POLÍTICA E CULTURA DE PAZ: Essa união é possível?

As Nações Unidas, “maior obra de engenharia política do mundo”, criaram a Década de Cultura de Paz e Não-Violência com ênfase nas crianças do mundo (2001-2010), gerenciada por sua agência UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura. O início da Década foi marcada pela criação, no ano anterior, do Manifesto 2000, com princípios que permitiam a transformação de uma cultura de violência, numa cultura de paz. Aproveito para lembrá-los:
1 – Ouvir para compreender
2 – Ser Generoso
3 – Redescobrir a Solidariedade
4 – Rejeitar a violência
5 – Preservar o planeta e
6 – Respeitar a vida.
Dessa forma, todos devem se comprometer com a cultura de paz praticando seus princípios, pois a intenção vai além dos tratados de paz assinados por governos.
A população deve assumir o compromisso com essa cultura.
Em números absolutos, o Brasil ficou em segundo lugar em relação à Índia na coleta de assinaturas desse Manifesto, mas em relação proporcional estamos em primeiro lugar.
O que isso significa? A população brasileira manifestou seu desejo de viver uma cultura de paz. Muitas organizações que se envolveram na coleta de assinaturas uniram-se e estão sustentando essa Década plantando ações que possam ficar para as futuras gerações.
Como estamos falando de democracia, quero citar a força dessa cultura de paz como política pública. Cito duas iniciativas que existem vizinhas ao nosso bairro: a primeira foi a criação do Conselho Parlamentar pela Cultura de Paz (ConPAZ ), um órgão oficial da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, composto por representantes da sociedade civil organizada e deputados estaduais dos vários partidos que visam a criação de políticas públicas permeadas por cultura de paz.
A segunda é a UMAPAZ – Universidade Livre do Meio Ambiente e Cultura de Paz, uma iniciativa da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente em parceria com uma rede de organizações que atuam com cultura de paz, para promover uma educação livre e que contemple uma vida sustentável e pacífica para toda a cidade de São Paulo.
Como você pode ver, a cultura de paz está próxima do nosso bairro. Acrescentaria ainda que o Ecobairro é uma programa que também está nascendo em nosso bairro com apoio das Nações Unidas e que integra duas Décadas, a de Cultura de Paz com a de Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005 a 2014). O apelo das Nações Unidas é claro: precisamos começar a viver e produzir de forma sustentável.
Vivemos numa época em que acreditamos na democracia, mas depositamos toda a confiança numa democracia representativa através do voto e, paulatinamente estamos dando passos na direção de uma democracia participativa. Esse é o apelo da cultura de paz, ou seja, a integração de ambas. Tenho certeza de que a cultura de paz é possível na política, mas só se você participar.
Onde começar? Comece você, em sua família. Reflita sobre os princípios da cultura de paz, chame seu vizinho, o quarteirão e depois todo o bairro. Um dado interessante pode ser, nesse momento, inspirador: recentemente, a Vila Mariana foi apontada como um bairro de paz, pois tem o menor índice de violência de São Paulo (uma boa notícia que vem com um compromisso a mais com esta causa). Lembre-se: é possível, se você fizer parte!
Maridite Oliveira
Médica Especialista em Saúde Pública, Nucleadora de Política Sustentável do Ecobairro e membro do ConPAZ – Conselho Parlamentar de Cultura de Paz e da Rede Gandhi – Saúde e Cultura de Paz.