Fábio Augusto Martins Lepique

O subprefeito mais jovem da cidade de São Paulo tem, aos 33 anos, um currículo invejável. Entrou para a política em 1994 e, desde então, já trabalhou no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foi secretário-adjunto de Geraldo Alckmin e, em menos de três meses na subprefeitura de Vila Mariana, imprimiu uma gestão mais dinâmica, moderna e inovadora, que inclui o blog http://subdavilamariana.zip.net para que os munícipes possam contatá-lo diretamente

Pedaço da Vila: O que mais lhe impressionou desde que tomou posse como subprefeito?
Fábio Lepique: Primeiro a disposição da sociedade em me receber bem. De fato eu tive uma acolhida bem melhor do que mereço e vou realmente me esforçar para corresponder. Impressiona também a organização dos moradores da Vila Mariana em associações e sociedades de amigos locais. Esse é o caminho. Em cada ponto da Subprefeitura que eu visito, sempre tenho ótimos interlocutores, sendo que a maioria deles bem-informados sobre seus direitos e deveres, gente séria. Há alguns poucos que não são tão sérios assim, mas são poucos. Também diria não necessariamente impressionado, mas muito empolgado pela responsabilidade a mim conferida na gestão de uma região que é uma verdadeira cidade com mais de 300 mil moradores e com uma população flutuante que chega a 1 millhão de pessoas.

P.daVila: O que de melhor tem o bairro e quais os seus maiores problemas?

F.L.: O que a região tem de melhor são seus habitantes e os demais munícipes que se servem dela, quer como trabalhadores quer como usuários de serviços. Uma população consciente e portanto muito parceira. Também acho fascinante a força da Cultura aqui na Vila Mariana. Diria que aqui somos a mais cultural das subprefeituras. Seus problemas, não há um maior, mas são os da cidade de São Paulo em geral, bolsões de pobreza (pequenos felizmente), comércio ambulante ilegal, comércio irregular, poluição visual e sonora, questões como calçamento irregular, buracos em ruas, enfim, problemas que fazem o cotidiano de uma administração.

P.daVila: O que está fazendo para resolvê-los?
F.L.: Trabalhando, trabalhando muito. Fazendo uma pequena reforma administrativa para poder enfrentá-los de maneira mais eficiente. Definindo prioridades e realizando um novo planejamento de nossa força de trabalho. Precisamos ampliar as ferramentas de TI (Tecnologia da Informação) aqui na subprefeitura. E batalhando para um suplementação orçamentária junto ao Prefeito Kassab e ao Secretário Andrea Matarazzo.

P.daVila: A Prefeitura declarou guerra à poluição visual. Qual é o papel da subprefeitura?
F.L.: Lancei um desafio à minha equipe de tornar a Vila Mariana a subprefeitura mais limpa de São Paulo e esse combate à poluição visual é parte desse desafio. Já foram abertos mais de 100 processos contra outdoors. Temos multado também por colocação de faixas irregulares e a multa é de R$ 500,00 cada faixa. Um restaurante campeão foi autuado 24 vezes. Merece o troféu Porcolino. Também como parte da mega operação conjunta da Prefeitura de São Paulo, neste último dia 3, com foco apenas nas Avenidas 23 de Maio e Moreira Guimarães, foram procedidas 10 intimações com multa por publicidade irregular, raspados 20 metros de lambe-lambe, retirados 2 outdors, pintados 20 metros de muro, retiradas 3 faixas e feitos “tarjamento” em 10 outdoors. Isso só em um dia! Estas operações já são rotina e não acabarão enquanto houver irregularidades.

P.daVila: O sr.disse que o combate aos ambulantes ilegais é uma das suas prioridades. O
que está fazendo?

F.L.:
Estou atento ao problema ao comércio ilegal. Já foram feitas ações nas ruas Pedro de Toledo, Domingos de Moraes, Estação  Santa Cruz e entorno do Parque Ibirapuera, sempre com o apoio decisivo da Guarda Civil Metropolitana, Policia Militar e Civil, CET e Administração do Parque. Desde então já foram recolhidos 12 veículos, 4 trailers, 29 barracas fixas, 5 bancas, 8 barracas móveis, 7 carrinhos, 2500 CDs e DVDs piratas e mais de 500 unidades de mercadorias contrabandeadas. Também apreendemos 120 bicicletas que estavam sendo alugadas irregularmente no entorno do Parque. A Subprefeitura de Vila Mariana não vai tolerar o comércio ambulante ilegal. Eu até sei que, comparado com outros bairros da cidade, o nosso problema ainda é pequeno. Mas acho que é isso mesmo, grandes problemas devem ser enfrentados enquanto eles ainda são pequenos, porque depois… Outra coisa, apesar dessa ação contínua contra o comércio ambulante ilegal , há um plano para a legalização da atividade, o Programa Ambulante Legal, que vai disciplinar a atividade de quem já tem o TPU, o termo de permissão de uso. Assim que inaugurarmos o Banco do Povo da Vila Mariana esse projeto começa a entrar em execução e eu darei mais detalhes.

P.daVila: As ruas do bairro estão às escuras. O sr. tem alguma coisa a dizer sobre o problema?

F.L.: O projeto de iluminação da Vila Mariana é antigo e, talvez por isso, a sensação é de que as ruas estão às escuras. A Vila Mariana não tem rua sem iluminação, mas com problemas pontuais de iluminação. A Prefeitura deve em breve abrir uma concessão na área, o que deve melhorar em muito o serviço. Também as podas de árvores continuam sendo feitas o que vai paulatinamente minimizando o problema. 

P.daVila: A Vila Mariana tem inúmeros equipamentos culturais, muitas vezes mal aproveitados. Em sua gestão, o que será realizado nesta área?

F.L.: A Subprefeitura da Vila Mariana vai reformar e revitalizar suas 3 bibliotecas. Vamos incentivar o Teatro João Caetano, instalar um Cinema Comunitário na Biblioteca Viriato Correa e ampliar as atividades culturais. Vale a pena citar o Festival de Inverno da Vila Mariana (veja matéria na pág. 9) que realizamos em conjunto com o Pedaço da Vila. Vou incentivar muito a área cultural aqui do bairro. Uma das idéias, que está bem madura, é a instalação de um Centro de Memória e Cultura da Vila Mariana. Pretendo ser mais do que um zelador do bairro e conto com a comunidade para isso. Acredito que a ação cultural vai ser o forte da nossa gestão.

P.daVila: O Parque das Pedras, obra da artista plástica Amélia Toledo, localizado no “baixo Cebolinha”, não tem nem 5 anos e já está totalmente abandonado. O sr. tem algum projeto para melhoria do local?

F.L.: Tenho. Estivemos lá recentemente com a Amélia Toledo. Fiquei muito mal impressionado e um pouco triste com o desrespeito à artista, que é uma pessoa fantástica e foi muito gentil comigo. Eu, como subprefeito, encarnava ali alguém que representava um compromisso não assumido, o de cuidar das obras. Fiquei mesmo chateado, mas a boa notícia é que o projeto de revitalização do local está pronto se tudo der certo anuncio em breve o patrocinador. Só não falo quem é para não dar azar, mas posso adiantar que é alguém do setor de mídia. Vamos recuperar o local.
   
P.daVila: O sr. acaba de lançar um blog. Qual é o seu propósito?

F.L.: Há pouco mais de dois meses fui nomeado para a Subprefeitura da Vila Mariana, sucedendo o meu amigo Chico Marsiglia. Como eu já disse, uma verdadeira cidade, onde os números são sempre superlativos. Acho importante passar alguns dados. Temos uma área de 26 km2, com quase 400 km de vias pavimentadas, 550 mil m2 de áreas ajardinadas com mais de 50 mil árvores. Só a parte de drenagem é um mundo: se as galerias de águas pluviais estivessem em linha reta as águas da chuva aqui da Vila Mariana desembocariam lá em Peruíbe – 117 km de galerias com 12 mil bocas de lobo! São 13 escolas municipais, três bibliotecas públicas, nove estações do metrô, a maior rede de ensino privado da cidade, e assim vai… Apesar de uma subprefeitura tão grande e tão complexa, é muito importante tentar um contato mais direto com moradores e freqüentadores dos nossos três distritos. Todos os dias, nas primeiras horas da manhã ou à noite, tenho visitado os bairros para ver e ouvir, pessoalmente, problemas e soluções. A tese é a de que quem ouve mais, erra menos. Mas com uma população desse tamanho é impossível o subprefeito atender a todos individualmente. Por isso, pretendo melhorar nossa estrutura de comunicação na subprefeitura, e esse blog é mais um instrumento de interação. Nós estamos em uma região onde a inclusão digital é muito grande e precisamos estar antenados com essas novas
ferramentas. Periodicamente tenho abordado temas de interesse comunitário. São assuntos
mais específicos como Autorama, Parque do Ibirapuera, 23 de maio, bairro universitário etc, ou temas mais gerais, como segurança, infra-estrutura urbana, transportes, cultura, esportes, educação, saúde, e outros. O importante é a participação do munícipe, criticando, elogiando, demandando. A transparência na vida pública não pode ser só um discurso vazio, como se tornou usual na política antiga.