Queridos amigos do Pedaço,vocês já notaram como as pessoas se levam a sério demais? Nós inclusive? Isso mesmo: eu e você! Já repararam que há horas em que manter uma posição ou um ponto de vista, insistindo em determinados argumentos, torna-se mais ridículo e engraçado do que a própria risada de si mesmo? Por que será que em determinados momentos não damos nosso braço a torcer para o humor e encaramos a graça existente na afabilidade? Desconfio de que seja herança daquele velho companheiro que nos faz crer sermos mais importantes que de fato somos: o orgulho!!!

Outro dia estava na Morgado de Mateus e um sujeito bem vestido, de terno, deu uma tropeçada na calçada e foi “catando cavaco” quase uns 10 metros. Era visível que ele tinha torcido o tornozelo. Saiu andando como se nada tivesse acontecido. Mancando, mas altivo. Eu estava morrendo de vontade de rir. Mas fui ver se estava tudo bem com ele. Perguntei: “O senhor se machucou?” Ele disse: “Tá doendo mais no meu ego…” Olhou para mim e caímos na risada!!!

No mesmo dia, atendendo em domicílio, a paciente me chamou na sacada para contemplar a vista do 20º andar. Eu disse: “Não, está ventando muito… posso ficar resfriado…” 

Ela insistiu: “Imagina, Massumi, nem está tão frio hoje.” Eu ainda argumentei: “Não, melhor fechar esse vidro, que o gato pode sair e pular…”

“Mas o gato está dormindo lá dentro!”,  chamou minha atenção a paciente. Aí, lembrei-me do homem de terno e da sinceridade dele e resolvi experimentar: “Sabe o que é? Eu morro de medo de altura e não consigo dar um passo na direção da sacada.”

“Ave Maria, Massumi, um homem desse tamanho com medo de altura?” (notem a crueldade da paciente). “Mas é justamente por causa disso que eu sei o quanto dói cair de um lugar alto….”, e entramos os dois na gargalhada. Foi assim que entendi como o humor pode se tornar uma prazerosa ferramenta de conhecimento interior.

Que tenhamos sempre um sorriso para NOS oferecer, mesmo nas horas difíceis….