No Natal, compre com consciência
Sobre consumo consciente, muitos de vocês já ouviram falar. Mas e sobre a síndrome do grande magazine? É aquele impulso incontrolável de comprar aquilo de que você não precisa, por um preço não tão baixo assim, porém parcelado em zilhões de vezes e que vai deixar sua casa entulhada de coisas de que quase nunca precisa.
Você pode estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com ecologia, já que quem vos escreve é nucleadora de ecologia. Tudo! Afinal, mais consumo implica maior demanda por recursos naturais, maior geração de resíduos, maior consumo de água e energia, maior emissão de gases de efeito estufa, mais aquecimento global, e por aí vai.
As facilidades na compra e forma de pagamento acabam gerando desperdício. No caso de móveis, por exemplo, muitos não têm qualidade e com pouco tempo de uso se transformam em descartáveis – o número de sofás encontrados no lixo e em córregos é prova do problema. Outro exemplo é a parcela da compra de um eletrodoméstico novo, que costuma ser mais barata do que pagar o conserto do antigo – mesmo sabendo que as peças do antigo são mais resistentes!
A cada dia surge um novo produto que, dizem os marketeiros, você não pode viver sem! E isso nos faz pensar: a mercadoria me pertence ou eu pertenço à mercadoria? Até pouco tempo, o grande impacto ambiental poderia ser atribuído à minoria da população com maior poder aquisitivo – pois sabemos que o consumo acima do que o planeta pode dispor tem como conseqüência o aumento da pobreza. Isso lhe parece ético?
Com essa síndrome, a coisa está tomando outro formato, pois com a grande facilidade de crédito (e de endividamento) todos nós somos tentados a acessar esse ideal globalizado de consumo. Então, vamos a alguns dados concretos:
Mesmo havendo reciclagem de muitos materiais, acreditem, a maioria dos descartes vai para os aterros ou lixões, sem falar que a decomposição pode levar centenas de anos. Mesmo quando chegam à reciclagem, é preciso considerar o consumo de água e energia envolvido no processo. Por isso, a grande sacada é continuar usando o que já temos e, quando necessário, comprar produtos de qualidade para que durem muito tempo.
Então, cabe a cada um de nós repensar os nossos conceitos, as nossas escolhas e, quem sabe, buscar um estilo de vida em que o necessário não se confunda com o desejável, onde o ser é mais importante que o ter e o simples não é sinônimo de desconforto. Viva uma vida simples, dinâmica e criativa! E lembre-se: o melhor materialista é aquele que aproveita intensamente o pouco que consome.
Denise Mazeto – Nucleadora de Ecologia do Projeto Ecobairro