Uma reflexão sobre o nível I do Transtorno do Espectro Autista – Síndrome de Asperger

A Síndrome de Asperger faz parte dos Transtornos do Neurodesenvolvimento, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V)- CID F84.5. Afeta a forma como os indivíduos percebem o mundo e interagem com outras pessoas.

Na atualidade o termo vem sendo substituído por Nível I do TEA (Transtorno do Espectro Autista), considerada a forma mais leve e suave do espectro do autismo.

É importante ressaltar que Autismo não é rótulo. Os avanços tecnológicos mudaram rapidamente e existe uma diversidade entre seus tipos, sem contar que, cada ser humano traz dentro de si as próprias peculiaridades de vida, um tipo de educação e possibilidades de tratamento.

O código genético de um indivíduo autista é absolutamente complexo. Encontram dificuldades com relação à comunicação social, reconhecimento facial, mas também e muito, a hipersensibilidade sensorial que, em muitos casos, pode ser debilitante e para outros mais moderada. Esse dado dificulta muito as atividades familiares ou mesmo de emprego. Na atualidade, existem funções nas quais essas pessoas desenvolvem seu trabalho monitoradas por tutores, que as ajudam em caso de necessidade.

Compreender como o pensamento funciona é decisivamente um passo importante para a família e para a criança/jovem ou mesmo adulto. A neuroimagem auxilia muito nesse aspecto através de ressonâncias magnéticas, que vêm melhorando pela qualidade e eficácia nos resultados. Além disso, não é fácil definir os marcadores para o TEA: geneticistas correm atrás de avanços quanto ao DNA e continuam a eclodir no mundo científico e acadêmico incontáveis pesquisas. A conceituada e reconhecida Mary Temple Grandin (psicóloga e zootecnista americana com autismo), com coautoria de Richard Panek, discorre em seu livro “O Cérebro Autista pensando através do espectro” (1a. Edição 2015 – Editora Record  – Rio de Janeiro RJ), os aspectos acima. Ali é enfatizado que apesar de toda evolução que já houve, os diagnósticos, por vezes, vêm da Psiquiatria para a Neurologia.

Os autores enfatizam que o uso medicamentoso, muitas vezes pode minimizar sintomas ansiosos, porém, não existe um padrão. Cada situação indicará o melhor para a adaptação social. Entretanto, os profissionais devem ter formação adequada e, especialmente no tocante às crianças, usar com parcimônia a indicação medicamentosa.

Hans Asperger (1906-1980), psiquiatra austríaco, foi o primeiro a descrever crianças inteligentes, com vocabulário acima da média, mas que apresentavam comportamentos comuns a pessoas com autismo, com dificuldades no relacionamento social e na habilidade de comunicação. Contudo, o conceito em termos de síndrome, só foi determinado em 1981. Até hoje se confundem com depressões, esquizofrenias, etc.

Embora alguns indivíduos possam se tornar grandes cientistas, compreender problemas complexos e/ou ter dons raros musicais, nem sempre é assim que as coisas sucedem. Não é incomum cidadãos que só se dão conta do que têm com 30, 40 anos.

Sugerimos a leitura do livro “Olhe nos meus olhos, rapaz” – Minha vida com a síndrome de Asperger – John Elder Robson (disponibilizado gratuitamente pela LeLivros.site). Em sua biografia, narra vivências fortes de violência doméstica, discriminações e preconceitos, até que se tornasse um alto executivo no ramo de jogos eletrônicos. Emocionante ver quantos estereótipos teve que enfrentar, como seu jeito robótico, desajeitado, expressões rígidas, quase sempre sem sorrir e sem conseguir entender o sofrimento alheio. Contudo, vivenciou grande sofrimento psíquico.

E se me perguntarem, como a Psicologia pode contribuir nesse aspecto? Segundo a Psicóloga Gabriela Silva Albuquerque (Terapeuta Cognitivo Comportamental), uma das melhores formas de se cuidar de pacientes com o Nível I do Espectro Transtorno Autista, é pela abordagem da Psicologia TCC (Terapia Cognitivo Comportamental), que trabalha por meio de identificação de padrões de comportamento, pensamento, hábitos e crenças. A terapeuta comenta que a TCC contribui para a flexibilização cognitiva dos pacientes, criando estratégias para aliviar a ansiedade.

Na nossa reflexão entendemos, também, que é importante a presença de familiares que possam se unir em Associações e espaços próprios, para conversar sobre seus filhos,  possibilitando, se possível, acesso a atividades artísticas e culturais. É fundamental que entendam as peculiaridades de cada um e suas potencialidades. A pessoa com deficiência, seja ela qual for, tem um espaço na família e na sociedade que nunca deve ser negligenciado. Entender e se colocar no lugar do outro, é primordial para que esse indivíduo se sinta aceito, embora ele não corresponda a um “padrão”.

Um diagnóstico preciso, psicoterapia, inclusão assertiva nas Escolas, bom acompanhamento médico e especializado são prerrogativas de qualquer cidadão e estão embasadas desde a Constituição Federal. Que os indivíduos se conscientizem, aceitem e possibilitem que tudo isso ocorra.

Mais uma vez nosso artigo chama para uma profunda reflexão. Pensem a respeito…

A decisão é nossa! Só nossa!

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