Uma ponte até meu filho

Queridos amigos do Pedaço, é com todo respeito e carinho do mundo que proponho uma reflexão profunda e incômoda, mas extremamente necessária em face aos tristes acontecimentos, noticiados numa tradicional escola aqui do bairro.

Falo como pai, entristeci-me como pai, e tenho esperança como pai. A autoridade com que abordo esse assunto é feita de uma enorme solidariedade com todas as famílias envolvidas e do amor que nos une numa igual condição de padecentes no paraíso. Mesmo já tendo trabalhado como voluntário no Centro de Valorização da Vida (CVV), recebido preparo e vivenciado situações delicadas, é no meu papel de pai que descobri o medo de perder.

Me desculpem a forma simples desse texto. São palavras que vão brotando quase como um desabafo, numa vontade quietinha de encontrar corações receptivos e dispostos à conversa. Não explicações infalíveis ou análises rasas. DIÁLOGO! Essa enriquecedora via de duas mãos diametralmente oposta ao ato de fingir que nada aconteceu.

E a verdade é dura: não tenho como proteger meu filho disso. Doce ilusão a minha de achar que o protejo de alguma coisa. Talvez do bicho-papão ou da Cuca quando ele era um bebê, mas, não hoje, não do mundo real. Protegê-lo da violência? Não consigo. Das futuras decepções amorosas? Não consigo. Do bullying na escola? Também não.

Que caramba de pai sou eu então???

Sinceramente não sei quase nada. Sei fazer comida (e levar para comer hambúrguer também), sei ajudar nas lições (ainda), sei brincar e assistir desenhos japoneses. E sei de uma coisa muito importante, que vem como uma certeza do fundo de minha alma: sei que tenho que deixar todos os caminhos que me levam até ele livres de obstáculos. E quando aparecer um buraco muito grande, tenho que aprender a construir pontes…

Até a próxima!

Jean Massumi é massoterapeuta

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