Vínculos
Quando encontro amigos da mesma área em que atuo, nossas conversas giram muito em torno de técnicas e da forma de nos relacionarmos com os pacientes. Alguns colegas não gostam do termo “paciente” e os mencionam como clientes. Eu prefiro a primeira opção. Geralmente começamos falando de pontos e a eficácia em determinados casos, indo além do que aprendemos em alguns livros, testando novas possibilidades. Mas a conversa esquenta quando defendemos nossos pontos de vista no quesito relação terapeuta X paciente.
Quando comecei a trabalhar, ajudando meu pai no consultório, uma coisa me chamava muito a atenção: a necessidade que muitos pacientes têm de CONVERSAR. Meu pai, nascido no Japão e sem dominar o idioma completamente, nunca deu muitas oportunidades para as conversas. Ele fala que a área dele é a massagem e não a conversa. Cresci profissionalmente com esse conceito. Mas sempre ficava imaginando o que poderia acontecer se permitíssemos uma aproximação com o paciente, escutando e trocando experiências…
Quando dei os primeiros passos na independência profissional, resolvi partir para esse approach. Se sentisse que alguém que me procurava, além da massagem, queria também conversar, decidi: por que não? Obviamente, não tenho aspirações de psicoterapia e análise clínica, basicamente celebro a oportunidade que aquela pessoa me dá de conhecê-la um pouco mais e vice-versa. E, graças a essa postura, hoje agradeço por várias amizades sedimentadas em meu consultório.
Sei que minha profissão exige muita concentração e muitas vezes silêncio absoluto… Não sou um tagarela irrecuperável, acreditem! Mas não acho que seja antiético, como alguns colegas colocam.
Sem nenhuma pretensão/ilusão de ser qualquer coisa que não um massoterapeuta, hoje sei a força que uma conversa honesta e saudável possui. Principalmente na pior dor que o ser humano apresenta: a dor da alma.
Um grande abraço, meus queridos. E até a próxima!
Jean Massumi é massoterapeuta
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