O paraíso é logo ali…
Às vezes pensamos que, para fazer uma viagem legal, precisamos ir longe, gastar e planejar muito. Mas a verdade é que o paraíso é logo ali! Temos tantas opções próximas a São Paulo, como, São Sebastião, no litoral Norte, por exemplo.
Apesar de eu ter o hábito de ir lá em férias e em finais de semana, para mim é sempre como se fosse a primeira vez. A paisagem pode ser apreciada já na descida da Serra, quando se avista o mar e os belos desenhos formados pelos bambus plantados à beira da estrada.
Chegando a São Sebastião, vale visitar o bairro de São Francisco da Praia, a seis quilômentros do centro. É uma belezinha, cheio de histórias e construções antigas, É um tradicional núcleo de pesca, com pequenas casas caiçaras à beira-mar.
No centro histórico de São Sebastião, é possível descobrir tesouros da arquitetura colonial a cada esquina. O município tem diversos quarteirões tombados, embora muitas das construções tenham sido derrubadas indevidamente. A Igreja Matriz foi implantada no século XVII, mas depois derrubada. A atual construção data do início do século XIX. O prédio é construído em taipa, mantém as características da influência jesuítica e sofreu recentemente um trabalho de pesquisa e recuperação de suas origens.
A praia do Arrastão dá uma visão privilegiada da Ilhabela, e tem um mar tão tranqüilo que mais parece um lago! Nele, algumas vezes, pude “brincar” de velejar num hobiecat – garantia certa de emoções! Trata-se de um veleiro de competição que, como tal, não tem conforto, e no qual a gente consegue inclinar mais do que se tem coragem, com medo de capotar.
Uma vez, tive a oportunidade de velejar, junto com amigos, um Day Sailer, veleiro que comporta até cinco pessoas sentadas. Nele, atravessamos até a Ilhabela, onde aproveitamos para entrar na sua maravilhosa água transparente, lotada de peixinhos. Depois, finalizamos o passeio com um delicioso almoço à beira-mar. Nesse dia, voltamos muito cansados, pois o vento acabou, e o motor de emergência não quis funcionar… Tivemos de voltar remando! Mas, como sempre, ao som de boas risadas e brincadeiras sobre mais uma aventura.
Nas últimas férias, pude aproveitar para me reconectar comigo mesma, isto é, ter contato com a natureza, observar o mar e ouvi-lo, assim como o som dos pássaros (que começam às quatro horas da manhã), assistir ao pessoal regozijando-se com os esportes náuticos (windsurfe, kitesurfe, lanchas, jetskies etc), enfim…
Isso nos leva a uma outra viagem: ao nosso interior, onde tudo parece harmonioso, ainda mais
banhado por aquela cor azul do céu e por aquele som de vento. Tudo muito bonito: os pequenos barcos de pesca, o pessoal jogando vôlei na praia, tomando cervejinha, observando o mar e degustando deliciosos camarões, lulas e polvos. Dessa vez, tive até mesmo a oportunidade de salvar um pássaro mergulhão, que, por alguma razão, não conseguia levantar voo e era jogado pra cá e pra lá pelas pequenas ondas da praia. Pegamos um pano e uma caixa de papelão, e resgatamos o pobrezinho para levarmos à Polícia Florestal, que fica pertinho — mas ela não pode fazer o resgate de imediato porque estava salvando pinguins na Ilhabela… Sim, os pinguins passam por Ilhabela todo ano! Mas, infelizmente, muitos ficam cansados demais para seguir viagem.
Isso me lembrou uma outra viagem em que um gatinho adolescente e traquina fez a façanha de subir em um coqueiro de onde não conseguia descer. Tivemos que chamar os bombeiros para resgatá-lo, o que foi muito engraçado para a criançada que jogava bola na rua.
O mais inusitado desse episódio foi que, no dia seguinte, encontramos o mesmo personagem em cima de outra árvore, um chapéu de sol, miando desesperadamente: mais uma vez, ele não conseguia descer! Resgatamos, então, o bichano uma vez mais, só que sem chamar os bombeiros. E chegamos à conclusão de que esse gato tinha mesmo era vontade de ser pássaro!
Rever amigos de longa data, curtir os progressos de cada um, jogar conversa fora (não gosto muito da expressão, na verdade, é investimento!), dar boas risadas num dolce far niente a que nós, paulistanos, esquecemos de como é bom, revigora-nos. Até mesmo nosso super ativo cachorro, o Ozzy (conhecido de alguns aqui no pedaço), consegue relaxar e aproveitar: correr, pisar na areia e ir atrás de passarinhos (por sorte, ele não é muito bom nisso!).
Dormir até cansar num dia de chuva incessante, ler os livros que a gente leva na bagagem (que quase não tem roupas), ligar para São Paulo para falar com familiares e amigos e descobrir que o tempo lá, além de chuvoso, está frio, e se ver de bermuda e camiseta, é no mínimo divertido.
Pode ser que seja até um pesadelo para alguns, mas ficar sem internet, sem TV a cabo, sem compromisso, a não ser aquele com a gente mesma, enfim, fazer aquilo tudo que se deseja e na hora em que se quer é realmente revigorante!
E, com as baterias recarregadas pela natureza, volto à realidade, porém com a certeza de que, perto de mim, sempre existe um pedaço de paraíso; basta ter os olhos e a alma abertos para conseguir vê-lo.