Melhorias no Parque

Extensão do quintal de nossas casas, o Parque Ibirapuera vai receber uma série de melhorias e mudanças na infra-estrutura até os festejos de sua bodas de ouro em agosto de 2004, data de aniversário dos 450 anos da cidade. A instalação do canteiro de obras faz parte da execução do novo Plano Diretor do parque, que – elaborado pela Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente – tem como propósito resgatar seu desenho paisagístico original concebido pelo arquiteto Oscar Niemeyer.

Os trabalhos já começam a partir desse mês, com a construção de um Auditório de 7.500m² e 921 lugares. As outras novidades previstas são a demolição dos sanitários, tratamento do complexo esportivo, construção de lanchonetes, remoção de ruas e calçadas asfaltadas, transferências de prédios (inclusive da praça da Paz junto à Oca, com implantação de palco definitivo), e extinção dos bolsões de estacionamento em função de projeto de garagem subterrânea sob o Obelisco em parceria com iniciativa privada.

“A idéia é melhorar a qualidade do parque, o que inclui substituir áreas impermeabilizadas por áreas verdes”, informa o diretor responsável Renier Marques. Com isso, o paulistano irá ganhar mais 192.500m² de gramado e vegetação. Os lagos, já em processo de despoluição, dividirão o Parque em duas partes: uma voltada às atividades artísticas, e outra dedicada ao lazer ativo e contemplativo. A marquise também passará por profundas reformas e o usuário ganhará quatro unidades de apoio que abrigarão fraldário e enfermaria. A região do Ibirapuera (em tupi-guarani, Ybi-ra-ouêra significa “pau podre”, “árvore velha, apodrecida”), no início da colonização, era um aldeamento indígena que compreendia vasta extensão de terra, incluindo o bairro de Santo Amaro. Com o maior povoamento, a planície serviu de pasto para a boiada rumo ao Matadouro Municipal. A implantação do Parque tomou partida com o prefeito Pires do Rio, em 1930, quando destinou a Manequinho Lopes aproximadamente dois milhões de metros quadrados de terras para a criação de um viveiro público. Aos poucos, a área restante do parque foi recebendo plantas de diversas espécies, tanto nativas como exóticas. Apenas em 1951 o lugar foi legalmente abraçado e empreendido como presente ao quarto centenário da capital (1954). Planejou-se um conceito urbanístico para transformar o espaço num grande centro de lazer e cultura, mas com o tempo parte desse projeto se perdeu.

Atualmente, os 13 portões existentes demarcam o entorno da área de gradil equivalente a 12 estádios do Maracanã, ou 1.100.000 m². Ainda fazem parte das dimensões do Ibirapuera o estacionamento do Detran, Obelisco, Monumento das Bandeiras, pista de aeromodelismo, algumas praças externas e o recente Complexo do Cebolinha. Estruturas como a Bienal, Museu de Arte Moderna, Pinacoteca, Pavilhão Japonês, Oca, Planetário e Escola de Astro-Física formam o pólo do entretenimento cultural. Os dois últimos, porém, estão com as visitas e cursos em recesso por conta de problemas graves nas edificações “A abóboda do planetário está cheia de cupins e a estrutura, com sérios problemas de infiltração”, conta Renier.

Para facilitar a vida dos amantes do parque, como o publicitário Mauricio Alves, a prefeitura ampliou seu horário de funcionamento que agora vai das 5h até às 24h. “É um programa de lazer completo, dá para fazer exercícios, respirar ar fresco, e desfrutar bons eventos”, diz ele, que vive desde a infância no pedaço. A fim de melhorar a segurança, foram distribuídos, nos pontos mais movimentados, 51 postes de luz a vapor de sódio – lâmpadas amarelas com até 50% mais luminosidade que os modelos brancos. O efetivo da patrulha aumentou de 116 para 166 guardas civis metropolitanos, e houve reforço na linha de comunicação com 80 rádios transmissores mais aumento da frota em dez novas motocicletas e duas viaturas. Mas o parque Ibirapuera é bem mais do que imaginamos: sua vasta flora é formada por 140 espécies – predominantemente brasileiras – e 1,6 milhões de mudas produzidas anualmente.

A Escola de Jardinagem e Paisagismo se encarrega em divulgar e explanar o meio verde. Aliás, um meio em que é perceptível a presença de uma rica fauna que utiliza o ambiente como abrigo e alimento. A Unidade Veterinária do parque, que faz acompanhamento biológico dos animais silvestres, já registrou 136 espécies. E para ampliar tamanha diversidade em plena área urbana, o diretor Renier Marques lançou uma sugestão como munícipe:“Existe uma alça que vai para a av. IV Centenário, entre duas praças cercadas que pertencem ao parque (rua Maria Helena M. Saad). Se esse acesso for eliminado, o parque e a cidade de São Paulo ganharão mais de 40 mil m². “É área verde, precisamos retomar isso na cidade”, entusiasma-se.