Abençoadas mãos!

São 27 ossos, 19 músculos, diversos vasos, nervos e cartilagem formando uma das estruturas mais simbólicas de nossa condição humana. Fortes, delicadas, operosas, prazerosas, calejadas… Não importa. Através delas exprimimos nossos universos interiores em forma de gestos e nos identificamos como seres dotados de uma coordenação motora produtiva e complexa.

Ainda me pego olhando com certo deslumbre para minhas mãos. A combinação de sensibilidade e força contidas num toque é algo divino. Para cada ocasião essa combinação adquire tons diferentes, e sempre é carregada de emoção. Marcam as etapas de nosso desenvolvimento proporcionalmente ao domínio que conquistamos com seus movimentos (dizem as más línguas que a última etapa é quando colocamos uma argolinha no quarto dedo da mão esquerda — ou seja: é praticamente o fim).

As mãos do médico examinam. As mãos da professora ensinam. As mãos do pedreiro constroem, as mãos do religioso abençoam, as mãos das mães acariciam, e a dos artistas encantam… E as mãos do massagista? Bom, dizem as más línguas também que nossas mãos judiam… mas, é mentira. Procuramos fazer a massagem sem dor para o paciente… O problema é que se não doer um pouquinho, não tem graça (rs). E não posso deixar de citar um excelente massoterapeuta que conheci há alguns anos que não tinha as duas mãos. Ele fazia massagem com os pés e cotovelos… coisa de Deus mesmo.

Só não da para aceitar, em pleno ano de 2016, que se usem as mãos para bater, socar e ferir. Num mês em que discutimos e refletimos muito sobre o machismo, e tivemos centenas de casos de violência contra a mulher, estendo minhas mãos numa súplica por aprendizado e por renovação em minha própria forma de encarar esses vícios mentais. Que possamos caminhar de mãos dadas, com cooperação e discernimento…  GASSHO

Jean Massumi é massoterapeuta

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