A culinária é uma arte

Desde cedo me interesso pelas artes: música, cinema, literatura, artes plásticas… E, com a culinária, senti que poderia fazer arte e ganhar o meu sustento. Para mim, a arte culinária está relacionada à afetividade, às memórias da infância, avós e mãe cozinheiras, casa com fogão a lenha, caçarolas de ferro… e Benedita, minha avó materna, mineira e quituteira! Sua casa tinha um perfume de comidas, quintal com árvores frutíferas e muitas histórias contadas ao redor do fogão e nas festas da família — sempre com mesa farta.

A confeitaria é uma das áreas mais artísticas da culinária, com muita técnica e criatividade: cada grama pensado e pesado para dar a harmonia e proporcionar a quem degusta uma experiência inesquecível.

Desde 1987 coleciono livros de gastronomia, leio e pesquiso para construir uma relação do meu trabalho com a arte. De todas as artes, a música é a que está mais presente em minha vida, seja frequentando salas de concerto ou em casa, ouvindo todos os tipos de boa música.

Há algum tempo, comecei a pesquisar sobre as relações da culinária com a música erudita, descobri como a música encantou chefes de cozinha e como a culinária influenciou os músicos, inspirando-os a compor peças belíssimas. A história nos mostra as relações da culinária com a criação artística.

O chef francês do Savoy Hotel, Auguste Escoffier (1846-1935), encantado com a apresentação da cantora lírica Nellie Melba (1861-1931), na ópera Lohengrin, de Richard Wagner, saiu tão inspirado que criou, em sua homenagem, a Pêche Melba, que desde 1889 é sobremesa clássica na confeitaria.

Pretendo contar mais sobre como vejo a culinária e as artes neste querido jornal da nossa amada Vila Mariana!

Pêche Melba (Pêssegos Melba)

INGREDIENTES 

3 pêssegos firmes e não muito maduros, 6 bolas de sorvete de baunilha para acompanhar

Para o xarope: 2 xícaras (chá) de água, 1 xícara (chá) de açúcar, 1 xícara (chá) de suco de limão, 1 fava de baunilha, cortada longitudinalmente

Para a calda de framboesa: 2 xícaras (chá) de açúcar, 2 colheres (sopa) de suco de limão

Para a decoração: Lâminas de amêndoas sem pele, tostadas

PREPARO: Escalde os pêssegos em água fervente por 2 minutos. Na sequencia, retire e coloque em água fria para interromper o cozimento. Descasque e retire as sementes. Reserve.

Xarope: Em uma panela, coloque a água, o açúcar, o suco de limão e a fava de baunilha e deixe cozinhar em fogo brando por 10 minutos. Junte os pêssegos e cozinhe por 5 minutos. Escorra os pêssegos e deixe esfriar. Reserve

Calda: Ferva as framboesas, o açúcar e o suco de limão por 5 minutos, em fogo brando. Deixe esfriar e reserve.

Montagem: Coloque no centro de cada taça uma bola de sorvete e a metade de um pêssego. Cubra com a calda de framboesa. Finalize decorando com as lâminas de amêndoas tostadas.

Maria Helena Serrano é chefe de confeitaria, desde 1994, frequentou a École Lenôtre em Paris e sócia proprietária da Quinto Pecado, fábrica de doces e salgados e café. 

Rua Cel. Artur de Godoi, 12.

www.quintopecadodoces.com.br,

mariahelena@qpecado.com