Quando vi o primeiro japonês
Foi em 1924 que vi o primeiro japonês em minha vida. Foi um freguês do salão de meu tio, que não sabia falar português e se comunicava através de sinais.
Aos poucos outros foram chegando na Vila Mariana. No começo para trabalhar nas tinturarias e pastelarias. Os italianos que moravam na região eram todos buona gente e todos os imigrantes foram muito bem recebidos.
Na década de 40, uma loja de fotografia foi aberta na rua Domingos de Moraes. Seu dono era o japonês Arina, foi ele que fez as fotos dos meus documentos. Certa vez, mais um japonês cliente foi tirar uma foto. Dias depois, foi buscá-la e teve que esperar um pouco até o sr. Arina pegar, sem muita certeza, um dos retratos de seus vários fregueses orientais.
O senhor se achou muito bonito, parabenizou o sr. Arina e foi embora.
Dias depois voltou muito bravo, dizendo que aquele da foto não era ele. Seu Arina olhou a foto, olhou para ele e perguntou: como o sr. consegue saber que não é o seu retrato? E ele respondeu: – Não gosto de gravata borboleta, nunca usei. Olha, o homem na foto está de gravata borboleta!