E agora, crianças?
Notoriamente, não só adultos sofreram nesses dois anos de pandemia.
Os bebês nascidos a partir do final de 2019 tiveram contato somente com seus pais, irmãos e, eventualmente, com cuidadores (avós, babás etc.). Agora, em outro momento, estão fazendo adaptações às escolinhas. Por terem ficado muito protegidos, nem sempre essa adaptação é fácil, pois, por não terem tido contato com demais pessoas em variados ambientes, muitas vezes se mantêm com imunidade baixa, contraindo viroses e outras doenças oportunistas ao iniciarem essa adaptação.
Quando isso ocorre, os pais, ou quem os substitua, ficam literalmente “apavorados”, achando que seus pequenos foram infectados pelo Corona Vírus. Felizmente, na atualidade, os níveis de contaminação diminuíram, porém o sentimento que vem disso, de algum modo, é passado à criança e disseminado na família.
Crianças um pouco maiores também sofreram com a distância dos coleguinhas de escola, das brincadeiras que auxiliam – e muito – não só na socialização, como também no enfrentamento e aprendizado da vida.
A cada frustração vencida, aquele pequeno vai-se estruturando enquanto personalidade e vai-se formando um ente que poderá mudar o mundo para melhor – ou não – dependendo da educação e formação que recebe.
Porém, em muitos lares, pais amorosos puderam estar mais próximos de seus filhos, auxiliando nas atividades escolares, brincando mais com eles e, portanto, com uma grande oportunidade, não só de efetuar cuidados básicos, alimentá-los e banhá-los, mas também puderam abraçá-los mais, interagindo com maior troca de afeto.
Antes, muitos filhos ficavam o dia todo na escola e, ao chegarem em casa, estavam exauridos por n atividades. Do mesmo modo, os pais quase sempre trabalhavam longe de suas casas e, igualmente, chegavam sem energia para brincar com eles.
A modernidade impôs ao homem e, notoriamente, à mulher, múltiplas facetas. Além da dedicação ao trabalho remunerado, temos que ser “super-heroínas”, nos apresentarmos elegantes, maquiadas etc., sermos boas esposas e, às vezes, o papel de mãe fica delegado a terceiros, o que não é nada bom. Embora os pais atuais, em grande quantidade, sejam muito mais participativos, existem cuidados que ainda são do universo feminino e que não devem ser negligenciados.
Atendemos mães que, com bebês de apenas 3 meses, precocemente retomam as atividades laborais por necessidade. Como exigir das mesmas, uma boa amamentação? Que afaguem seus bebês no retorno do lar?
Outras voltam às suas atividades por preocupações estéticas e não abrem “mão” de academias, cabeleireiros etc. Nada contra quem se cuida, mas há momentos e momentos. E algumas fases da vida correm muito rápido…
A pandemia colocou muitos pais em home office (grande quantidade). Esses tiveram que se reestruturar para dar conta de casa, dos filhos e do trabalho. Tarefa nada fácil, mas muito incentivadora e desafiadora.
Em atendendo, percebemos que houve um empenho nessas famílias, para que as coisas dessem certo. Podemos assegurar que as crianças e alguns jovens se sentiram acolhidos e não isolados, pois finalmente tinham seus pais (ou quem os substitua) mais próximos.
Claro, que esse excesso de proteção também teve lá as suas repercussões: algumas crianças e jovens ficaram “com medo e insegurança” ao retornar às aulas presenciais. Mas isso não é comum a todos.
Conversei com uma mãe que disse que no início foi muito difícil. Várias escolas públicas tiveram dificuldades tecnológicas de ambas as partes – colégio e aluno – para as devidas adaptações. Contudo, muitos pais se solidarizaram em levar as lições presencialmente na escola. Ela foi uma dessas. Passados os entraves iniciais, as coisas começaram a tomar seu rumo e sua filha hoje está bem-adaptada. Só reclama dos alunos que não querem usar máscara, o que cria dissabores com os professores e demais alunos.
Uma adolescente deu o seguinte depoimento: “No Ensino Médio fiz o primeiro ano em escola pública e nos outros dois, fui chamada para outra escola muito conceituada, onde estudei os primeiros meses presencial e, por conta da pandemia, passou a ser on-line. Não tinha vontade de voltar presencialmente por não ter interagido de modo satisfatório nesse início e por ter vindo de outra escola… Hoje estou ingressando na faculdade … Estou querendo muito iniciar e dando muito valor à oportunidade que tenho e essa questão, então, vence minha insegurança e ansiedade…”. Vejam que o retorno efetivo, aproveitando e valorizando a oportunidade do ingresso na faculdade envolveu força de vontade, amadurecimento e superação.
Observamos, ainda, outro fenômeno: muitas crianças se acomodaram a ficar em casa recorrendo, com muita frequência, a videogames em TVs, tablets, celulares. Na escola, comumente, são impedidas de levar aparelhos, exceto para usos específicos e em horários predefinidos.
Lógico, que isso vem acarretando problemas para colégios e pais, que nem sempre conseguem estabelecer limites claros para esse uso. Lembremos, inclusive, que muitos desses pais passam o dia nas redes sociais, sem se darem conta de que são exemplos para seus filhos.
A tecnologia nos ajuda – e muito – contudo, é preciso equilíbrio em seu uso. Uma criança exposta às redes sociais sem controle, verá de tudo e não conseguirá, dependendo da idade, discernir o certo do errado. Educar, hoje, é bem mais complexo do que na época de nossos avós. Antigamente, as crianças almoçavam em casa, brincavam na rua, iam para escola por 4 horas, no máximo, tomavam bronca se chegassem sujas em seu lar e, quando muito, tinham uma televisão para assistir, com uma antena antiga, ajudada sempre pela famosa palha de aço, para que a imagem ficasse mais adequada. E éramos muito felizes com isso…
Na atualidade, nossos pequenos ficam presos a condomínios superprotegidos da violência – que é real. Chegam à adolescência sem sequer saberem atravessar uma rua, tomar metrô, sem falar sobre daqueles que nunca entraram num ônibus… É uma geração sob novos modelos, que pode criar príncipes e princesas, quase déspotas, caso os pais não tenham cuidado. A proximidade dos pais junto a seus filhos, nessa pandemia, de algum modo os ajudou a se conhecerem melhor. Por maior que tenham sido os revezes e tantas adaptações, ainda assim, os aprendizados fizeram crescer e amadurecer a família, como um todo.
Feliz daquele que soube tirar proveito de um momento nebuloso e cheio de expectativas, algumas nem tão boas, nesses últimos 24 meses. É verdade que muitas crianças e jovens ainda têm lá suas inseguranças; ainda assim, é válido, na atualidade, viverem de novo a experiência sempre rica, de estarem presencialmente com seus mestres e colegas. O medo andou rondando os lares nesses dois anos e isso repercutiu nos nossos pequenos que, sensíveis que são, puxaram para si, como uma esponjinha, esses males.
Mas, em contrapartida, temos a certeza de que existem recursos próprios em cada ser, que devem ser incentivados, não só na sala de aula, como dentro de casa. Pensemos na Pedagogia do Afeto, de Johann Heirinch Pestalozzi (1746-1827), famoso pensador suíço, que determinou uma mudança enorme na Pedagogia Moderna, pautada no amor e na natureza da criança. Sua Pedagogia influenciou vários educadores ao longo do tempo. Imaginemos que esses últimos tempos fizeram com que algumas casas se transformassem numa extensão da escola, cuja amorosidade fez toda diferença.
Baseado nisso, é tempo de fazer o caminho contrário, porém sem deixar de lado o sentimento que envolveu a todos e propiciar que os filhos se readaptem da melhor forma. Filhos, procurem entender seus pais! As transformações atuais deixaram as famílias predispostas a muitos outros problemas, além dos financeiros. Pais, conheçam de verdade seus filhos! Interajam, ganhem, sim, o seu sustento, estudem, se aprimorem, mas nunca deixem de lado, o maior bem que Deus lhes deixou, que são aqueles que perpetuarão sua família!
Entendam que, educar com amor é tarefa árdua em meio à complexidade da vida, mas é uma pequena missão que nos foi ofertada e não por acaso… Tirem dela o maior proveito que puderem e verão que a luta de uma boa educação, associada à escola, apesar de trabalhosa, tem um ganho infinitamente maior.
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