionais são espaços não só para o futebol, mas para outras atividades e um empreendedor privado poderá administrar esse tipo de equipamento e ganhar dinheiro com isso. Aqui em São Paulo a situação é mais simples, pois o estádio escolhido é o do Morumbi. Ele já é privado e nem que eu quisesse poderia investir nele, pois a lei não permite dinheiro público para construção de interesses privados. Da cidade de São Paulo para o Sul do Brasil você tem os estádios privados em todas as regiões. No Norte e Nordeste há muitos estádios do governo e eu tenho estimulado que façam concessões, nos moldes das estradas. No Rio e em Minas eu sei que vai acontecer isso. Concessões para esses equipamentos desoneram o governo. Com relação ao investimento que será disponibilizado para realizar as obras, nós ainda não temos o valor exato. Só poderemos definir quando a Fifa divulgar quais serão as 12 cidades, pois cada uma delas tem sua necessidade. Tem cidades que o problema é o porto, outra é o aeroporto, outra o metrô. Em função do que for necessário para adequar a cidade, conforme as vontades da FIFA, é que teremos um número fixo de investimento. O bom é que os aeroportos do Brasil já vivem uma fase de renovação. Aqui em São Paulo temos como exemplo o de Congonhas. Os portos já têm um plano de investimento. O presidente Lula quer concentrar os investimentos em mobilidade urbana. Ele acredita que a Copa deve ter como legado principal dar mobilidade urbana às cidades. Ele fala de metrô, veículos sobre trilho; sobre pneu, corredores, trens. O presidente está muito focado nisso e quer que, logo depois da decisão da Fifa, nós anunciemos o PAC da Mobilidade Urbana, um projeto de investimentos que espera revolucionar o sistema de transporte das cidades sedes.
P.daVila: As concessões feitas nos estádios seriam semelhantes a da que foi feita no Estádio do Engenhão com o Botafogo?
O.S.: Sim, mas é necessário se discutir o modelo de concessão. O estado tem que arrecadar um valor com essa concessão que valha a pena. No Engenhão foram investidos quase 500 milhões e, na prática, ele foi quase doado para o Botafogo. Eu prefiro o modelo que é feito nas estradas, com leilões. A filosofia é a mesma do Engenhão, mas o modelo de concessão deve ser mais generoso com o estado, que nesse caso foi quase lesado. O valor foi muito pequeno.
P.daVila: Até a Copa de 2014 teremos uma eleição para a presidência. Isso pode de alguma forma atrapalhar os preparativos que começarão ainda na gestão do presidente Lula?
O.S.: O Brasil é uma democracia consolidada e hoje é muito claro que os compromissos são do estado brasileiro. Não é do presidente Lula ou do próximo presidente. Tanto assim que a própria legislação brasileira criou um instrumento que chama Plano Plurianual, o chamado PPA, que prevê sempre os próximos quatro anos de investimento. Então, por exemplo, nós temos o orçamento de 2009 aprovado no Congresso e ano a ano são aprovados os outros orçamentos. No entanto, a cada dois anos há uma revisão do PPA e se projeta os próximos quatro anos, o que será feito de investimento nas várias áreas. E como a democracia brasileira não é monolítica, ou seja, há uma diversidade de atores, dos mais variados partidos, participando desse governo, acaba facilitando esse diálogo. Então, por exemplo, o governador José Serra é um provável candidato a presidência em 2010 e já acompanha esse processo da Copa de perto; a ministra Dilma Roussef, também – dizem que ela pode ser candidata. Outros políticos também estão a par. Como o compromisso é do País e o governo vai investir em infra-estrutura e necessidades públicas, a cidade que receber o evento só tem a ganhar.
P.daVila: Como incentivar os pequenos atletas a serem futuros medalhistas?
O.S.: O esporte como política pública é um tema novo. Práticas corporais são seculares, sempre existiram no mundo todo – eu sempre dou o exemplo da carta de Pero Vaz de Caminha que fala dos jogos e das brincadeiras dos povos nativos. Mas o esporte que conhecemos hoje tem um pouco mais de cem anos, pois a atividade física servia ou para a preparação das forças armadas, dos corpos militares, ou como caráter de lazer, para ocupar o tempo livre da aristocracia. Sempre foi assim. O século XX introduziu a noção da atividade física com o objetivo de habilitar traba- lhadores. Aqui no Brasil, por exemplo, a atividade esportiva foi normatizada em 1941, em um decreto do presidente Vargas, ele dizia que a atividade física deveria servir para disciplinar as classes trabalhadoras. Essa ideia de esporte para todos é uma coisa do pós-guerra e surgiu na Europa nos anos 50 e 60. Foi um movimento que cresceu bastante e, em 1978, a Unesco produziu a Carta Internacional da Educação Física e do Esporte, afirmando que a atividade deveria ser um direito de todos. Assim o esporte foi incorporado na agenda pública. No Brasil, a primeira vez que o esporte aparece como lei é na Constituição de 1988. Então, comparado com outros direitos sociais, é um tema recente: ministério é de 2003! Era Esporte e Turismo ou Esporte e Educação, sempre secundário. Isso acaba retardando o avanço da política do esporte, que sofre dos mesmos problemas que o Brasil. Se você andar pela periferia das grandes cidades vai ver que não existem bibliotecas, museus, teatros. Então, a criança quer ler, mas não tem livro, a criança quer assistir ao teatro e não tem a peça, criança que quer praticar esporte, mas não tem quadra. Vivemos em grande desigualdade. O esporte ainda está engatinhando. No primeiro ano do ministério nosso orçamento era de 371 milhões de reais, em 2008, foi para 1 bilhão e 400 milhões de reais. É motivo de muita comemoração, mas ainda é pouco, porque se você observar o déficit de piscinas, quadras e pistas que existem, ainda é necessário fazer muito pelo esporte. Não existem equipamentos esportivos em escolas, para a aula de educação física. Existe a necessidade de mais investimentos na atividade esportiva, em infra-estrutura e qualificação de profissionais. A atividade física deve ser monitorada por profissionais, pois existe o risco de expor a saúde de jovens quando não se realizam os exercícios de forma correta. É preciso diversificar parcerias, sobretudo através do investimento privado. A Lei do Incentivo ao Esporte foi pedida há 40 anos, assim como à Cultura. Mas a lei de incentivo à cultura já foi implantada há mais de 20 anos e aos poucos ela foi crescendo. A do esporte teve o primeiro ano em 2008. A lei foi aprovada no final de 2006 – depois de uma guerra! -, regulamentada em 2007, e em 2008 foi um ano pleno. O empresariado ainda está tímido no investimento e espero que ele possa participar mais, até porque a lei é muito boa. Tudo o que você colocar no projeto é descontado do imposto de renda. É bom para o empresário que se associa a marcas e imagens positivas. Aqui em São Paulo os clubes Pinheiros e o Paulistano conseguiram aprovar dois projetos, tanto que grandes atletas como Daiane dos Santos, Jardel Gregório, Tiago Camilo e Leandro Guilheiro vieram treinar no Pinheiros. Os empresários já começam a se sensibilizar com a lei de incentivo aos esportes.
P.daVila: Mas o governo tem suas responsabilidades…
O.S.: Essa é a questão que eu penso ser decisiva: é preciso que além do setor privado, os governos deem as mãos. Nós do Ministério do Esporte temos um projeto chamado Bolsa Atleta. Um atleta que não tem patrocínio e com bom rendimento nacional ou internacional recebe uma bolsa do governo. Isso vale para estudantes, universitários, nacional, internacional, olímpico e paraolímpico. Só que o Governo Federal cuida dos atletas no âmbito nacional. No Estado tem que ter um apoio, uma bolsa para os melhores atletas, assim também como nos municípios. Se for assim, de mãos dadas, você vai ter um suporte para os atletas. O Bolsa Atleta em 2008 conseguiu que todos os atletas aptos recebessem a bolsa. Agora, só recebe a Bolsa Atleta quem não tem patrocinador – a metade da seleção feminina de futebol recebe. Então as cidades e estados precisam ajudar. O Flamengo, por exemplo, gastava 70 mil reais por mês para manter a ginástica – esse dinheiro não deve pagar nem o salário de um jogador reserva do time profissional de futebol… E mesmo assim o clube decidiu não investir mais no esporte. Agora, a Prefeitura de Niterói abraçou o projeto e vai investir nos atletas. Não adianta reclamar do governo se os clubes não investem. A gente fica em cima de todas as estatais para que elas adotem pelo menos duas modalidades e patrocinem os atletas de ponta. É uma outra forma direta do governo apoiar. Era bom que a Sabesp ou a SPTuris apoiassem algum atleta também aqui em São Paulo. Ou se promove um mutirão “todos pelo esporte” ou então não adianta. O Brasil não pode fazer uma Olimpíada e passar um papelão. É natural que quando um país sedia os Jogos Olímpicos, aumente o nível dos atletas. Nós acreditamos que quando se faz um grande evento, você força o debate, a discussão sobre algumas questões. É feito um debate sobre o papel do estado e do setor privado. Força um debate inclusive sobre um tema muito importante que é a questão da gestão. Muito se fala do dinheiro, mas dinheiro não resolve todos os problemas. Se você não tiver competência, muito dinheiro é jogado fora. Hoje o que nós debatemos é vincular o financiamento público ao sistema de metas e ao contrato de gestão. Porque veja, se você tem uma empresa e não consegue ter competência no gerenciamento acaba perdendo dinheiro. Só que quando você tem uma entidade que vive do dinheiro público, ela acha que não precisa prestar contas a ninguém – mas o dinheiro é público! Tem que ter metas. Tem gente que trata dinheiro de uma maneira que eu duvido que trataria da mesma forma se esse dinheiro não fosse público. Por isso, o presidente Lula pediu para que nos tomássemos medidas para buscar mais eficiência e melhores resultados.