Fobias e Medos
Tenho medo profundo de baratas! Às vezes, nem sei se tenho só medo ou se tenho raiva, pois, se aparece alguma e não tem ninguém para matá-la, direciono muito, muito inseticida em cima delas. Acho que morrem pelo peso da espuma venenosa e não pelos efeitos do veneno em si! Ou dou vassouradas tão fortes, que matariam até um outro tipo bicho! Mas eu não deixo de ir a praias ou sítios pela possibilidade maior de encontrar uma delas nesses locais do que no meu apartamento.
No entanto, conheço pessoas que deixam de viajar para locais incríveis pelo medo de voar! Ou que evitam um emprego ou estudo por precisarem tomar um transporte público ou ficar em locais cheios de gente.
A diferença entre o que descrevi sobre mim e o que citei sobre alguns conhecidos está exatamente no fato de que, tem gente que “morre de medo” e tem gente que não consegue nem pensar em viver o medo, ficando imobilizada!
Eu morro de medo e mato a barata, se necessário. Minha amiga está desempregada há tempos, numa situação financeira bem grave, mesmo tendo surgido algumas oportunidades. Ela tem medo generalizado (de muita gente, de passar mal, de lugares fechados – metrô, por exemplo – dentre outros), misturado com a vergonha de ter esses medos e do medo de um deles surgir inadvertidamente ao longo de seu dia. Pouca gente sabe sobre o que ela sente.
O medo é uma reação saudável que propiciou a sobrevivência e o desenvolvimento da espécie humana. Por medo, não nos expusemos a predadores que, muito mais fortes e rápidos, nos aniquilariam. Por medo, não andamos em diversos locais à noite, não nos expomos a cães ferozes, não tocamos diretamente em insetos ou répteis. É saudável termos alguns medos.
Mas o que minha amiga tem é um medo intenso, que mexe com a vida e que representa um impeditivo para uma vida produtiva, funcional e completa nas relações sociais – é o que chamamos de Fobia. Elas prejudicam a qualidade de vida, podendo paralisar atividades indispensáveis e provocar sofrimento intenso.
É caracterizada por medo mórbido, uma aversão persistente a um objeto ou uma situação. As fobias são algo tão relevante e presente, que existe um Código de Identificação de Doenças para elas: CID 10 F40 – Transtornos fóbico-ansiosos.
Reparem que fobia está ligada à ansiedade. É, realmente, um tipo de perturbação que tem a ver com a possibilidade de encarar o objeto ou situação que a causa, não necessariamente à presença real da situação de fobia que desequilibra. Por exemplo: posso imaginar que, se eu chegar perto da janela de um andar muito alto, vou cair e me recusar a entrar/frequentar aquele ambiente; posso dar de cara com uma cobra numa propaganda de TV e manifestar sintomas da minha fobia; posso evitar uma viagem importante para meu emprego, pois entro em pânico só de pensar em entrar num avião.
Os medos que citei acima trazem elementos bem comuns de se temer. Mas, como reconhecer se tenho medo ou fobia? Existem alguns sintomas que, independentemente do tipo de fobia, aparecem de forma generalizada nesse tipo de transtorno e apontam para um possível diagnóstico: evitamento de pessoas, situações ou algo que traga o desconforto; sensação de pânico, terror ou tremor incontrolável; sintomas de ansiedade intensos; taquicardia, problemas para respirar, sudorese; incapacidade de controlar o medo, mesmo sabendo que não há um risco real; necessidade de fuga.
Claro que a presença real do objeto ou situação, torna a reação a elas ainda mais aterrorizante e efetiva, física e emocionalmente.
Já ficou claro que as fobias podem aparecer com diversas motivações. Vou listar as mais comuns: animais; situações específicas, como altura, andar de avião ou elevador, dirigir; feridas, injeções e sangue; atividades da natureza, como enchentes, terremotos e trovoadas; fobias sem uma classificação específica, que incluem desde o medo de ter uma doença, até o de ficar sozinho, do escuro ou de se casar.
As fobias conhecidas são:
- Fobia social: medo de exposição e de pessoas;
- Agorafobia: medo de multidões e espaços abertos;
- Aracnofobia: medo de aranhas;
- Claustrofobia: medo de locais fechados;
- Acrofobia: medo de altura;
- Glossofobia: medo de falar em público;
- Aerofobia: medo de andar de avião;
- Zoofobia: medo de animais;
- Tripofobia: medo de buracos;
- Nictofobia: medo da noite ou do escuro, dentre outras.
Pode-se associar como causas de fobias, a baixa autoestima; sentimento de inferioridade; depressão; questões relacionadas ao histórico e ambiente familiar; traumas de situações passadas, sejam sociais, pessoais ou momentâneas.
É comum fobias infantis desaparecerem com o tempo. Porém, as que surgem na adolescência e vida adulta tendem a ser persistentes e duradouras.
É muito importante colocar, no entanto, que fobias têm cura. Pelo menos a maior parte delas, dependendo da eficiência e comprometimento com o tratamento, e com a intensidade dos sintomas a serem trabalhados.
Um profissional de Psicologia pode ser procurado, pois a psicoterapia é, sem dúvida, o caminho mais indicado para lidar com as fobias. Existem técnicas específicas para o domínio deste transtorno.
Pode ou não haver um acompanhamento medicamentoso, dependendo da avaliação de um Psiquiatra – profissional, também fortemente indicado para esses casos, num trabalho conjunto com o Psicólogo/a.
É importante pedir ajuda, pois existem diversas complicações possíveis, que vão, como já comentei, interferir na vida de quem sofre com alguma fobia. Podemos citar algumas:
- Isolamento social: evitar pessoas e lugares, prejudicando a vida pessoal e profissional;
- Transtornos de ansiedade: o agravamento pode desencadear outras síndromes e até a depressão;
- Vícios: o desafio de conviver com uma fobia, pode acarretar em abuso de substâncias de relaxamento social, por exemplo, como álcool e drogas;
- Possibilidade de desenvolver pensamentos suicidas.
Por isso, é de extrema importância que um dos profissionais acima seja consultado aos primeiros sinais e sintomas, para que sejam evitadas maiores complicações.
E então? Do que você tem medo? Você “morre de medo” ou nem consegue pensar em viver o medo de algumas coisas/situações? Você tem medo de sentir o medo? Você perde oportunidades sociais, afetivas ou profissionais, devido a algum medo intenso e imobilizador?
Reflitam sobre essas questões. Estejam atentos a si mesmos e às pessoas queridas que os cercam. Peçam ou indiquem ajuda!
A decisão é nossa, só nossa!
Conquistah Consultoria Psicológica
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