Quando nasci, em 1917, as ruas eram todas de terra e o movimento era o das charretes, carroças e dos caminhões que faziam o trajeto para buscar e levar as carnes que saíam do Matadouro Municipal. As ruas mais importantes eram a França Pinto – coronel e atuante político da cidade de São Paulo -, e a rua Joaquim Távora, que ainda era rua Fonte Junior do PRP, mas que depois da Revolução de 1924, mudou de nome a mando de Getúlio Vargas em homenagem ao capitão e soldado considerado a alma da Revolução. A Conselheiro Rodrigues Alves, nome do deputado provincial e geral, presidente de São Paulo e presidente da República de 1902 a 1906, era a rua dos casarões e caminho para o comércio e para a linha dos bondes que ficava na rua Domingos de Morais – nome do engenheiro e presidente da Companhia de bondes de São Paulo, além de político do Partido Republicano e um dos promotores do Manifesto contra o Marechal Deodoro da Fonseca, em 1891. Essas foram as primeiras ruas a serem calçadas.

Meu avô morava na rua Humberto I – rei da Itália de 1878 a 1900. Foi lá que eu nasci. Na frente tinha um lampião a gás, onde à noite minha mãe colocava um banquinho embaixo para fazer crochê. As ruas tinham iluminação, eram canalizadas e as casas tinham grandes quintais, onde as pessoas criavam porco, galinha e até cabritos!