Gosto de Criança
A gente fala, fala de comida e, de repente, se pergunta: o que foi que me fez ter interesse por culinária?
Não é tão fácil definir o fator decisivo, divisor de águas. Na realidade, penso no conjunto de fatos, de sensações emocionais e gustativas que, ao longo do tempo, pavimentaram o caminho para que eu me tornasse um cozinheiro.
Buscando respostas, fui arrebatado ao prazer que sentia em compartilhar a marmita de meu pai.
Meu pai, vez por outra, me levava ao trabalho. Por volta das onze horas esquentava sua marmita de alumínio num fogareiro a álcool, depois pegava a única colher e dividia bruscamente a comida ao meio; deixava-me comer primeiro e depois, sem lavar a colher, ele comia a outra metade. Como sobremesa, uma laranja, ou uma banana, igualmente dividida.
Se essa lembrança ainda me vem à cabeça hoje, acho que meus olhos deviam brilhar diante daquele ritual. Se não brilhavam, então… Brilham hoje.
Que saudades daquele banquete, do cheiro misto de comida requentada e álcool.
Aliviar a fome, dar um momento de descanso em meio ao trabalho, era bom, comer do amor de meu pai, não declarado verbalmente, melhor!
Comer comidas gostosas é muito bom!
Que saudades do meu pai! Como é bom cozinhar!
Omelete que meu pai amava
INGREDIENTES:
3 ovos
3 colheres de sopa de creme de leite
1 pitada de sal
óleo para untar a frigideira
1 colher de sopa de manteiga sem sal
1 colher de sopa de açúcar de confeiteiro para polvilhar
1 fatia de pão amanhecido dourado na frigideira untada com manteiga
PREPARO:
Bata os ovos com o creme de leite e tempere com sal. Numa frigideira untada com óleo, despeje os ovos e cozinhe até a omelete começar a ficar consistente, dobrando-a depois em três. Sirva imediatamente. Coloque a colher de manteiga sobre a omelete quente e polvilhe o açúcar, acompanhando com a fatia de pão dourado.
Omelete com açúcar? Prove, é uma delícia!
Felipe Ciutat é chefe de cozinha, banqueteiro, consultor de gastronomia internacional e vegetariana. Email felipeciutat@gmail.com