Presente para a Vila Mariana

O Centro Universitário Belas Artes inaugurou a primeira biblioteca infantil multilíngue da América Latina, um espaço de estudos onde crianças e adolescentes têm à disposição um acervo de 14 mil livros e obras em 10 idiomas. “Umacelebração à leitura, elemento essencial à busca da criatividade”, destacou o reitor, Paulo Antonio Gomes Cardim.

No dia 9 de agosto, um grande evento marcou a inauguração da Biblioteca Infantil Multilíngue Belas Artes, o primeiro espaço da América Latina com livros em diversas línguas para crianças e jovens de até 18 anos. A sessão solene contou com as presenças da Ministra da Cultura, Marta Suplicy, do reitor, Paulo Antonio Gomes Cardim, e da chefe do Centro Gestor da Informação da Belas Artes, Leila Rabello.

Leila iniciou a solenidade lembrando que, há 13 anos, quando chegou à instituição, existiam cerca de 11 mil obras em uma única biblioteca. “Hoje possuímos um centro gestor de informação que contempla doze unidades informacionais certificadas desde 2004 pela norma ISO 9001, com aproximadamente 140 mil obras.” Ela agradeceu  e parabenizou  os dirigentes da Belas Artes. “Em especial o magnífico reitor, o Dr. Paulo Antonio Gomes Cardim, e a assessora institucional, Patrícia Cardim, por mais uma biblioteca na cidade de São Paulo; essa inédita!”. E destacou, também, o auxílio dos parceiros que contribuíram para a inauguração da Biblioteca Infantil Multilíngue da BA. “Como Abril Educação, o jornal O Estado de São Paulo, Maurício de Souza Produções, Folha de São Paulo, Editora Panda Books, Editora Cosac&Naify, Editora Reflexão, Crescer Informática, dentre outros, aos demais doadores que não puderam estar presentes e também a todos que nos enviaram a sua bibliografia, como Ziraldo, Ruth Rocha, Ana Maria Machado, entre tantos outros.” 

A chefe do Centro Gestor falou sobre a dedicação da idealizadora da biblioteca infantil, Eduarda Porto Souza. “Tive o prazer de conviver com a Duda e com tantas malas de livros que ela nos trazia todas as semanas. A cada abertura de malas, caixas e sacolas, novas surpresas surgiam. Assim temos a certeza de que a biblioteca infantil será considerada um dos espaços infantis mais fascinantes da Vila Mariana, pois difundirá a leitura e formará leitores; e somos o que lemos.” Leila disse que considera a biblioteca infantil uma grande caixa de brinquedos. “Sim, porque ler é brincar, criar, aprender, e é isso que se espera desse espaço: que crianças e jovens incluam em suas atividades de lazer e entretenimento o livro e a leitura.” 

A ministra Marta Suplicy agradeceu imensamente por participar da inauguração de uma biblioteca infantil. “Quando é inaugurado algo que vai além e cria um espaço privilegiado, as pessoas que moram na comunidade se apropriam no mesmo instante. E é muito bom que essa iniciativa não foi de uma pequena biblioteca infantil, que reúne um monte de livros que não têm nada a ver, como muitas que são criadas por esse Brasil. Mas essa será uma biblioteca que terá uma curadoria, com uma meta, e grande quantidade de livros. Portanto, eu parabenizo a iniciativa da Belas Artes.”

Em seu discurso, a ministra fez questão de lembrar do momento de transição por que os brasileiros estão passando. “Que vai desde as manifestações de rua até o momento em que estamos deslanchando no século XXI. E nós não sabemos o que vai acontecer, se a gente for pensar na rapidez com que as coisas estão se transformando. Estamos todos apreensivos porque não temos ideia de como será.” Contudo, de acordo com a ministra, quando se trata de livros, é muito importante que haja um esforço para que as novas e futuras gerações não abandonem o hábito, porque têm tudo para fazê-lo. “Eu entrei no Ministério da Cultura com uma percepção muito clara de que a minha tarefa seria dar mais acesso à cultura para aquelas pessoas que não têm, mais condição para quem produz cultura e não tem infraestrutura para produzi-la.” Para isso, foi aprovado o Sistema Nacional de Cultura, o Vale cultura — sistema que vai utilizar incentivos fiscais para quem ganha até cinco salários mínimos — e houve a ativação do projeto CEUs das Artes. “O Sistema Nacional de Cultura é como um SUS para a saúde, ou seja, visa estruturar a cultura, porque vai permitir uma ligação entre União, Estados e Municípios.”  

A solenidade foi finalizada com as palavras do reitor, Paulo Antonio Gomes Cardim: “À medida que crescemos, muito de nossa memória se guarda em lugares que pouco acessamos.  Mas todos nós temos dentro de nossa história muito a resgatar.  Desde muito antes de aprendermos as primeiras letras e as suas infinitas combinações, já somos senhores da maior beleza humana, que tudo move: a imaginação! É dela que surgem as invenções, as histórias, a própria sociedade.  O homem adquiriu o poder de transformar essa mágica — a imaginação — em maravilhosas porções, armazenadas em ideias que geram histórias, que dão a luz aos livros.  E que mundo mais maravilhoso será o nosso se tivermos, em torno de nós, espaços nos quais pessoas de todas as etnias,  idades,  credos,  gêneros  possam se alimentar da fantasia, do valor revigorante e criativo da leitura”.

O reitor frisou que desde a criação da Belas Artes, no início do século XX, o seu fundador, Pedro Augusto Gomes Cardim, não poupava esforços e imaginação para valorizar a educação no país.  “Incontestável alicerce dessa Escola, o conjunto de bibliotecas Belas Artes são para nós, e para a nossa comunidade, verdadeiros templos de conhecimento, imaginação e inspiração criativa. É com esse espírito que o Centro Universitário Belas Artes 

de São Paulo acolheu o projeto da Biblioteca Infantil Multilíngue Duda Porto de Souza, que contou com a colaboração direta da nossa assessora institucional Patrícia Gomes Cardim Anastasi Martins, e 

assim foi integrada ao nosso Sistema de Bibliotecas.” 

Para ele, o evento de inauguração da Biblioteca Infantil Multilíngue foi marcado como uma celebração à leitura, elemento essencial da busca pela criatividade, formação cultural e artística dos cidadãos.  “Os laços educacionais que nos identificam perante o Ministério  da  Cultura  encontram-se  configurados  em dois simples vocábulos, mas de grandeza incomensurável:  Arte e Cultura que se solidificaram  no  tempo e  que  têm  sido  o  apanágio  da  Belas  Artes  desde  os idos  de  1925.  Desde o 23 de setembro daquele ano, quando se reuniu Pedro  Augusto  com  figuras  ilustres,  entre  elas Benedito Calixto Filho,  Menotti Del Picchia e Mário de Andrade, e lançou os fundamentos da então “Academia  de  Belas  Artes  de  São  Paulo”. 

O reitor explicou que a Biblioteca Infantil Multilíngue Duda Porto de Souza foi idealizada para servir como uma importante peça na grande engrenagem que forma a cultura do país, para contribuir com a criação de hábitos de leitura em crianças e jovens, e para ser um espaço de estudo aos interessados em literatura infantil, em artes gráficas, em desenhos e ilustrações, em espaços infantis. Será também uma vitrine com tendências para o mercado editorial.

“Papa Francisco disse há pouco  no  Brasil  que  a Igreja  deve  ir  para  as  ruas,  deve  mostrar  aos jovens o valor da fé.  E não importa a religião, mas a fé que as pessoas têm, o respeito, o empenho em fazer algo pelo outro, por todos.  A educação também deve ir sempre às ruas — ver o mundo como ele é — e deve trazer as ruas para dentro das salas de aula, fazendo parte da vida de cada um, do desejo de um Brasil melhor. A nova biblioteca, com a qual o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo tem a honra de presentear a comunidade, é o caminho para estimular novas gerações.”  E concluiu sua fala com outra frase do papa Francisco:  “A juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo.”

Realização de um sonho!

Tudo começou quando a jornalista Duda Porto colocou na internet o projeto para uma biblioteca infantil multilíngue.  “Ele chegou aos cuidados da Patrícia Cardim, que foi extre-mamente receptiva à ideia. Foram quatro anos escrevendo para editoras e arrecadando títulos durante as viagens que eu fiz. Além disso, diversos amigos que viajavam também traziam livros, e a gente foi montando. Atualmente nós temos cerca de 14 mil livros!”, conta Duda.

Segundo a idealizadora, o objetivo é ter um acervo muito vivo e que proporcione ações interativas, como a vinda de escritores. Desde sua inauguração, passaram pela biblioteca Patrícia Auerbach, para fazer a leitura do livro O lenço, e Luana Piovani, para ler o livro Mania de Explicação, assinado pela roteirista e escritora Adriana Falcão.

“São Paulo é uma cidade muito rica, com pessoas de diversos lugares, e essa mistura cultural é muito profunda, tanto que, na nossa relação com os consulados, descobrimos que há muitas crianças que não sabem onde encontrar livros escritos na língua materna delas”, explica. Até o momento, há livros de 10 idiomas, além de obras em braille para crianças cegas. 

“A ideia é que a biblioteca abrigue uma programação semanal de oficinas, contação de histórias, sessões de autógrafos e encontros com personagens”, adianta. 

As crianças poderão emprestar até 5 livros por vez, com prazo de 15 dias para a devolução. Adolescentes, inclusive, poderão fazer a carteirinha sem a presença dos pais, apenas levando um termo de responsabilidade assinado por seu responsável. 

Doações de livros infanto-juvenis, em qualquer língua e em bom estado (que não sejam de ficção) também são bem-vindas!

Biblioteca Infantil Multilíngue Belas Artes: de segunda a sexta, das 9h às 18h. Aos sábados, das 9h às 16h.

Rua Dr. Álvaro Alvim, 90. Vila Mariana, São Paulo.

www.bibliotecainfantil.com.br