COMO VOCÊ SE SENTE EM RELAÇÃO AO SEU TRABALHO?

Nossa atuação em consultório sempre nos traz uma sinalização sobre como andam as coisas em diversos âmbitos. Foi com base em nossa experiência, que surgiram diversos assuntos abordados em nossos artigos. Foi assim com a depressão, com os medos, com a utilização da internet durante a pandemia, dentre tantos outros abordados pela Conquistah Consultoria Psicológica ao longo dos últimos dois anos e meio.

Neste momento, chamou-nos a atenção o aspecto “satisfação com o trabalho” justamente por causa de tantos casos de depressão, ansiedade, burnout, dentre outros transtornos que temos encontrado entre nossos pacientes. Decidimos realizar uma rápida enquete para sabermos como anda esse aspecto na vida das pessoas.

Por meio de um formulário eletrônico, pedimos identificação apenas de idade, gênero e nível de escolaridade. Passamos, então, a perguntar sobre a formação e a atuação profissional do momento, buscando saber, inclusive, se estavam relacionadas. Perguntamos, ainda, sobre planos e intenções de mudança de atividade. As respostas que obtivemos (50 pessoas, no total) nos trouxeram algumas informações interessantes, vindas de diferentes idades, gêneros, profissões e escolaridades. Vamos dar aqui, uma breve caracterização de nosso público respondente:

– 56% dos respondentes tinham 55 anos ou mais.

– Do total dos participantes, 74% eram mulheres.

– 80% do total é de graduados, com ou sem pós-graduações ou especializações.

Agora, vamos a algumas informações conseguidas:

– 60% do total atua dentro de suas formações originais, ainda que alguns, em nível técnico.

– 70% estão satisfeitos na área de atuação do momento.

Claro que a amostragem é pequena, mas a porcentagem de pessoas satisfeitas com suas atuações profissionais traz uma visão positiva sobre como está o mundo do trabalho atualmente. E mostra, também, que precisaríamos de muito mais perguntas para atingirmos uma visão mais real sobre o assunto. Porém, nada impede que pensemos um pouco sobre os resultados conseguidos até o momento, antes de formularmos as perguntas complementares…

Vejam: 60% da amostragem coloca que tem planos de mudar de área, apesar de 60% destes, afirmarem que estão satisfeitos com sua atuação do momento. A porcentagem de pessoas que declaram intenção de mudança de área profissional sobe à medida em que aumenta a faixa etária. Partimos de 6,7% na faixa de 28 a 32 anos e chegamos, de forma crescente, a 46,7 na faixa de 55 anos e mais. Interessante…

Continuemos: apenas 30% dos respondentes se colocam como insatisfeitos com sua atuação profissional do momento. A maioria delas têm mais de 46 anos e afirma que planeja mudar.

Pudemos registrar, também, que, mesmo dentre os que afirmam estar satisfeitos com sua atuação do momento, 50% admite que planeja mudar de atividade.

Assim, chegamos ao resultado de que, satisfeitos ou não, os respondentes de mais de 46 anos, com ênfase nos de 55 anos ou mais, mostram disponibilidade e disposição de realizar essa mudança, uma vez que perguntamos sobre o desejo de mudar e sobre os planos para tal. A grande maioria deu respostas iguais para as duas perguntas.

Tivemos também, respostas “talvez”, indicando que alguns respondentes mudariam, se houvesse oportunidade.

Tudo isso pode indicar perspectiva de futuro, busca de melhoria, presença de esperança no olhar dos respondentes, mesmo dos mais experientes.

Não buscamos nesta enquete, os motivos que definem a insatisfação dos 30% da amostragem que se colocaram nesse status. Mas, com base em nossa experiência de consultório, registramos inúmeros fatores do mundo corporativo (o ambiente/clima de trabalho, o tipo de liderança com as quais têm de lidar, o excesso de pressão e/ou competitividade, a falta de valorização de diversas formas, a decepção com o tipo de atuação desempenhada, dentre outros), como situações que definem a insatisfação no cotidiano profissional das pessoas, podendo levá-las a um estado de profundo sofrimento emocional que, muitas vezes, as levam a não se sentirem em condições de mudar e/ou não verem perspectiva real disso acontecer. Mas não chegamos a perguntar algo nesse sentido nesta enquete. Apenas temos indicações em nossa experiência clínica, de que esses são fatores que fazem as pessoas desejarem mudanças, mas não as planejarem efetivamente. A maioria delas chega ao consultório com os transtornos citados no início deste artigo.

Fizemos também uma pergunta em relação ao trabalho voluntário e pudemos registrar que mais de 50% do total dos respondentes realiza algum trabalho desse tipo. Das pessoas satisfeitas com seu trabalho atual, 57% realizam algum voluntariado.

Chamou nossa atenção o resultado alto em relação a esse item. Mas não conseguimos construir uma afirmativa a respeito com as poucas informações obtidas nessa direção. Será que pessoas que realizam trabalhos humanitários são potencialmente mais felizes no trabalho profissional? Ou, pessoas satisfeitas com sua atuação profissional são mais dispostas à realização de um voluntariado?

Como já falamos, os resultados da enquete nos trazem algumas informações e muitas perguntas. Mas não podemos negar que há uma correlação entre a boa satisfação com o trabalho e a atuação altruísta. Existem diversos estudos que comprovam essa ligação e, com base neles, podemos afirmar que: representam oportunidade de aprendizado sobre assuntos que não estão no cotidiano; se o trabalho for na própria área de formação, aprendizado e especialização; aumento do networking e conquista de emprego; desenvolvimento de ideias inovadoras; aumento do bem-estar; baixa no tédio da rotina; aprendizado ou aprimoramento da empatia. Enfim, são muitos os ganhos em um voluntariado.

Outro fato que não podemos negar é que existe otimismo e esperança de melhoria entre o público da maturidade. Talvez tenhamos, aqui, o registro do desejo de conquistar mais e viver melhor, com perspectivas e planejamento, mesmo para aqueles a quem o mercado de trabalho não se mantém tão amigável. Há otimismo e esperança, ainda que estajamos vivendo um contexto mundial desafiador!

Com base nisso, será que podemos estender essa visão de futuro favorável aos mais novos?

Sem dúvida, os ambientes corporativos são desafiadores e, se não houver um alinhamento entre os desejos, os valores, as competências e habilidades de quem faz, com o local onde trabalha, em qualquer idade haverá infelicidade.

Por isso, recomendamos, sempre, a busca por uma boa orientação profissional e pelo autoconhecimento, qualquer que seja idade. Autoconsciência, inteligência emocional, conhecimento das profissões, do mercado, de todo o contexto do mundo laboral pode, desde a adolescência prestes a adentrar uma formação profissional ou mesmo na maturidade, direcionar esse caminho tão relevante na vida de todas as pessoas.

Podemos nos dar oportunidades de planejar e realizar mudanças. Podemos estimular nossos jovens a buscarem com clareza seus caminhos, passando a eles, também, a possibilidade de mudanças e transformações.

O importante é mantermos a perspectiva que nosso público respondente nos mostrou: mudarmos, se necessário; planejarmos, mantendo boa visão de futuro; atuarmos com satisfação e realização.

A escolha é nossa! Será sempre nossa!!


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