Organizando os Pensamentos
Queridos amigos do Pedaço, não sei se vocês já passaram por isso, então gostaria de fazer algumas perguntinhas: quando as pessoas falam em “descansar a cabeça”, vocês sabem o que significa? Por acaso, quando estão no trabalho e têm que resolver um monte de coisas, mas o pensamento não tem um foco? E no fim do dia saem com a sensação de que não fizeram nada direito? Ou que poderiam ter feito um pouco melhor? Ou ainda, quando estão em casa com os deveres domésticos urgindo, mas, ao mesmo tempo, cansados, procrastinam nas redes sociais tendo um prazer tão pequeno e efêmero que, depois, bate aquele mal-estar pelo tempo perdido?
Pois é … todas essas perguntas faço a mim mesmo, de tempos em tempos, e tenho plena consciência de que se trata de um inconformismo diante da velocidade da vida. Uma postura de desequilíbrio em frente ao próprio tempo. Aquela velha dificuldade de situar a cabeça apenas em um momento. E mais, tenho um agravante implacável: adoro a estética vintage. A beleza contida nas representações de outras épocas, especialmente em cartas e manuscritos antigos. Olhem que estrago: o pensamento dividido entre os deveres velozes e urgentes da vida e um pedacinho do coração olhando e apreciando o passado.
E o que para mim parecia inconciliável, acabou se tornando um remédio. Como sempre gostei da caligrafia antiga, dos textos e daquele visual “antigo”, comecei a tentar reproduzir aquilo: imitar as letras, usar canetas antigas, copiar formas.
Num primeiro momento funcionou como um passatempo — um relaxante passatempo. Mas, eis que na intenção de imitar, acabei por me encantar com as palavras. E dentre as mais encantadoras, vieram essas de Cervantes: “A caneta é a língua da alma”.
A frase é tão sedutora que me tornei refém voluntário dela e paradoxalmente é ela que me ajuda na sensação de liberdade. Se eu pudesse dar uma resposta para as perguntas que fiz no primeiro parágrafo, hoje viria num tom imperativo: escrevam!! Comecem com diários, bullet journals, planners ou simples pensamentos esparsos ao longo do dia. Ancorem os pensamentos num papel. Deem continuidade às ideias. Ressuscitem a escrita cursiva. Deixem a alma falar!!!
Naqueles minutinhos do começo, nos sentindo ridículos diante de uma folha em branco, vamos reencontrando a criatura que deixamos para trás…
Um grande abraço e até a próxima.