Substantivo feminino
Março, mês em que se comemora, em 8 de março, o Dia Internacional da Mulher! Então, decidi homenagear as mulheres cozinheiras, profissionais ou não, que me influenciaram e deram apoio para eu entrar nesta profissão há mais de 20 anos!
Quando morei na Inglaterra, onde comecei a me interessar pela cozinha, assisti a uma entrevista na BBC. Nela, um chef de cozinha, estrelado, explicava por que as mulheres não faziam parte do mercado de trabalho da gastronomia.
Entre outras tolices, ele afirmava que as mulheres eram muito emocionais e não conseguiam seguir as técnicas e as receitas corretamente. E ainda: por serem muito frágeis, elas possuem mãos quentes — o que é ruim para o manejo dos ingredientes na hora da execução. Por conta desse machismo e também por grande falta de compreensão de toda a sociedade, sempre dominada pelos homens em quase todas as profissões, às mulheres era reservado apenas a tarefa de cuidar da casa e cozinhar…
A profissionalização da mulher no mercado de trabalho aconteceu apenas recentemente. Uma cientista brasileira, Bertha Lutz, foi convidada pelo governo Vargas para representar o Brasil na Conferência da ONU, em 1945. Ela foi uma das responsáveis pela inclusão de uma menção aos diretos da mulher, à igualdade de gênero, que está no texto fundador da Carta da ONU. A atuação de Bertha Lutz na conferência foi essencial para a causa feminista global.
Temos, há tempos, excelentes mulheres participando amplamente do mercado de trabalho nas mais variadas áreas da gastronomia: como chefs de cozinha, doceiras, donas de buffets, baristas, sommeliers…
As razões que o chef inglês defendia foram provadas inverídicas, pois as técnicas da cozinha são seguidas por elas e a criatividade é de cada profissional, independentemente do gênero.
Nossas cozinheiras mais antigas, as “chefes”, eram as empregadas das famílias mais abastadas ou então nossas tataravós, bisavós, avós e mães, que, influenciadas pela imigração e suas culturas, fizeram a cozinha e criaram os hábitos e costumes de nossa gastronomia.
Difícil listar aqui todas as mulheres que me influenciaram e que admiro! Então, deixo minha homenagem ampla e irrestrita a todas elas, que fazem seu ofício com muito amor. E continuam a cozinhar para suas famílias mesmo depois de uma longa jornada de trabalho!
Uma receita da Lourdes, uma cozinheira mexicana maravilhosa!
Budin De Saltillo ou Bolo Húmido
INGREDIENTES: 80g de chocolate meio amargo picado, 125 ml de vinho tinto, 140g de castanha do Pará ou nozes moídas finamente, 155g de açúcar refinado, 50g de pão francês amanhecido, ¼ de colher de chá de sal, 60g de margarina sem sal cortada em pedaços pequenos, 4 ovos separados.
Para cobertura: 30 g de geléia de damascos, 2 c. Sopa de castanha do Pará ou nozes picadas e um pouco tostada.
MODO DE FAZER: Utilizar formas de muffin; untá-las com manteiga e farinha de rosca. Derreter o chocolate em banho-maria, levar ao fogo com o vinho, as castanhas (ou nozes), o açúcar, o pão moído e o sal. Mexer bem até o açúcar dissolver, tirar a panela do fogo e deixar amornar. Acrescentar a manteiga e as gemas. Bater as claras em neve e misturar delicadamente. Levar para assar nas forminhas untadas. Forno pré-aquecido a 180o. Deixar esfriar por 10 minutos para desenformar. Decorar com a geleia de damascos e cobrir com as castanhas do pará ou nozes moída.
Maria Helena Serrano é chefe de confeitaria desde 1994,
frequentou a École Lenôtre em Paris e sócia proprietária
da Quinto Pecado Doces, fábrica e loja de doces e salgados.
Rua Cel. Artur de Godoi, 12. www.quintopecadodoces.com.br
mariahelena@qpecado.com