A competição alimentou nossas piores feras
Meus amigos do Pedaço, na coluna de maio escrevi sobre o episódio das bananas no futebol, dizendo que para mim não se tratava de uma manifestação exclusivamente racista. Mas de uma combinação entre paixão e a busca da vitória a qualquer preço.
Estamos na fase final da Copa do Mundo. E, enquanto escrevo a coluna, vejo as imagens chocantes que tiraram o craque brasileiro Neymar do restante do torneio. Uma joelhada criminosa na parte lombar da coluna que culminou com uma fratura da 3ª vértebra dessa região.
Digo criminosa porque não consigo enxergar algo de “esportivo” ou de “fatalidade” no lance. Em nenhum momento consigo perceber o jogador colombiano visando a bola. Acho que ficou clara a intenção de parar a jogada. Mas parar com uma joelhada nas costas? E depois do choque, as pessoas que assistiam ao jogo comentavam que tínhamos que revidar na mesma moeda. Centenas de pessoas nas redes sociais desejando até a morte do jogador colombiano. Haja banana!!!
Tivemos uma grande variedade de atos agressivos durante a Copa. Pontapés desleais, cotoveladas (inclusive uma desferida pelo próprio Neymar contra a Croácia) e um sintomático: mordida. Com o mordedor suspenso sendo recebido como herói nacional!! No fundo a campanha “somos todos macacos” está incompleta. Somos macacos, mas somos também leões, lobos, serpentes; enfim, toda sorte de feras à espreita de um momento que justifique nossa agressividade.
E vamos seguindo, tentando entender tudo isso…
Um grande abraço, meus amigos!
Jean Massumi é massoterapeuta
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