Eduardo Jorge Sobrinho
Eduardo Jorge Sobrinho, 66 anos, é o vizinho mais pop da Vila Mariana. Em suas andanças pelas ruas do bairro, nas publicações em sua página no facebook ou nos debates na TV durante sua campanha presidenciável, em 2014, tem conquistado o brasileiro com simplicidade e franqueza. Filiado ao Partido Verde (PV), o médico sanitarista nos recebeu em sua casa para falar sobre o cenário político do país, democracia, sustentabilidade, governança local e Vila Mariana
Pedaço da Vila: Em 2014, o senhor foi candidato pelo Partido Verde (PV) à presidência da república. O que o convenceu a participar dessa eleição e como avalia hoje a sua participação?
Eduardo Jorge: Durante uma reunião do diretório nacional do PV, em 2014, eu fui o mais enfático ao dizer que um partido ideológico, corrente internacional que praticamente criou a ecologia política no mundo, na década de 1960/70, não podia ficar de fora numa eleição de tamanha importância num país tão relevante nas questões ambientais no mundo. Minha sugestão de candidatura era o Fernando Gabeira, pois, no quadro político ambiental, o considero o mais preparado do país. Tentei convencê-lo, mas ele não aceitou, e acabei entrando de última hora como voluntário na campanha; na véspera do ano novo eu fui informado pelo PV de que eu seria o candidato. Como candidato, sugeri então que atualizássemos o Programa de Governo de 2010, da Marina Silva. Após a atualização do programa, ao todo 32 páginas, a minha candidatura foi lançada e comecei a viajar pelo país para apresentá-lo e discuti-lo. A gente sabia que diante de três candidaturas muito fortes, Eduardo Campos, Aécio e Dilma, o espaço para discussão seria muito pequeno. Era uma questão material, de conseguir alcançar todas as pessoas, de chegar do Amapá ao Rio Grande do Sul. Eu fui o candidato que mais percorreu o país, visitei 26 estados! A minha avaliação dessa campanha foi que teve uma receptividade muito boa por onde eu andava. E o que aconteceu depois da campanha foi uma coisa extraordinária. A quantidade de gente, jovens, que me param na rua para conversar, perguntar, para dizer que votou em mim é impressionante. Eu até brinco com a minha mulher: ‘já devo estar nos cinco milhões de votos’ (risos). Valeu muito a pena essa campanha, pois teve um programa coerente e abordamos questões de vanguarda sem fugir do tema. Isso deu muito resultado, principalmente na juventude, e criou um espaço de discussão que achei muito interessante.
Pedaço da Vila: O senhor costuma analisar o país a partir do processo de redemocratização. Como o senhor avalia a democracia brasileira hoje?
Eduardo Jorge: A democracia é sempre melhor do que qualquer ditadura de direita ou de esquerda. Hoje tem gente que tem saudade da ditadura da direita e tem gente na esquerda que sonha em implantar uma ditadura de esquerda no Brasil. Eu vivi o período da ditadura e fui preso duas vezes. Sei o que é uma ditadura de direita no Brasil e sei também o que é uma ditadura de esquerda, porque eu estudei, eu li. No século passado, a esquerda governava metade do mundo, e os mais jovens se esquecem disso. Eu estudei o que aconteceu na União Soviética, na Albânia, na Alemanha Oriental, na Iugoslávia, na China, e conheço como é brutal uma ditadura de esquerda. Hoje, sou um socialista democrata. A nossa democracia avançou nesses trinta anos. Se formos avaliar todas as políticas públicas, veremos que avançamos; nas pesquisas, a política pública mais criticada é a da saúde. E mesmo nessa área, que eu conheço e vi como era antes, avançamos. Aprovamos o SUS para trazer para o Brasil o direito de um bem-estar social: a saúde. As pessoas esquecem que antes da redemocratização da Saúde, ocorrida pela Constituinte, dois terços do Brasil eram considerados indigentes. Quem não tinha carteira assinada e não era funcionário público, não tinha direito a nada. A mortalidade infantil no Ceará era semelhante a de países africanos; hoje, com a presença do SUS, é igual ao da Suécia. Outro exemplo é o programa de vacinação do Sistema Único de Saúde, que é considerado pela Organização Mundial da Saúde o mais eficiente e mais amplo do mundo. Erradicamos o sarampo primeiro do que a Holanda e o Japão — Isso na base da assistência. Na parte mais sofisticada, a democracia na saúde avançou extraordinariamente: O SUS, que faz 99% dos transplantes do país, um procedimento complexo e caro, coloca o Brasil em segundo lugar em número de transplantes realizados no mundo, atrás apenas dos EUA, onde o transplante é realizado apenas por quem pode pagar.
Pedaço da Vila: Como o senhor tem visto a situação na qual se encontra a presidente Dilma Rousseff?
Eduardo Jorge: A meu ver, o Governo Federal está diante de cinco opções: Primeira, o impeachment, que tem de seguir os ritos legais, porque todo presidente, por mais grave o absurdo que ele tenha cometido, tem de ser julgado dentro dos ritos legais, com direito de defesa. A segunda é uma cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral, caso seja identificado que houve problemas jurídicos insanáveis durante a campanha eleitoral, algo que depende do TSE. A terceira é a renúncia; se ela tivesse a grandeza de reconhecer que a continuidade do seu governo não será boa para o Brasil, uma vez que não está tendo condições de governar o país sem apoio, em todas as áreas, principalmente o apoio popular. Um governo que tem 9% de reconhecimento do povo dez meses depois da eleição é uma catástrofe de legitimidade popular. A quarta opção é o “não-governo” ir se desmilinguindo até 2018, agravando ainda mais os problemas; uma possibilidade que existe… A quinta opção — a que eu venho defendendo — é um acordo de transição semelhante ao que o Itamar fez durante aquela outra crise da democracia, com a saída do Collor de Mello. O Itamar teve condição de montar um governo bastante amplo, de conduzir o processo, de tomar decisões econômicas e sociais importantes para a transição até a outra eleição, disputada entre o Fernando Henrique Cardoso e o Luiz Inácio Lula da Silva, na qual o FHC ganhou. O Itamar teve essa prudência histórica de fazer esse governo de transição. Que haja agora uma espécie de governo de transição nessa profunda crise social, política e ética, para chegarmos às eleições de 2018 e a população ter uma segunda chance de escolher um rumo com mais profundidade.
Pedaço da Vila: E isso seria possível?
Eduardo Jorge: A Dilma precisa reconhecer que a crise é do governo dela e não ficar inventando bodes expiatórios para uma crise criada por ela mesma. Deve reconhecer um problema importante que está sendo investigado pela Justiça: um desvio de comportamento de governos anteriores, e não interferir nisso, deixando a justiça trabalhar no seu ritmo próprio. A oposição, na rua, também precisa parar de pressionar a Justiça para fazer julgamentos sumários e precipitados, sem direito de defesa — isso é absurdo! Para recuperar o mínimo da paciência do povo, a Dilma poderia se desfiliar do PT, o que é muito importante, pois ela não pode dar prioridade aos interesses do partido e de suas decisões erradas ao longo desses doze anos de governo — causa principal da crise. Ela se desliga do PT, não se mete nas eleições das prefeituras de 2016, e cuida do povo, dos trabalhadores desempregados, cuida de arrumar a crise — e sem se meter nas eleições de 2018. A presidente precisa apresentar um programa de transição nas várias áreas para chegar a um programa mínimo, escolher um ministro coordenador, tipo um primeiro ministro, como acontece no parlamentarismo. Assim, ela ficaria mais recuada e deixaria, técnica e politicamente, o ministro coordenador com respaldo para tocar esse barco a um porto seguro até 2018. Eu acho que um acordo civilizado como esse, que não impede nenhuma investigação, vai permitir que ocorra um programa de transição mais acordado entre os partidos políticos que queiram fazê-lo, permitindo que o governo se concentre mais na questão social, política, técnica, econômica, e se afaste dessa política clientelista imediata. Para o Brasil, isso seria o menos traumático e, para o povo, traria um alívio imediato, e ainda preparia 2018 para uma discussão política mais transparente. Em 2018, espero que o povo esteja vacinado contra as enganações de marqueteiros e líderes messiânicos que prometem o céu e entregam o inferno. Aí me dizem: mas Eduardo Jorge, você continua um homem nas nuvens! E Dilma vai querer fazer isso? E os outros partidos irão querer ajudá-la? E o povo vai ter paciência? Pode ser que o povo não tenha paciência, nem ela tenha juízo e humildade, nem os partidos políticos tenham patriotismo suficiente para ver mais o Brasil e menos seus interesses políticos imediatos, mas eu continuo preferindo acreditar que a humanidade tem qualidades.
Pedaço da Vila: Por que a sustentabilidade no Brasil não é levada a sério como em outros países?
Eduardo Jorge: A história da ecologia política no Brasil começou, enquanto ideia de partido político, quando os exilados da ditadura voltaram da Europa, sabendo o que acontecia em termos de sustentabilidade na Alemanha, Suécia, Dinamarca, Itália… Foi somente nesse período, década de 1970, que a ecologia política começou a ser discutida no país. Os partidos conservadores e os partidos socialistas eram hostis à ideia, afirmavam que o Brasil não precisava se preocupar com isso, pois tinha problemas seríssimos na área econômica e social e recursos abundantes — porque Deus foi particularmente generoso com a gente. Então, quando essas ideias foram trazidas por nomes como Lucélia Santos, Fernando Gabeira, Alfredo Sirkis e outros, elas foram hostilizadas. Primeiramente, o Brasil entrou atrasado nessa discussão. Num país campeão mundial da desigualdade social, discutir essas ideias é muito difícil, pois há uma luta entre classes pela sobrevivência, e essa luta olha um palmo à frente do nariz, olha apenas o dia seguinte. Hoje já temos problemas sérios no planeta, e que irão se agravar ainda mais. Os partidos brasileiros pensam apenas na próxima eleição e as classes sociais, do empresário ao trabalhador, pensam na sobrevivência do dia seguinte. Então, essa é a dificuldade encontrada por um partido que quer falar de coisas atualíssimas, e que tem base científica para suas propostas: estudos de físicos, biólogos e meteorologistas, que estão acompanhando esse processo de deteriorizaçãodo planeta há muito tempo. A dificuldade é mudar costumes arraigados: a forma como se produz, como se consome, como se vive. Não é fácil levar adiante essas ideias num país que vive apenas no hoje e do amanhã. Ambientalmente, o Brasil é um dos países mais importantes do mundo, metade do nosso território é a Amazônia… e não pensamos nisso. Essas ideias do PV são de mudança de hábito. E a mudança de hábito vai de como a agricultura produz o alimento até como eu administro os resíduos que produzo dentro da minha casa. Mudar esses hábitos, mesmo com fatos, dados, argumentos, não é fácil.
Pedaço da Vila: Apesar de toda a riqueza natural do país e condições favoráveis, o Brasil avançou pouco na produção de energia limpa, e ainda dirigiu investimentos para o pré-sal…
Eduardo Jorge: É a avaliação de gente que pensa que estamos no capitalismo e no socialismo do século 20, de quem não viu a proposta prudente e sensata da ONU, da Rio 92. A ONU, ao completar 70 anos em setembro, aprovou 17 objetivos de desenvolvimento sustentável até 2030, que incluem 170 metas. A discussão sobre energia é uma delas. A concepção da Dilma e do PT são tipicamente do século 20, que é investir no petróleo, em combustíveis fósseis, em grandes hidrelétricas. Isso significa mais poluição e mortes. O combustível usado hoje nos ônibus, carros e motos, é o maior risco para se viver numa cidade. Além de destruir a saúde da população, compromete a saúde do planeta com o aquecimento global. E o Governo do Brasil insiste nisso, descobre petróleo e se lambuza… Eles não veem que o ouro líquido do século 21 é a água, escassa, e que precisa ser administrada. Eu fui o único na campanha eleitoral que criticou o pré-sal, o maior erro estratégico deste governo. Estudos mostram que para que o aquecimento global não ultrapasse aos 2 graus centígrados, no ano de 2.100, temos que deixar no solo 2/3 dos recursos minerais fósseis que ainda existem: o carvão, o xisto, o petróleo e o gás-natural. E mesmo assim, o Brasil joga todas as fichas no pré-sal, no petróleo! Esse pessoal não lê jornal, não vê os relatórios da Organização Mundial da Saúde? Durante a campanha para a presidência, a Dilma me fala: ‘Eduardo, você não entende nada de energia. Energia solar é coisa de boutique, é perfumaria’. Meu Deus do céu, a energia solar, em todas as opções sustentáveis, é a mais revolucionária. A Alemanha está liderando nessas pesquisas. Os EUA, com o Barack Obama, têm investido pesado nisso. A energia solar será uma revolução semelhante à Revolução Industrial, em qualidade e quantidade, com uma diferença: será democratizadora. Hoje, a energia é coisa de capitalista muito grande. A energia solar é o futuro ambiental, o futuro tecnológico e é o futuro descentralizador e democratizador da energia. Qualquer camponês, qualquer pessoa da classe média e da classe empresarial poderá produzir energia solar; é a revolução energética, ambiental, econômica e democrática.
Pedaço da Vila: Como estabelecer um novo modelo de governança dentro da globalidade do poder econômico?
Eduardo Jorge: Meu entusiasmo está voltado para a experiência da ONU, porque precisamos caminhar para uma federação democrática mundial de nações, que irá controlar o poder dos maiores e permitir que os pequenos possam ter a sua cultura preservada. A Comunidade europeia é um ensaio de como pode ser uma federação democrática mundial de nações. Além de ter um planejamento mais amplo para seus países, ela também adota o princípio de subsidiariedade, algo proposto pela igreja católica no final do século XIX pelo Papa Leão XIII: reformas sociais para criar uma terceira via entre o capitalismo e o socialismo, ideia seguida depois por outros papas, como o João XXIII — o meu Papa preferido. E o que é a subsidiariedade? Tudo o que puder ser feito no local, deve ser feito no local. O povo do local deve administrar e buscar recursos e soluções próprias. Isso vale para o mundo todo e vale para a Vila Mariana. Gandhi dizia: “cada aldeia tem que procurar viver o mais autossuficiente possível, fazer intercâmbios com outras aldeias, mas tudo o que puder ser feito na aldeia, tem que ser feito na aldeia”.
Pedaço da Vila: Numa cidade como a de São Paulo, como isso se aplicaria?
Eduardo Jorge: Em São Paulo, que não é uma cidade, é um “país” com 11 milhões de habitantes, maior do que Portugal, Cuba e Suécia, é um absurdo a gente ter uma democracia representativa tão pobre: somente 55 vereadores encastelados na câmara. São Paulo deveria ter governos locais, com câmaras e representantes locais, com prefeitos regionais, eleitos pelas câmaras locais ou diretamente pela população. Assim, teríamos a sociedade civil ajudando e controlando o governo, elegendo pessoas para governar em Guaianases, em Parelheiros, na Vila Mariana. A vida política daria um salto extraordinário de democracia. Em vez de 55 vereadores, como temos hoje, seriam 40 administrações regionais, cada uma delas com 50 conselheiros eleitos —teríamos 2 mil representantes! A quantidade de novos líderes, donas de casa, jovens, comerciantes, aprendendo a governar a sua cidade seria algo extraordinário. Aí dizem: mas a cidade irá se desintegrar! Não! Esse é o pensamento da ditadura, que não permitia eleger prefeito e governador, pois dizia que o país iria se desintegrar. Pelo contrário, desta forma haveria mais coesão social. Esse é o pensamento da subsidiariedade para uma cidade como São Paulo; questões locais sendo administradas e geradas pela sociedade civil, pois o povo precisa ter responsabilidade sobre o que está fazendo. É preciso acreditar no povo e dividir o poder com ele. O povo precisa ajudar a governar, para não se tornar uma pessoa que fica acreditando num messias, num salvador da pátria. O povo reclama, mas na hora de votar não sabe, na hora de ajudar o seu país não é o primeiro da fila. É preciso escolher bem e saber o que também podemos fazer para ajudar a nossa cidade.
Pedaço da Vila: O senhor ajudou, em 2005, a implantar bicicletários nas estações de metrô e a pintar os primeiros metros de ciclovias na cidade. Essa tem sido uma das pautas ampliadas pelo prefeito Fernando Haddad. Como tem avaliado essa política na cidade?
Eduardo Jorge: Há uma mudança geral de paradigma que está felizmente chegando ao mundo. É muito importante que tenhamos começado isso aqui, em 2005. Mas antes disso já tinha militantes ciclistas que defendiam esse modelo desde o ano 2000, como a Renata Falzoni, Artur Alcorta, Thiago Benites, mas sem ninguém ouvi-los. Como Secretário do Verde e do Meio Ambiente, participei de várias reuniões na Europa e eu vi o que estava acontecendo na Dinamarca e na Holanda, que têm esse planejamento há 50 anos. Londres, por exemplo, cidade tão grande como a nossa, não fez planejamento de ciclovia, mas depois que acordou para o Desenvolvimento Sustentável, começou a apoiá-las. Precisamos olhar para Londres, que é uma cidade semelhante a São Paulo, de tamanho e importância, e que está se adaptando. Em 2005, quando fomos discutir isso dentro da Prefeitura com o prefeito José Serra, o secretário de Transportes e o presidente da CET disseram ao prefeito: ‘se você for ouvir essas maluquices do Eduardo Jorge, você será responsável por atrapalhar o trânsito. E se morrer gente, você será o culpado. A CET e a secretaria dos Transportes foram contra, não apoiram’. Fizemos as primeiras ciclovias, as ciclofaixas, o primeiro projeto de aluguel e acolhimento de bicicletas no metrô. Agora, esse governo novo resolveu aprofundar essa política de apoio a bicicleta e eu acho ótimo, apoio totalmente, pois é uma continuidade e tem dado frutos importantes. Essa ideia da ciclofaixa, lançada na cidade em 2010, é extraordinária, porque é uma educação para o trânsito. Empresários, pessoas de classe média, trabalhadores, que nunca pensaram em andar de bicicleta, começaram a andar com os filhos e os netos. Então, o sujeito que, durante a semana, estava dirigindo carros brutais, pois quando o sujeito entra no carro parece que vira ‘bicho’, começou, aos finais de semana, a se colocar no lugar do outro, do pedestre, do ciclista. A ciclovia e a ciclofaixa têm tido uma importância extraordinária nessa mudança de paradigma. Apoio totalmente as ciclovias, acho que elas têm que ter um planejamento e uma boa qualidade, é preciso conversar com as pessoas. Uma coisa importante que deve ser lembrada é que mesmo com ônibus limpo, bicicleta e metrô, continuaremos tendo sapatos. O andar vai continuar sendo o meio de transporte mais utilizado pela humanidade. E aqui em São Paulo, as calçadas estão um horror.
Pedaço da Vila: Quais são seus próximos passos na política?
Eduardo Jorge: Tenho a seguinte posição: as pessoas não devem ser políticos profissionais, nem revolucionários profissionais como Lênin exigia da gente. As pessoas precisam se equilibrar em três pilares para serem sensatas e prudentes: tem que ter profissão, para terem autonomia; tem que ter família — qualquer tipo de família — e tem que ter uma doação política para governar a sua cidade, seu país e o planeta. Mas tem que ser de modo equilibrado, pois o sujeito que faz somente uma coisa, acaba ficando manco. Eu procuro me equilibrar nesses três pilares. Não penso em candidatura, mas também não posso dizer que não aceitarei. Eu não dependo da política, eu tenho profissão. Então, se eu discordar de algo do PV, eu me posiciono e pronto, e sigo com a minha consciência. Se me propõem coisa errada, eu não faço. Mas para isso é muito importante você ter uma independência econômica para não ficar refém do partido.
Pedaço da Vila: E a Vila Mariana, como anda?
Eduardo Jorge: Eu sempre gostei muito da Vila Mariana. Esse é o melhor bairro de São Paulo, porque ele tem bastante transporte público, o que favorece a não usar transportes poluentes. Eu, por exemplo, não tenho carro, vou de bicicleta, ônibus, metrô e a pé. Aqui temos a possibilidade de comprar em mercadinhos, sem ficar obrigado a ir a esses gigantescos e desumanizadores centros de venda. Por outro aspecto, é um bairro que tem todo tipo de atividade cultural e comercial; tem convivência, pois ele mescla edifícios com residências, vilas, muitas associações. Na rua Joaquim Távora, por exemplo, existe uma associação japonesa que tem um curso de luta samurai. Isso é extraordinário, uma luta ancestral dos samurais aqui na Vila Mariana, com espadas… (risos).
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