Platão tinha razão

Zezinho e Joãozinho são irmãos. Um dia, brincando juntos no quintal, olham para uma pedra. Zezinho diz: “É preta!” O Joãozinho diz “É branca!” Ambos iniciam a defesa dos próprios pontos de vista. Zezinho acha que a pedra é preta por conta disso, disso e daquilo. Já Joãozinho acha que a pedra é branca por causa desse outro e daquilo outro. Assim seguem falando, ouvindo e pensando. Lá pelas tantas a mãe deles aparece e sentencia: ” Isso é uma pedra britada. Ela é toda mescladinha de preto e branco. Agora lavem as mãos e venham almoçar”. Um olhou para a cara do outro: “E agora? Quem tinha razão?” Bom, a resposta mais simples é: todos e, ao mesmo tempo, nenhum.

Cada um deles tinha uma “verdade” subjetiva. Iniciaram um diálogo para que prevalecesse a verdade particular. E assim temos feito desde sempre: argumentando, contra argumentando e às vezes até deixando os argumentos de lado para usar a força e impor uma vontade. E foi há 2.500 anos que um grego deu nome a isso. Platão chamou de dialética, a arte do diálogo: através da confrontação de pensamentos diferentes se obtém CONHECIMENTO.

Mesmo que a “verdade ” tenha sido diferente daquilo que imaginavam, nem Zezinho e nem Joãozinho se chatearam, pois era exatamente isso que buscavam: uma verdade. Às vezes, observando nossos diálogos cotidianos, me pego fugindo desse objetivo principal para apenas impor minhas razões, meus juízos e meus conceitos.

E um diálogo pressupõe essencialmente falar e OUVIR. Mas só isso? Não, a forma também é importante. O que aconteceria se um começasse a gritar com o outro ou agisse com postura agressiva? Provavelmente acabaria em briga. E se temos uma “pequena” tendência à briga, aqui vai um exercício: comece dialogando consigo mesmo; leia livros diferentes dos habituais, assista vídeos com narrativas diversificadas e ouça autoridades que pensam diferente. Tente trilhar outros caminhos e vislumbrar outras paisagens, afinal, existem coisas boas e coisas ruins em tudo. E nada melhor que a prática para aprimorar a capacidade de selecionar. 

Conversando com meu filho sobre isso ele me deu uma definição magnífica: é um trabalho individual, em dupla e em grupo ao mesmo tempo.

Só nos resta manter a postura dos pequeninos: aprender sempre e sem preconceitos.

Abração e até a próxima!

Jean Massumi é massoterapeuta

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