O filho é meu!
Sem dúvidas, ele é, e sim, a última palavra também é sua! Apenas precisamos nos lembrar de que são nossos filhos, mas não nos pertencem.
Eu sei, essa realidade nua e crua pode ser dolorosa para muitos pais, mas não há como fugirmos dela.
A verdade é que precisamos, em benefício de nossos próprios filhos, cria-los para que dia após dia, eles dependam menos e menos de nós. Sua independência e futura autonomia é o que devemos ter em mente.
Para desenvolver independência, e futura autonomia, é também preciso conhecer as regras sociais. Em defesa das crianças, elas dependem de nós para aprendê-las. O ser humano é o animal que mais precisa da acolhida de seus pais, e por mais tempo, em toda a natureza. Isso significa que temos muitos anos para fazer um bom trabalho!
Crie seu filho como quiser, claro, desde que você o ensine a: esperar por sua vez, respeitar as outras pessoas, usar fones de ouvido em seus aparelhos eletrônicos em locais públicos, dizer com licença, por favor e obrigado, e, principalmente, saber que o direito dele termina onde começa o das outras pessoas. Básico, não é?
Esses ensinamentos são nossa obrigação, eles independem de perspectiva ou ponto de vista. Exercer a nossa cidadania é fundamental para a boa convivência, nossos filhos precisam saber disso. Será muito melhor que o saibam por nós.
O filho é meu, eu crio como eu quiser é uma bela frase de efeito, mas vamos separar a educação dos nossos filhos agora em duas esferas:
Primeira: Nossos valores. Sim, eles são intocáveis. Seu filho de 3 anos deve ou não para igreja com você? Você decide. Sua filha de 15 anos pode ou não frequentar a matinê? Você decide. Seu bebê vai tomar bebidas açucaradas na mamadeira? Você decide.
Percebam, isso não implica na vida das outras pessoas. Elas podem ter a opinião diferente da sua, mas o respeito mútuo estará implicado nessa relação. O filho é seu, você decide!
Já na segunda esfera, que tange a vida em sociedade, não há escolhas. Todas as vezes em que a atitude de nossos filhos incomoda ou machuca outras pessoas, não, nós não decidimos. O nosso direito termina onde começa o do outro, lembram disso?
Seu filho tem que pegar fila. Você não decide. Seu filho não pode gritar nos restaurantes. Você não decide. Seu filho está chutando a cadeira da frente no cinema, ele precisa parar. Você não decide. Ele não quer sair da piscina do prédio para comer? Alimentá-lo lá dentro não é uma opção!
Em todas as situações acima citadas, se deixarmos nossos filhos agirem como quiserem, nós estaremos invadindo o espaço de outras pessoas e, sim, isso é falta de educação e não uma questão de perspectiva.
Mas precisamos de mais empatia, Denise! Se o meu filho tem um ataque de birra dentro do restaurante as pessoas precisam entender que isso faz parte do desenvolvimento infantil, que ele é pequeno, que ele pode estar com sono. As pessoas precisam ter mais empatia.
Vamos refletir sobre como ensinaremos empatia aos nossos filhos:
- Exigindo que todos a minha volta sejam empáticos com a minha situação;
- Sendo empática com todas as pessoas ao meu redor.
Sim, alternativa b, na mosca! Essa é uma grande oportunidade de retirarmos a nossa criança do local, para o banheiro ou para a área externa e lhes ensinarmos a regra social, lembrem-se, aquelas que eles não nasceram sabendo.
“Filho, eu entendo que você esteja bravo/nervoso/com fome/triste/com sono, mas gritar dentro do restaurante não é um comportamento aceitável.” Isso se trata de aproveitar-se de uma situação real para ensinar com efetividade.
Atenção: quanto menor for a criança, menos palavras devemos usar. Elas não se concentram em longos discursos.
Nomear os sentimentos e validá-los como pertinentes não significa permitir que eles transbordem em todo e qualquer lugar. Enquanto nossos filhos são crianças, já que seus cérebros não são suficientemente maduros, eles precisam de nós para lhes dar esse contorno.
Sim, meus caros, educar dá trabalho! Mas eu lhes garanto, vale a pena!
Denise Rohrer
Orientadora Parental Internacional
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