“Cuba si!”

Em 1º de janeiro de 1959 o ditador Fulgencio Batista deixava Cuba reconhecendo o triunfo da Revolução. O comandante Fidel Castro, por sua vez, cercava a cidade de Santiago de Cuba, próxima a Sierra Maestra no oriente, enquanto Camilo Cienfuegos e Ernesto Che Guevara se encaminhavam para Havana. Cinquenta anos depois, na tentativa de reviver um dos mais fascinantes – e improváveis – episódios do século XX, aterrisso no aeroporto de Havana com um “frio na barriga” após muitos relatos, fotos e discussões preparatórios.
Pouco antes do embarque, em 30 de dezembro, ficamos sabendo que a comemoração dos cinquenta anos seria em Santiago, o que nos deixava duas opções: atravessar quase novecentos quilômetros de estradas cubanas em um dia e meio ou passar a data em Havana, longe de Raul Castro e dos jovens brasileiros e argentinos levados á ilha pelo instinto de Che Guevara (como nós, para amenizar a ironia). Optamos pela segunda escolha, o que ocasionou uma inusitada noite de reveillon regada a rum pelas ruas decadentemente elegantes e vazias da capital. Em Cuba, a virada do ano é uma festa sagrada, e já que o Estado é ateu, eles aproveitam para comemorar o “natal” em família uns dias após o nascimento de Cristo. Acabamos encontrando uma casa que nos acolheu no seio do que restou da “aristocracia” cubana pré-1959. Para amenizar a frustração da falta de populares, descobrimos que o discurso de Raul em Santiago foi fechado para convidados, ou seja, tomamos uma boa decisão.
Iniciamos o percurso para o oriente com muitas paradas: Viñales (ainda no ocidente), Trinidad, Camagüey (uma inusitada cidade construída em forma de labirinto), Guardalavaca (não acampe nessa maravilhosa praia tomada por resorts exclusivos para “gringos” se não quiser desagradar à polícia de imigração), Holguín e Santa Clara (já na volta). Nesses quase dois mil quilômetros percorridos em estradas divididas com vacas, caminhões, carros velhos “caindo aos pedaços”, carros velhos “novinhos”, carrões importados, charretes, ônibus chineses e uma gama de meios de transportes indefinidos (dos quais pudemos experimentar um pouco de cada um), conhecemos parcialmente a ilha que não é, de fato, parecida com mais nada nesse mundo. Com exceção ao Brasil, já que os cubanos são excessivamente brasileiros, com um sotaque mais para o baiano.
Durante todo o percurso, nos hospedamos em casas de família que recebem turistas. A experiência de dividir os tetos cubanos e compartilhar um pouco a vida das pessoas é fantástica, mas não deixa de ser uma viagem cara para jovens historiadores que não ganham em euros. A economia de Cuba depende do turismo e, por isso, o país tem duas moedas oficiais: o peso cubano (uma mixaria) e o CUC (uma fortuna equivalente à moeda europeia). O que parece uma regra simples, já que uma moeda é para o uso dos cubanos e a outra para o dos “gringos” como nós, é responsável pelas maiores contradições na ilha. Isso porque muitos produtos só são vendidos em CUCs e os próprios cubanos dependem deles para gastos do dia a dia. Os salários, porém, são em pesos cubanos, que valem vinte e cinco vezes menos do que os CUCs. Para ficar mais claro o efeito, um médico, por exemplo, ganha em pesos o equivalente a 40 CUCs, ou seja, umas três corridas de táxi ilegal com turistas (isso se ele tiver um carro, o que também é ilegal para quase todos os cubanos).
Se Cuba não é um paraíso (apesar de sua natureza chegar bem perto desse termo), muitas vezes, no entanto, temos a sensação de que não há lugar no mundo com mais potencial para isso. Algumas coisas são maravilhosas, como o fato de 90% da população ter curso superior, não haver uma criança fora da escola, ninguém passar fome – embora exista sim muita carência – e você poder andar de madrugada no lugar com o pior aspecto que pode imaginar sabendo estar totalmente seguro. Em Cuba, somente o Estado tem armas de fogo; só há pequenos furtos (que fazem parte da “lucha” do povo para sobreviver do turismo) ou crimes passionais.
Quando retornamos de uma viagem a Cuba, é quase como regressar de outro planeta: todos querem saber o que tem do lado de lá (no caso, o lado de cá é o capitalismo no qual vivemos). O maior pedido é para condensar tudo em uma ou duas frases, o que é simplesmente impossível.
De fato, existe lá um mundo diferente, com as suas contradições e as suas conquistas que arrepiam a espinha ao compararmos a ilha com o seu destino mais lógico, interrompido em 1959. Lembremos que estamos a um passo do Haiti – ou de qualquer bairro pobre do Brasil –, embora pareça que essa distância é de muitos quilômetros. Se não dá para formular “máximas” sobre a experiência, creio que podemos tirar uma lição importante: não existe um mundo sem pobreza onde todos são da classe média ou ricos. Não existe mundo sem pobreza onde todos têm acesso a televisões digitais, carros na garagem, viagens ao exterior, roupas caras, eletrodomésticos e tudo que na nossa cabeça relacionamos a ideia de “conforto”. Porém, parece possível sim existir um mundo sem pobreza, no qual as riquezas não serão vendidas nos mercados, mas talvez em alguma “tienda” do governo (como tudo por lá), na Calle Camilo Cienfuegos, bem em frente à escola José Martí…
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