Belezas de Minas Gerais
Sou gerente do restaurante “As Mineiras” e vivencio a cultura mineira o dia inteiro há mais de um ano. O único porém é que nunca havia ido para esse estado, mas, finalmente, aceitei um dos muitos convites que recebi para conhecer um ‘cadim’ de Minas Gerais – ou simplesmente Minas, como costumam dizer.
Devo confessar que não era uma viagem de férias, mas um misto de trabalho e lazer: fui para Itabirito, terra da minha chefe, Marcela Lima, distante 55 km de Belo Horizonte. Logo que cheguei, o que me chamou a atenção foram as ruas estreitas e as igrejas antiquíssimas; achei a cidade encantadora. Fui recebido com alegria, bolo de fubá e as melhores cachaças mineiras — como não poderia deixar de ser. Nem bem havia chegado e já pude comprovar a hospitalidade de sua gente!
Fiquei no bairro da Boa Viagem, uma das vistas mais bonitas da cidade: a igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, de 1710, com suas pinturas belíssimas e construção preservada, foi o primeiro ponto turístico que visitei na cidade. Fomos comer no JuliFest, onde me deleitei com dois dos melhores pratos mineiros, na minha opinião: pastel de angu e umbigo de banana com carne e angu, sempre regado a muita cachaça — como pede o clima e a tradição mineira. Não senti culpa —afinal, estava em solo mineiro, e cerveja eu bebo em São Paulo!
Em Itabirito você encontra estátuas de Telê Santana, ex-técnico do São Paulo, por vários lugares da cidade — não confundam Itabirito com Itabira, terra de outro mineiro famoso: o poeta Drummond.
Como minha anfitriã e guia tem sono pesado, aproveitei, ao acordar, para subir à Ladeira do Rosário. Rua estreita, com casinhas superantigas e de cores diferentes, com balcões floridos por Bougainvilleas, como é chamada a flor Primavera por lá. Já estava com meio palmo de língua para fora de cansaço quando cheguei à Igreja do Rosário, infelizmente fechada. Em compensação, deparei-me com um a vista maravilhosa da cidade, com suas outras tantas igrejas.
Ouro Preto foi nosso destino do dia; no caminho, passamos por Cachoeira do Campo, uma cidade pitoresca, com lojinhas de artesanato local e onde é possível deixar um ano inteiro de salário com tanta coisa bonita… Em Ouro Preto, senti um nó na garganta, do começo ao fim da viagem, e aquela sensação de “quero mais” por não ter tempo para conhecer tudo. Hoje, a lembrança que tenho de Ouro Preto é de uma cidade bonita e alegre, em um cenário repleto de igrejas e edificações lindíssimas: Igreja de São Francisco de Paula, um espetáculo e com uma vista magnífica da cidade, Matriz Nossa Senhora do Pilar, Nossa Senhora do Rosário, do Carmo, Museu da Inconfidência e Igreja de Nossa Senhora da Conceição, de onde é possível ver o túmulo de Aleijadinho e o inesquecível monumento a Tiradentes — um deleite! Para quem gosta de comprar, nas lojinhas de todos os tamanhos e expositores, ao ar livre, você encontra o souvenir para agradar a qualquer amigo.
De volta a Itabirito, um desvio para uma cidade encantadora: Mariana, a primeira capital do estado, com a praça Minas Gerais e a rua Direita, fora as igrejas, que são tantas nas cidades mineiras que é impossível lembrar os nomes e visitar cada uma delas.
Ao chegar em Itabirito já era noite, e fui recebido para o jantar como se fosse membro da família: com cachaça, é claro, e aquela comida de primeira, feita com um tempero para lá de caseiro. Delicioso! Ainda mais com aquele permanente aroma de café: em uma casa mineira, o que não falta é o ‘cafezim’, a qualquer hora do dia ou da noite, sempre passado na hora.
No domingo, reservamos um tempo para almoçar com direito à música contagiante do “Cachaça com Arnica”, grupo itabiritense de samba e choro de raiz. Logo após o show, subimos o íngreme caminho até o Cristo Redentor de Itabirito, onde a vista, misturada ao lindo pôr do sol, supera tudo o que vi desde que cheguei.
Ao retornarmos, visitamos rapidamente Belo Horizonte; achei a capital muito bonita, com sua Praça da Liberdade e o magnífico Mercado Municipal. Passamos por São João Del Rei, onde alguns dos meus familiares — os Tolentini —, estabeleceram-se há muito tempo; não pude deixar de emocionar-me por isso. No centro da cidade — que deveria chamar-se Tancredo Neves — avista-se uma estátua de Tancredo Neves; na Avenida Tancredo Neves, o Solar dos Neves e a Igreja de São Francisco de Assis, com o cemitério homônimo, ao lado da igreja, onde está sepultado — adivinhem!? – Tancredo Neves. Também conheci a estação ferroviária de São João Del Rei, um espetáculo à parte, como tudo por lá.
Ainda na volta, passamos por Santa Cruz de Minas, uma cidade pequena com vista para os prados — onde tive a sensação de que o tempo parou! Os artesanatos produzidos ali foram os mais belos que encontrei durante a viagem.
Tiradentes foi minha última parada e foi como viajar no tempo: casinhas e hotéis coloridos preservados, calçadas de pedra… Maravilhoso!
Rodamos em quatro dias, quase 2 mil km, visitando nove cidades. Minas Gerais é tão contagiante que, mesmo minha chefe, que é mineira e workaholic, não deixou de se empolgar um minuto ao me apresentar seu estado natal!
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